quarta-feira, 24 de junho de 2009

Uma desgraça nunca vem só

Ainda não tinha contado, pois não?

Há quem diga que estas coisas vêm em grupos. Até parece que em grupos de três. Nunca liguei, sou a antítese da superstição. Ou talvez fosse, já não sei bem... Lembremos Cervantes e a básica sabedoria de Sancho Pança: Pero que las hay...

Ia-me desgraçando na passada quarta-feira. A caminho do veterinário com Agripininha, um calor medonho, falham-me os travões — o de mão também, tenho bons reflexos, mas de nada me serviram. Ao ter a certeza (em cagagésimos de segundo) de que ia desfazer-me contra o carro parado à minha frente (era a descer, o coiso ganhou velocidade, estudassem Física, logo percebiam), tive a noção clara de que aquilo ia ser mau. Foi. Foi mesmo muito mau. O meu carro foi para o galheiro. O meu carro embateu (numa descida...) com um outro, que ainda foi chocar com o seguinte. A caixa torácica ainda me dói como os diabos do embate contra o volante, passada hoje uma semana.

Devo dizer que, numa espécie de teoria de Pangloss, correu tudo pelo melhor, no melhor dos mundos (Google it!, é Voltaire, mais não digo). A polícia apareceu acto contínuo, e maravilhou-se com o nosso cordial resolver da situação. Melhor dizendo... as duas pessoas que prejudiquei seriamente com uma falha mecânica foram encantadoras de compreensão.

A senhora da frente, já nada nova, de carro alugado, casada com um americano e a viver na cidade do México, ainda por cima tinha uma hérnia discal. Não se magoou, graças a Deus, mas não ganhou para o susto. Telefonou-me na véspera de voltar a casa, a querer saber notícias de Agri, se estava melhorzinha. Ficámos de ir tomar chá quando voltar a Portugal, em Outubro.

Sim, porque uma vez assegurada de que toda a gente estava bem, a minha grande preocupação era Agri, dentro do carro com o calor que estava, assustadíssima e doente. E o reboque e o táxi da seguradora nunca mais chegavam, que era hora de ponta e estávamos na 2.ª Circular... O senhor do primeiro carro, que ainda foi projectado uns metros, mas que pouco sofreu além de ter ficado com a mala empenada, insistia que eu levasse o carro dele para o veterinário, ele ficava a resolver o assunto do reboque. Um dos polícias lembrou-se de que eu teria de assinar os papéis, e ali continuámos aquilo que me pareceu uma eternidade.

Finalmente, reboque e táxi chegaram ao mesmo tempo. O senhor ficou mesmo a resolver tudo (abençoado seja, tamanha era a minha angústia com Agri!) e foi ter comigo mais tarde à clínica, insistindo em levar-nos depois a casa. Ainda me convidou para jantar, imaginem! — se calhar ainda vou estando mais gira do que penso. Agradeci muito, mas recusei, com a desculpa mais do que plausível de que não podia nem queria deixar Agripininha sozinha.

O senhor, admito, até era bastante satisfatório. Até era muito a atirar para o apetecível. Tinha bom ar, apesar de me ter parecido que rondava o fim dos 30, princípio dos 40, e eu gostar de homens mais velhos. Só que (providencialmente!), antes de ter formulado o convite, a subir a Av. das Forças Armadas, o senhor atendeu um telefonema. Eu não podia estar mais desinteressada, mas ouvi uma pergunta dele à pessoa do outro lado, que nem sonho quem pudesse ser. " E fosteS lá?"

É uma limitação minha, confesso. Penitencio-me, flagelem-me se quiserem, atirem-me ao lago com um peso amarrado aos pés, se vos aprouver. Mas eu recuso-me a conhecer melhor alguém que diga FOSTES. Com essa mera forma verbal já conheci o suficiente. Desejo-lhe todas as felicidades do mundo. Mas longe de mim.

9 comentários:

  1. :s Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe. Uns tempos na mó de baixo, outros na de cima!

    (Eu sou mais apologista da touquinha de chumbo, mas não em si!)

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  2. Diz-me que esta não é uma fotografia do teu carro!

    Espero que estejam melhor. Beijos às duas

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  3. Eu levei com a tábua de engomar na mona, o Vitor levou com a garrafa de azeite no pé e espalhou-se nas escadas do prédio. Marcamos uma ida à bruxa?
    Beijinhos e melhoras para as duas

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  4. 2009 parece que entrou torto aí para esses lados. Paciência, é aguentar: já só faltam seis meses acabar. E a cada dia que passa, falta menos!
    (para tábua de salvação é fraquinho, eu sei - mas não consegui arranjar nada melhor)

    Agora, ó Teresa, só cá entre nós: um homem que parece um anjo, aliás, ele parece uma nuvem inteira de querubins e afins, e vai de vela por causa de um "fostes"? Ele se calhar estava a falar de várias pessoas - "e vós fostes lá?" era o que ele perguntou.

    Ponho-me a pensar o que é que faz com que eu desista à partida de outra pessoas. Falar com desvios da norma não é, de certeza. Talvez mau cheiro? Gente complexada, que se cola a nós de forma viscosa? É mais por aí.

    E afinal: porque é que a Agripininha ficou doente? Ando há semanas a tentar perceber como é que um gato fica com ataques de falta de ar.

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  5. Confesso-te que tenho andado meio angustiada de aqui vir espreitar, com receio de novidades menos boas de Agri. 'Folgo' em saber que afinal 'só' tiveste um acidente que te desfez o carro e te pôs os nervos em franja...
    Bolas, moça, isso não anda fácil, de facto.
    Salve-se o teu bom humor, no meio desta coisa horrível.

    Beijos
    PS: E não há mesmo como ultrapassar o 'lapsus linguae' do senhor? 'Tadito, pá! Olha que o Altíssimo qualquer dia diz-te:
    'Há-des' cá vir!' :)

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  6. E por causa dessa minhoquice bais perder a oportunidade de conhecere o príncipe quiçá encantado??

    picuinhas!!

    enxofre

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  7. ahahahaha. A mim tb acabava-me o encanto DJÁ...

    Renata

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  8. Bem, que grande susto! Felizmente foi só um susto, e um carro em más condições, maas antes o carro, não é?

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