sexta-feira, 26 de junho de 2009

Entrada da semana, por Luna

É um dos meus blogues de eleição, e não só por ser um dos primeiros que comecei a acompanhar, que boa parte desses perdeu-se pelo caminho, uns de morte natural, outros porque foram ficando cada vez menos cativantes (como este meu, que não interessa nem ao Menino Jesus). Na altura em que o descobri, o Crónicas das Horas Perdidas ia em quase dois anos de existência intensa e de muita, muita escrita, e escrita de grande qualidade. Viria a devorá-lo inteiro, metodicamente, mês após mês, entrada a entrada. Não era bisbilhotice, era meramente interesse por esta pessoa singular, tão próxima de mim às vezes, tão distante noutras, mas que dizia coisas que me interessavam, que mexiam comigo. Uma miúda, quase vinte anos mais nova do que eu. Numa simbiose que desde o princípio me cheirou a verdade (porque há blogues em que farejo com instinto infalível a imposturice), escrevia de jacto. Reflectia sobre as coisas à sua volta, sobre si (sempre com notável contenção, como gosto)... e logo a seguir era humana e tinha embirrações (Scarlett Who?).

Não vou fazer o desnecessário panegírico da Luna, que o blogue dela está entre os cem mais lidos, diariamente — grande mérito, para um cantinho tão intimista. Destaco apenas esta entrada, com a qual me identifico por inteiro. Eu podia ter escrito isto, os nomes teriam sido provavelmente outros (cada vez vou tendo menos tempo para a blogosfera, não conheço, mea culpa, boa parte dos que ela cita e que são, seguramente, a visitar) :

As minhas bloggers

«Gosto mais de blogues femininos do que masculinos, e, neste mundo virtual, a maioria das pessoas por quem nutro uma admiração especial são mulheres. Ao contrário dos homens, salvo raras mas notáveis excepções, que geralmente escrevem por exibicionismo intelectual e pelo reconhecimento público do seu brilhantismo, sem nunca entrarem muito no campo do pessoal, as mulheres escrevem sobre elas, dão-se, mostram-se, abrindo-nos o seu mundo e vivências numa enorme generosidade. Mostram-nos o que são, e não a projecção do que gostariam de ser. E isso aproxima-nos delas, na sua humanidade e imperfeição, e acabamos por gostar da pessoa por trás do blogue, e não apenas do que escreve enquanto blogger. E de entre tantas, há as que me marcaram especialmente e que continuo a ler religiosamente, quase como se fosse a primeira vez.

Tal quanto a amizades na vida real, sou conservadora relativamente às predilecções nas leituras, e os blogues que sigo são na maioria os mesmos que sigo há anos. Costumo dizer, em tom de brincadeira, que demoro cerca de dois anos a tornar-me amiga de alguém - com excepção do estrangeiro, que o exílio aguça a carência de proximidade -, embora depois seja para sempre. O mesmo se passa com os blogues, raramente me deixando entusiasmar por novidades excitantes, que tantas vezes acabam ao fim de poucas semanas.

Um blogue só ganha realmente alma com a constância e alguma maturidade. É fácil criar um num momento de inspiração, já mantê-lo requer dedicação, coisa que reconheço e a que dou valor. Não que eu seja constante, que não sou, mas já se sabe, bem prega Frei Tomás, faz o que ele diz, não faças o que ele faz. Acho que sou assim uma espécie de blogger bipolar, que tanto passa por períodos de seca sem nada que postar como depois não consegue parar. Felizmente os dois vão alternando com regularidade q.b., suficiente para não deixar o blogue morrer.

Quando comecei a escrever, há coisa de quatro anos e meio, fi-lo mais ou menos por imitação da minha amiga Raspa, que tem um blogue lindíssimo, delicado, de uma sensibilidade tocante e enorme subtileza, onde se tem de entrar em biquinhos de pés, com cuidado para não partir, como se se tratasse de uma caixinha de porcelana. Foi por causa dela que me aventurei a criar o meu, e dei os primeiros passos na escrita.

Por essa altura, algumas mulheres marcavam já a blogosfera com a sua escrita, personalidade e irreverência, sendo os seus blogues os primeiros que li e segui, amores à primeira vista, as minhas primeiras paixões, salvo seja. São a Charlotte, a Vieira e a Rititi, todas diferentes, com estilos inconfundíveis, e que, goste-se ou não, deixam uma marca indelével na blogosfera lusa. Depois vieram outras, que fui descobrindo com agrado ao longo do tempo e que continuo a ler. Lembro o assombro que foi descobrir a Ana de Amsterdam ou a Menina Limão, dona do blog mais bonito da blogosfera. Ou a elegância da Laura, a sobriedade da Sara, o charme tropical da Mónica. Como foi rir-me com as aventuras da Pipoca e da adorável Kitty Fane, ou com a recém descoberta Dra. Muxy-Muxy. E como foi um prazer conhecer pessoalmente a Carlota, a Sinapse, a Dinada e a Teresa. E depois, claro, há os blogues das minhas amigas, mas essas não precisam de um para que lhes guarde um imenso carinho.»

6 comentários:

  1. Nem sei o que diga, Teresa, sinto-me honrada. Mas não mereço isso tudo, acredita.

    Beijinhos

    ResponderEliminar
  2. A modéstia fica-te bem. Mas eu é que sei. E, de caminho, muito mais gente... :)

    Grande beijinho.

    ResponderEliminar
  3. Van Dog,
    E quem não ficaria? :)
    Obrigada pelo testemunho, para lhe limpar inseguranças, que o blóguio é mesmo bom! :)

    ResponderEliminar