sábado, 14 de março de 2009

O autógrafo do artista

No princípio de Maio de 1990, a mulher do Luís P., assistente do realizador da RTP que ia fazer a cobertura do concurso de Miss Portugal, convidou-nos para assistir. Éramos seis: o Vítor e a então mulher, a Ana, o Luís Miguel, irmão dela, o Manel Zé, o Luís (claro) e eu.

Era o género de acontecimento que não nos despertava qualquer interesse, mas com jantarinho à borla (que o público pagava por bom preço) e com a perspectiva de rir bastante, aderimos entusiasmados. Eu e a Ana produzimo-nos todas, os meninos lá puseram os smokings e... Casino Estoril connosco!

O jantar decorreu na maior animação, que junto dos dois Luíses, dois palhaços por excelência, a risota era sempre garantida. Às tantas, num intervalo qualquer, o Luís, à minha direita (a mesa era redonda), dá-me uma cotovelada discreta e bichana-me «olha quem ele é!»

Era ele, Roberto Leal, o português mais brasileiro de Portugal, com aquele loiro fulgurante que puderam admirar na capa do disco abaixo. A poucos metros de distância, teria de passar forçosamente pela nossa mesa. Tentando conter o riso, fiz um gesto teatral de quem está tomada de enorme comoção e... simulei um desmaio para cima do ombro do Luís.

Imaginem agora a minha cara (e a dos outros) quando o artista, já mesmo à nossa beira, e na certa a tomar-me por uma fã em êxtase, me sorri com grande simpatia, pára e... agarra já nem me lembro se numa ementa, se no cartão com os tradicionais retratos do Casino e me pergunta como me chamo.

— Teresa —, balbuciei eu, completamente tolhida, embaraçadíssima e, certamente, com ar muito infeliz. E o artista rabiscou gentilmente um autógrafo!

Os outros estavam todos atónitos. «O que foi isto?», perguntou-me o Vítor, à minha esquerda, mal ele se afastou. Eu lá expliquei, enquanto o Luís, o único que tinha percebido a cena, já rebolava a rir. O avanço que levava foi curto, em breve a nossa mesa era um coro de intermináveis gargalhadas.

A Miss Portugal desse ano foi esta bela moçoila, de seu nome Carla Caldeira. A imagem, como podem deduzir, é dessa noite.

4 comentários:

  1. Não sei de nenhuma história com o Roberto Leal, mas antes com a Carla Caldeira, que sempre foi uma matulona. A mãe de uma amiga, numa noite numa discoteca onde havia espectáculo de transformismo, vê-a, de costas, sair da casa de banho (das senhoras, obviamente), e não a reconhece. Vira-se para o amigo com quem estava e diz: - Então mas elas agora já vêm à nossa casa de banho?

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  2. Como dizem os brasileiros... bota matulona nisso!
    E aqui ela tinha apenas 17 anos! Estou mesmo a ver o engano da mãe da sua amiga, LOL!

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  3. Eu estou a ver tudo... e bota gargalhada nisso. E imagine você que por toda a minha infância, ignorantemente acreditei que a música típicamente portuguesa era o tal "ó bate o pé, bate o pé, bate o pé..." ---lol

    bjs

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  4. Era capaz de jurar que contei aqui a história do meu autógrafo do RL (sim, eu também tenho um!), de como atravessei um cemitério à noite (eu e mais 40 amigos balealenses) para entrar de graça num concerto dele na Usseira (sei lá onde isso é) nos idos anos 70, de como dancei que nem uma maluca e depois já cantava as músicas todas, de como foi o concerto mais divertido da minha vida, de como nos pendurámos todas ao pescoço dele histéricas a dar dois (claro) beijos e a pedir encarecidamente um autógrafo num papel que não tínhamos (no meu caso ainda tinha o papel gorduroso das farturas).

    Não contei?

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