segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Os cromos dos Espanhóis

É que nem há data melhor do que esta para cascar em nuestros hermanos! Também podia ser o 14 de Agosto, aniversário da batalha de Aljubarrota, que eu há dois terços da minha vida defendo que devia ser feriado nacional, e olhem nem é pelo jeitão que dava termos dois feriados colados, é mesmo por patriotismo do bom!

Ai o que eu, portuguesa de boa cepa que sou, gosto de cascar nos Espanhóis! Notem que lhes estou a dar um "E" maiúsculo, como mandam as regras de bem escrever em português, quando nos referimos ao colectivo de um povo...

Os Espanhóis são uns cromos. A começar logo na sua total incapacidade de falarem outras línguas que não a sua (e mesmo essa... valha-nos Deus, é só atentar na pronúncia da Andaluzia!), mormente o inglês — isto está a correr bem, até consegui pôr aqui um dos advérbios mais pretensiosos da nossa língua, mormente...

Pois dizia eu que eles não sabem falar idiomas (é como lhes chamam). Vejam bem o prodígio da imagem. Não é Photoshop, não. Este disco, que até é um dos discos da minha vida, existe. Tenho-o em vinil. Como também tenho em vinil o Revolver dos Beatles, em cujo título não mexeram por razões óbvias. Mas mexeram nos títulos das canções, que eles traduzem tudo. E são barrigadas de riso.

De Bridge Over Troubled Water (Puente Sobre Aguas Turbulentas, já se sabe):
1. Bridge Over Troubled Water - Puente Sobre Aguas Turbulentas
2. El Condor Pasa (sortezinha, hem? Não precisaram de traduzir)
3. Cecilia (idem)
4. Keep the Customer Satisfied - Manteniendo Satisfecho al Cliente
5. So Long, Frank Lloyd Wright - Hasta Luego, Frank Lloyd Wright
6. The Boxer - El Boxeador
7. Baby Driver - (desculpem, desta não me lembro, cá virá parar)
8. The Only Living Boy in New York - El Unico Muchacho Viviente en Nueva York
(uma bomba Antónia em cima deles, que esta é uma das músicas da minha vida!!!)
9. Why Don't You Write Me - Porque no me escribes
10. Bye Bye Love - Adiós Amor
11. Song for the Asking - Canción para tus Preguntas

De Revolver, que graças a Deus manteve o título:
1. Taxman - El Recaudador
2. Eleanor Rigby - devem ter tentado, mas não mexeram
3. I'm Only Sleeping - Estoy Dormiendo
4. Here, There and Eveywhere - En Todas Partes
6. Yellow Submarine - Submarino Amarillo
7. She Said She Said - Lo Ha Dicho Ella
8. Good Day Sunshine (não me lembro)
9. And Your Bird Can Sing - Tu Ave y Su Canción
10. Doctor Robert (parece-me que não mexeram)
11. For No One - Para Nadie
12. I Want to Tell You - Quiero Decirte
13. Got to Get You Into My Life - Dentro de Mi Vida
14. Tomorrow Never Knows (não me lembro, desculpem)

Também me lembro de ter visto em Barcelona, com capa espanhola, um prodigioso Oscuridad al Borde de la Ciudad (Darkness on the Edge of Town, de Bruce Springsteen. E, claro, Nacido para Correr, também dele.

Eu e o Vítor temos voado muito na Iberia, por causa do nosso cartão Frequent Flyer da American Airlines, que convém engordar o mais possível (a Iberia e a British Airways integram o mesmo grupo, o One World, muito generoso a creditar milhas, não é como aquela ranhosice do cartão Victoria da TAP — por razões profissionais sei mesmo muito bem do que estamos a falar). Se vamos juntos é só rir. Estamos sempre atentos às comunicações aos passageiros quando passam para o inglês, e rebolamos a rir. Tentamos ser discretos, mas não é fácil. Começa logo no «Ladies and Gentlemen» da introdução... Fazemos antecipadamente apostas quanto ao que vai sair daquele gentlemen... Yentlemen? RRentlemen? Yentlem... RRentlem...? — se repararem, eles têm a mania de comer a última sílaba. É sempre uma aventura!

Deixo para o fim os títulos de filmes e séries de televisão. Tenho um documento em word, amorosamente composto ao longo dos anos, com traduções parvas de títulos, todas as que consigo descobrir. Chamei-lhe Feira de Disparates e é muito democrático, tem também os títulos portugueses e brasileiros, também são coisa jeitosa.

Até podia ser mazinha e pôr só os espanhóis, mas como a estupidez é mesmo coisa universal, deixo também os portugueses.

ADENDA: desconfio que a invenção de espetar aqui com uma tabela me deu cabo do blogue. Podem vê-la aqui.

Quanto à banda sonora, vão levar com o Nino Bravo (eu gosto do Nino Bravo, pronto!) e o seu grande sucesso de 1972, que saiu já depois da sua morte, aos 28 anos: Libre. Porque é espanhol, porque gosto da música (que há quatro anos ficou em segundo lugar numa votação nacional em Espanha como a canção mais romântica de sempre), e porque hoje, 1.º de Dezembro, comemoramos o facto de nos termos visto livres dos cromos dos Espanhóis. ¿Vale?

24 comentários:

  1. Eu gosto particularmente das traducoes literais dos desportos... balonmano e baloncesto, por exemplo. Ja pedirem num bar um Juanito Caminante para beber faz-me praticamente ficar a beira de um ataque de riso!
    Bj

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  2. Tenho idéia de que já estivemos mais longe de 14 de Agosto se tornar feriado...

    E o Suavemente me mata con su cancion (Olé!) da Roberta Flack?

    *O Olé é meu...

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  3. Bem, por partes:

    Espanhóis - Bem, o nacionalismo levado a um certo extremo dá em coisas dessas, assim como a mania de não legendarem os filmes.

    Muito do inglês que sei devo-o à voz dos próprios ouvida desde os 6 anos...

    Os espanhóis (eles não se importam, e poupo uma clicada no caps) ouvem sempre o mesmo castelhano. Eu torci-me a rir ao ouvir o John Wayne dobrado. Mas uma das experiências mais extraordinárias foi ouvir a versão do "upstairs, downstairs" que passava na televisão há uns bons anos atrás: "Eh Rosita" - se eu imaginava sempre "come quick, down in the cantina, etc..." e o Pat Boone s entrar!

    Títulos: bem, concordo que há muito disparate, mas mais nas legendas do que mos títulos em si. às vezes ultrapassa-se os disparates e entra-se em plena poesia.

    Estás a ver o Kirk Douglas a dizer irritado para o seu bando de mauzões, na altura receosos já não me lembro do quê: "You Jellyfishes!"

    E sai a tradução:

    "Seus peixes de geleia!"

    Irresistível! Impossível não sublinhar com uma sonora gargalhada!

    Há que ser justo para os pobres tradutores que têm de inventar títulos de forma a fazer um "merge" de duas culturas tão diferentes. Há idiotices, mas também há esforços conseguidos. E muitos, mesmo aqueles que parecem ingenuidades ou ignorância aos que falam inglês, aos que entendem o inglês e aos que conhecem um pouco da cultura deles.

    Já agora, o Mr. Smith, em português era: "Peço a palavra".

    Que até é melhor do que "O Senhor Smith vai para Washington" - De longe!!!


    Dicas

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  4. Eu, graças ao facto de ter nascido lá e vivido a uns metros da coisa, tudo neles é já uma coisinah que nem me aquece nem em arrefece. São cromos, mas que lhes havemos de fazer? Adicionalmente, tive uma avó que adorava o Nino Bravo e deve ser por isso que sei esta canção de memória. Nota que nasci em 80. Ai...infância esquisita a minha...

    ps: Isto para não falar no Juan Pardo e no Perales e nessa gente que escrevia coisas cheias de significado.

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  5. Pedro,
    Não esquecer o ¡Socorro! dos Beatles... :)

    Dicas, não só me socorres a toda a hora com o computador como ainda me ajudas a preencher uma lacuna na minha lista! Já acrescentei.

    Do que tu te foste lembrar! Pat Boone e o seu Speedy González! :) Acho que não tenho isso!

    E o Dallas em castelhano, com o RRota Erre? E nos westerns o já célebre «ponte las manitas en el aire»? Um fartote!

    Quanto ao trabalho dos tradutores, isso é assunto para outro dia...

    Maria,
    Tu não paras de me chamar velha, e a coisa vai de mal a pior, LOL! Dantes ainda dizias que eu te fazia lembrar a tua mãe, agora já passou a ser a tua avó!

    Beijos aos três.

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  6. El Unico Muchacho Viviente en Nueva York - a minha tradução favorita! lol

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  7. Pois. Mando-te a música de seguida (é uma autêntica obsessão minha) e perceberás a minha fúria...

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  8. Só mesmo um espanhol para ter a lata de chamar ás intragáveis Spice Girls "LAS CHICAS PIRIPIRI". É caso para dizer: cromo mais cromo... não há!

    Obrigado Teresa pelo bom humor dos textos da Gota de Ran Tan Plan
    e pelo reavivar de algumas das minhas memórias e paixões antigas.

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  9. Bem visto.

    Eles o inglês... Nem imagina o que penei quando decidi pedir um Ice Tea, ou como eles pronunciam, um isse tê!

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  10. Rogério,
    Eu é que agradeço as visitas :)
    Qaunto às Spice Girls, também sei que à insuportável Posh Spice, a Victoria Beckham, chamam Posh Pija - é no que dá ler a ¡Hola!...

    David,
    E já os ouviu dizer Miami...? LOL!

    Beijos aos dois.

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  11. LOLOLOL

    realmente os espanholitos fazem cada tradução de dar dó...
    Mas cada qual com a sua identidade... é o orgulho nacional mesmo no que é estrangeiro...

    :o)))***

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  12. Pior: em muitas empresas recebem um subsídio por cada língua estrangeira que aprendem. Tentem. Isso. Whatever. Não sei para quê!

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  13. Eu gosto muito de espanhois, todos os espanhois são muito queridos (por acaso agora não me estou a lembrar de nenhum, mas de certeza que os há)
    Na terra deles são porreiros, na nossa também, desde que convidados.
    Gosto muito também dos variados de marisco da Galiza, mas a Galiza é outra tralha, não tem nada a ver com castelhanos (e o franco era galego, como o fidel)

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  14. Pearl,
    Essa tua interpretação é interessante. Mas eu talvez substituísse o substantivo orgulho por obstinação... :)

    Pedro,
    Dessa do subsídio não sabia eu! Oferecessem-mo em Portugal, cá à je, a ver se eu não aproveitava!
    Mas não, não lhes serve para nada...
    Estou a lembrar-me de uma história hilariante passada em Miami (onde a comunidade hispânica não pára de crescer) há quatro anos. Eu e o Vítor tínhamos acabado de almoçar e a seguir íamos ao famoso Biltmore. Descobri que estava sem pilhas na máquina (este ano fui previdente, carregador e pilhas recarregáveis, grande economia, recomendo a todos). Parámos em Coral Gables numa bomba de gasolina daquelas em que, na loja, há tudo e mais um par de botas. Eu fiquei no carro e ele lá foi, com uma pilha para amostra.

    Ao balcão, uma hispânica.

    - Do you have batteries? - pergunta ele.
    - Qué?! - resmunga a outra (ai o que este "qué" deles me irrita... é como o "oi?" dos brasileiros rasca...

    - Do you have batteries LIKE THIS? - pergunta o Vítor, desta vez a exibir a dita.

    - Dau dé! - responde ela, a apontar para uma prateleira baixa junto dele.

    Tradução: Down there - eles comem a última sílaba das palavras, mesmo que sejam tão curtas como "down" e "there". Anormais!!!

    Pode imaginar o ataque de riso que tivemos juntos quando ele voltou ao carro e me contou a história... :)

    Beijo. Atenção ao correio amanhã... :)

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  15. João,
    Bem-vindo! Achos que vais divertir-te com este post muito antigo da Gota, Portugal vs. Espanha - uma embirração figadal:

    http://gotaderantanplan.blogspot.com/2007/02/portugal-vs-espanha-uma-embirrao.html

    Um beijo.

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  16. P.S. para o David:

    Tem a certeza de que eles não pronunciam antes qualquer coisa como "iche tê"? Veja o meu àparte no n.º 7 do post que acabo de referir, que enumera 21 razões para não gostar dos Espanhóis...

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  17. Quantos ingleses falam espanhol?!...Portuguese!?...Oh!Yes, Euzebio!Et l'Avril au Portugal?Oh, lalá!
    Fazem nuestros hermanos muito bem e...OLÉ!!

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  18. Nunca, mas nunca vi tantos anti-espanhois juntos! ;)
    Eu sou mais alérgico aos franceses. Que também têm graça. A falar inglês, a dobrar os filmes, ...

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  19. Uff... parece que já pararam de dizer mal do espanhuelos...

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  20. A4,
    Pois se tu o dizes...Olé!
    (nada convencida)

    Van Dog,
    Isto é gente pouco persistente...

    Beijos!

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  21. Agora escrevemos, tal como eles fazem, aliás!, com minúscula: "os espanhóis".

    E levam o acento porque porque. :-)

    (Não é preciso deitar essas suas regras de 1945 fora. Pode utilizá-las para limpar vidros e espelhos).

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  22. Tive um namorado espanhol quando vivi os US, que era uma besta quadrada mas como media 2 metros e parecia o antonio banderas, era pela patria!!(como se costuma dizer, nao eh?) Pois entao ia eu dizendo... que era uma besta quadrada mas servia para eu me ficar a rir a bandeiras despregadas com o Andreas, nosso amigo comum o resto da semana inteira, depois de um fds a sos.

    Ainda me lembro da primeira grande argolada, em que ele me tentava explicar um teorema de logica matematica que se chamava: Pitchum all - tanta volta 'a cabeca dei, imaginei variantes (as vezes soava-me Pitchum old), perguntei ao Andreas, ele bem que repetiu o nome umas 100 vezes mas nos, nada!

    Ate que no fim de semana seguinte ele me trouxe o livro com o teorema, para me provar que existia... e bem escarrapachado de facto la estava em letras garrafais: the pigeon hole theorem!


    AEnima

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  23. Looool!!!
    Mais uma para a colecção! O Vítor vai delirar com essa.
    Já viste o outro post, "Os cromos dos espanhóis voltam a atacar"? :)))))

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