O grande incêndio de Lisboa
Faz hoje vinte anos. Parece impossível, tão depressa passaram, mas faz mesmo vinte anos que aconteceu.
Eu tinha saído de casa bastante mais cedo do que o costume, às oito horas já estava na Adília, a minha costureira, no Campo Pequeno, a provar um vestido cor-de-rosa (lindo!) que queria pôr no jantar dos meus anos, daí a dois dias. Cheguei ao escritório ainda antes das nove, e estranhei que o telefone já estivesse a tocar.
Era o V., pequeno com que me arrastava valentemente a asa e com quem eu não queria nada, por ser casado. Nem sequer lhe tinha dado o número de telefone, ele moveu céus e terra para o arranjar, acabou por ser o Zé Calvário a dar-lho. O V. telefonava com o pretexto parvo de saber se eu estava bem, por causa do incêndio. Qual incêndio? — estranhei eu. Foi por ele que fiquei a saber do inferno que era a Baixa a essa hora.
À noite fui jantar com o Vítor e fomos espreitar aquele cenário de desolação absoluta. O Chiado não mais voltaria a ser igual. Eduardo Martins, Grandela (que era do pai da que viria a ser sogra da minha irmã, a querida Tia Vicas, que Deus tem, era Grandella de apelido), os Grandes Armazéns do Chiado, A Pompadour, a Ferrari, a Valentim de Carvalho, a Melodia, onde na adolescência eu me fechava numa cabine com a minha amiga Clara a ouvir uma pilha de discos, saindo depois sem comprar nada... tudo destruído. Destruída também a lindíssima Casa Batalha, a loja mais antiga de Lisboa, que datava de meados do século XVII...
No dia seguinte um jornal publicou um mapa da zona, identificando todas as lojas que tinham ardido. Eu e a minha irmã suspirámos de alívio quando descobrimos que a nossa adorada Luvaria Ulisses tinha sido poupada.
Em 1989, um ano depois, passei a trabalhar na Baixa, na Rua Augusta. Subi e desci muitas vezes as escadas metálicas que durante muito tempo fizeram a ligação entre a Rua do Carmo e a Rua Garrett. E espreitava sempre, com um aperto no coração, o pouco que se conseguia ver das ruínas, que tinham sido tapadas. Nem lembro ao certo quanto tempo terão durado as obras, mas juraria que foram quase dez anos.
Era o V., pequeno com que me arrastava valentemente a asa e com quem eu não queria nada, por ser casado. Nem sequer lhe tinha dado o número de telefone, ele moveu céus e terra para o arranjar, acabou por ser o Zé Calvário a dar-lho. O V. telefonava com o pretexto parvo de saber se eu estava bem, por causa do incêndio. Qual incêndio? — estranhei eu. Foi por ele que fiquei a saber do inferno que era a Baixa a essa hora.
À noite fui jantar com o Vítor e fomos espreitar aquele cenário de desolação absoluta. O Chiado não mais voltaria a ser igual. Eduardo Martins, Grandela (que era do pai da que viria a ser sogra da minha irmã, a querida Tia Vicas, que Deus tem, era Grandella de apelido), os Grandes Armazéns do Chiado, A Pompadour, a Ferrari, a Valentim de Carvalho, a Melodia, onde na adolescência eu me fechava numa cabine com a minha amiga Clara a ouvir uma pilha de discos, saindo depois sem comprar nada... tudo destruído. Destruída também a lindíssima Casa Batalha, a loja mais antiga de Lisboa, que datava de meados do século XVII...
No dia seguinte um jornal publicou um mapa da zona, identificando todas as lojas que tinham ardido. Eu e a minha irmã suspirámos de alívio quando descobrimos que a nossa adorada Luvaria Ulisses tinha sido poupada.
Em 1989, um ano depois, passei a trabalhar na Baixa, na Rua Augusta. Subi e desci muitas vezes as escadas metálicas que durante muito tempo fizeram a ligação entre a Rua do Carmo e a Rua Garrett. E espreitava sempre, com um aperto no coração, o pouco que se conseguia ver das ruínas, que tinham sido tapadas. Nem lembro ao certo quanto tempo terão durado as obras, mas juraria que foram quase dez anos.
Bolas! E não podias fazer anos para a semana, não? PARABÉNS por amanhã.
ResponderEliminarA propósito do incêndio, também me lembro como se fosse ontem. Eu trabalhava nessa altura num 17º andar nas Amoreiras, e de lá tinha-se uma vista privilegiada para o Chiado. Um horror.
Depois de amanhã, quero eu dizer...
ResponderEliminarA sério? Já trabalhavas nessa altura?! E eu a julgar que eras "muita" mais nova!!! ;)
ResponderEliminarQuanto aos meus anos... obrigada :)
E deixa lá, fazemos depois uma reunião das CBC!!!
Beijo!
Mas tu não ias passar os anos aos States? Pensei que não estavas cá...
ResponderEliminarEu estava no Baleal quando foi o incêndio do Chiado. Não queria acreditar... um terror. E a minha querida Ferrari que desapareceu para sempre... que crime!
Cheguei ontem de férias.
Beijo
Ó Ana, sempre me saíste cá uma linguaruda!!! Pronto, agora tenho de antecipar o post...
ResponderEliminarPois é, tu a voltares e eu a ir...
Beijo.
Hoje percebi que isto é um blogue de tias e a Teresa é uma supertia e a única inteligente. Ficar contente mais a mana por causa da luvaria no meio da destruição do Chiado é o máximo. Passe bem mais os bichinhos.
ResponderEliminarPituxa
Credo, Pituxa, para o que havia de lhe dar! Que ataque! Acho que leu o post na diagonal...
ResponderEliminarUm beijinho.
Bom, Pituxa, pela minha parte confirma-se a sua teoria: tenho 6 sobrinhos verdadeiros, e uma carrada deles emprestados. Suponho que isto faz de mim uma "tia"...
ResponderEliminarNão querida, não li na diagonal. A menina teve tempo de pensar na luvaria. A minha prima foi igual: quando foi o incêndio também teve pena mas também lamentou o desaparecimento da Ferrari por causa da minha tia e disse-o com ar preocupado. Mas ela deve muito à inteligência, mas a Teresinha não.
ResponderEliminarBeijinhos a todas as tias.
Pituxa
Olha, Teresa, espantou-me muito já o primeiro comentário dessa Pituxa (que com certeza não é a que conhecemos), muito mais o segundo... e aí fui até me certificar com a dona do apelido não tratar-se dela, que no momento está a caminhar na praia sem saber desses absurdos escritos por uma homônima. Aliás, manda-te os parabéns pelo teu dia de anos, a nossa amiga, a verdadeira Pituxa.
ResponderEliminarbeijinhos,
CoRa.
Olha, Teresa, espantou-me muito já o primeiro comentário dessa Pituxa (que com certeza não é a que conhecemos), muito mais o segundo... e aí fui até me certificar com a dona do apelido não tratar-se dela, que no momento está a caminhar na praia sem saber desses absurdos escritos por uma homônima. Aliás, manda-te os parabéns pelo teu dia de anos, a nossa amiga, a verdadeira Pituxa.
ResponderEliminarbeijinhos,
CoRa.
Cora querida, dá um beijinho à verdadeira Pituxa. Que inveja ! Na praia !
ResponderEliminarOutra coisa, Cora. Pituxa é apelido ?! Homônima ?! Com ^ e não ´. Olha que a Teresinha, embora não diga, acha horrível estas asneiras.
Beijinhos
Pituxa (Filipa)
Ai meninas, por amor de Deus, não se zanguem. Na realidade Pituxas há muitas (como os chapéus) e juro que se me chamasse Filipa assinaria Felipa e deixava o Pituxa pra desgraçadas como eu que carregam nomes do tempo da Maria Catrina e têm mesmo de recorrer a Pituxas e afins ...
ResponderEliminarE deixa a minha Cora em paz que é brasileira e muito querida e me veio defender ... e com o novo acordo quem somos nós agora para os emendarmos?? tomara que eles não nos emendem a nós:)
Bom Teresa, esta Pituxa que não se chama Filipa nem parecido, aqui dos Algarves manda um grande beijo de parabens para NY., não vá a caixa de mensagens ter ficado cheia e a minha sms perdida.
Obrigada Cora, por me achares a original. Pra mim tambem não haverá outras Coras
Pituxa (Pituxa)
Obrigada, Pi, pela defesa (tal e qual). Nossa amiga Filipa não deve ter vivência internacional, senão certamente saberia que temos - no Brasil - Antônios, fenômenos e sinônimos, ainda que o som possa ser aberto na leitura (como António, que aqui escreve-se SIM, corre(c)tamente com acento circunflexo, sim sra. Dona Filipa :o) --- > mas anda lá a esquecer isso tudo, já que nós, mães e tias e já quase avós não guardamos mágoas dessas coisas pequeninas ... ;) O que interessa, sim, é que é dia T de Teresa - que há de rir muito com isto tudo. Beijinhos.
ResponderEliminarPS: Teresa, explica depois à Filipa, sff, que "Apelido" no Brasil = a pseudônimo (com ^ tb) e que cá usa-se nome+sobrenome em vez de apelido+nome de família...
ResponderEliminarbeijinhos da nada-anÔnima :o)
Credo, o que para aqui vai!!!
ResponderEliminarPituxa (a verdadeira, pelo menos para mim e para a CoRa, já que a Filipa, pelo menos que eu saiba, nunca aqui tinha comentado),
Eu de facto estranhei, aquilo nem parecia coisa sua! Agora está tudo explicado. Grande beijinho, e obrigada pelos votos de parabéns :)
CoRa,
Tudo esclarecido, como vês! Grande beijinho!
O teu Pai, como está? Vamos ver se conseguimos falar logo à noite ou amanhã (tenho de ir comprar um microfone, o outro exalou o último suspiro).
Pituxa-Filipa,
Nunca aqui tinha comentado, pois não? Devo dizer-lhe que, por mim, nada me incomodou o seu primeiro comentário. Quem tem um blogue aberto a todos os comentadores não espera um coro de vozes concordantes e deve aceitar toda a qualquer crítica. Mas incomodou-me, isso sim, por vir a seguir aos comentários de duas queridas amigas minhas,a Mad e a Ana, já que parecia estar a rotulá-las de pouco inteligentes, sendo elas exactamente o oposto. A Ana até interveio, e muitíssimo bem.
Chego tarde para explicar a acentuação das palavras no Brasil (a CoRa é brasileira, e já se encarregou disso). Apelido é no Brasil aquilo a que nós chamamos alcunha.
Um beijo para si, e de futuro não ataque as minhas amigas, pode ser?
Terezinha :)
ResponderEliminarAs minhas desculpas às suas amigas. É sincero.
Outra coisa, a Teresa parece que, como eu, é contra o novo acordo ortográfico, não é? Eu tenho uma ideia "fulminante". Quer sabê-la?
Beijinho para si.
Pituxa(Filipa)