sábado, 6 de setembro de 2008

Querido, querido Pavarotti!

Faz hoje um ano que partiu. A Gota de Ran Tan Plan faz hoje dois anos, mas que importância tem isso? O dia 6 de Setembro agora vem-me sempre à memória associado à morte do gigantesco Luciano Pavarotti. Larger than life... Maior do que a vida, sim. Por ser maior do que a morte, ao continuar tão vivo na voz milagrosa que os discos nos deixaram.

É por a música ser na minha vida um imenso amor, talvez o maior de todos (livros e bichos são sérios rivais, tão sérios que não sei a qual dar a primazia), que amo tanto a voz de Pavarotti e até sou capaz de fechar os olhos às tristes coisas que fez nos últimos anos — reencontro-o sempre nos discos e reconcilio-me com ele.

Escolhi pôr aqui hoje, para lembrar a alguns e para apresentar a quase todos, a Bohème mais mítica de todas as Bohèmes, a de Karajan. Pavarotti é Rodolfo, o poeta. A sua amiga querida de toda a vida (quase a sua Teresa, se ele se chamasse Vítor), a maravilhosa Mirella Freni, é Mimì. Já falei desta cena há quase um ano, aqui — leiam, se vos apetecer: esta é provavelmente a mais arrebatadora cena de amor da história da Ópera e capta essa coisa fugaz que é o nascimento de um amor. Primeiro ele, a seguir ela, em duas árias sublimes. Depois as vozes dos dois unem-se num dueto de felicidade tão grande que parece impossível. Todos queremos um amor assim, por muito mal que possa acabar.

Dois breves apontamentos:

1. Sobre a primeira frase da ária de Rodolfo, Che Gelida Manina, lembro-me de ter lido há muitos anos, na autobiografia de Pavarotti, sobre a dificuldade extrema de a cantar.

2. Na ária de Mimì (Sì. Mi Chiamano Mimì) a minha adorada Mirella Freni canta como mais ninguém a frase mágica «Ma, quando vien lo sgelo, il primo sole è mio

4 comentários:

  1. Pois é, lembrámo-nos. E escolheste uma ária sublime para o honrar, esta da Bohème. Eu acabei por postar o Turandot (que aliás adoro), para mostrar as diferenças entre as vozes dos 3 tenores.

    E parabéns à Gota! Dois anos, já?? O meu PV é mais novinho...
    Deixo-te o voto de sempre: muitos posts de vida!

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  2. É impossível esquecer, não é?

    Há uns anos ofereci esta Bohème ao Pedro MB, que queria iniciar-se na Ópera. Ficou tão deslumbrado com esta sequência do primeiro acto... que não avançou mais. Ouvia só isto, vezes sem conta...

    Quanto à Gota, apesar de ter começado nesta data, só arrancou verdadeiramente uns meses mais tarde, lá para Fevereiro.


    Beijinho!

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  3. Pois... Lembro-me bem do dia... Eu estava aí em Lisboa e consolei uma amiga que entristeceu-se com a perda de tal forma que queria ouvir e ler tudo a respeito... A notícia foi triste, mas é impossível pra mim lembrar o dia como triste, pois estava em minha última visita a LX que amo tanto. Mas que foi uma perda e tanto, foi sim... Ele tinha uma potência, uma vibração, algo à flor da pele que o fazia GRANDE - em todos os sentidos. beijos saudosos.

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