Herman José no seu melhor #1
Durante muitos, muitos anos, devo ter sido a maior e mais incondicional admiradora de Herman José. Hoje em dia nem me lembro de que ele existe, e confesso que nem faço ideia se o programa dele na SIC continua - vejo cada vez menos televisão e, quando vejo, os canais são outros.
É por ter uma admiração tão grande por ele que me sinto autorizada a começar por falar dos aspectos negativos. Comecei a não o suportar quando se lhe meteu na cabeça que havia de copiar o formato de grande entertainer de um Jay Leno ou de um Conan O'Brien, com comentários sobre a actualidade. A falta de naturalidade é sempre gritante, e fico com uma vontade irreprimível de lhe encher a cara de estalos.
Naturalidade. Pois... Isso remete-me para outra característica que nele me põe a ferver: a afectação. Então se tem de dizer alguma coisa em estrangeiro... estamos perdidos! O homem tem um bom inglês, é verdade, para não falar no alemão - que bem lhe invejo, eu que estupidamente já não dou duas para a caixa em tal língua, há tempos vi-me grega para alterar uma encomenda feita na Amazon alemã, sem perceber um boi do que lia. Tem jeito para línguas, pronto. É um dom (com o qual também fui abençoada), mas fico de cabeça perdida com as entoações afectadas, postiças e parvas que inventa.
O aspecto. Por amor de Deus, consultor de imagem precisa-se com urgência! Aquele cabelo loiro-barracas é das ideias mais infelizes que Herman José já teve! Faz dele uma espécie de Jean-Paul Gaultier da Brandoa, em gorducho e com uns bons centímetros de altura em falta. É tão grotesco como eram, nos últimos anos, o cabelo e as sobrancelhas do meu querido (sem que isso me roube lucidez) Pavarotti, de um preto suspeito, como se tivessem sido submetidos a uma imersão em tinta-da-china.
O deslumbre parvo. Aprovo cada euro que ele ganha, congratulo-me, rejubilo, aplaudo. Até merecia mais, se querem saber a minha opinião. Mas que se deixe de querer exibir marcas - ele diria griffes... -, sejam elas de carros, de barcos (ó Herman, o menino não tem um Swan, isso não o deixa para morrer?), de relógios (será que tem algum Breguet?... ná, não me parece) ou de champagne.
A má-criação. O homem é malcriado, não há volta a dar-lhe. Talvez por querer brilhar à viva força. Mas é malcriado. Quando anfitrião, a receber e entrevistar um convidado, na maior parte das vezes, de tanto querer salientar-se, dá um tristíssimo espectáculo. Interrompe, corta a palavra, quando devia - ponha os olhos em Jay Leno, Conan O'Brien e outros - conter-se, fazer incidir a luz no interlocutor. Vi isso, escandalosamente, com um actor que teve como convidado no seu Parabéns, há uns largos anos, e ao qual eu nunca tinha dado qualquer importância: Christopher Lee, o mais famoso Drácula, devem lembrar-se dele na trilogia do Senhor dos Anéis. Revelou-se um entrevistado interessantíssimo, era um taradinho da Ópera, entre outras coisas. Nada a fazer. O anfitrião arruinou a entrevista de tanto querer exibir-se. Conseguiu coisa ainda pior com a mítica Lola Flores, também no Parabéns, escassos meses antes da sua morte. Chegou à grosseria de fazer àpartes em português para a assistência, com piscadelas de olho alvares, «Ó filha, com essa é que me arrumaste!...»
O lado positivo de Herman José? É bom, é mesmo muito bom. Tem alturas em que até é genial.
É por ter uma admiração tão grande por ele que me sinto autorizada a começar por falar dos aspectos negativos. Comecei a não o suportar quando se lhe meteu na cabeça que havia de copiar o formato de grande entertainer de um Jay Leno ou de um Conan O'Brien, com comentários sobre a actualidade. A falta de naturalidade é sempre gritante, e fico com uma vontade irreprimível de lhe encher a cara de estalos.
Naturalidade. Pois... Isso remete-me para outra característica que nele me põe a ferver: a afectação. Então se tem de dizer alguma coisa em estrangeiro... estamos perdidos! O homem tem um bom inglês, é verdade, para não falar no alemão - que bem lhe invejo, eu que estupidamente já não dou duas para a caixa em tal língua, há tempos vi-me grega para alterar uma encomenda feita na Amazon alemã, sem perceber um boi do que lia. Tem jeito para línguas, pronto. É um dom (com o qual também fui abençoada), mas fico de cabeça perdida com as entoações afectadas, postiças e parvas que inventa.
O aspecto. Por amor de Deus, consultor de imagem precisa-se com urgência! Aquele cabelo loiro-barracas é das ideias mais infelizes que Herman José já teve! Faz dele uma espécie de Jean-Paul Gaultier da Brandoa, em gorducho e com uns bons centímetros de altura em falta. É tão grotesco como eram, nos últimos anos, o cabelo e as sobrancelhas do meu querido (sem que isso me roube lucidez) Pavarotti, de um preto suspeito, como se tivessem sido submetidos a uma imersão em tinta-da-china.
O deslumbre parvo. Aprovo cada euro que ele ganha, congratulo-me, rejubilo, aplaudo. Até merecia mais, se querem saber a minha opinião. Mas que se deixe de querer exibir marcas - ele diria griffes... -, sejam elas de carros, de barcos (ó Herman, o menino não tem um Swan, isso não o deixa para morrer?), de relógios (será que tem algum Breguet?... ná, não me parece) ou de champagne.
A má-criação. O homem é malcriado, não há volta a dar-lhe. Talvez por querer brilhar à viva força. Mas é malcriado. Quando anfitrião, a receber e entrevistar um convidado, na maior parte das vezes, de tanto querer salientar-se, dá um tristíssimo espectáculo. Interrompe, corta a palavra, quando devia - ponha os olhos em Jay Leno, Conan O'Brien e outros - conter-se, fazer incidir a luz no interlocutor. Vi isso, escandalosamente, com um actor que teve como convidado no seu Parabéns, há uns largos anos, e ao qual eu nunca tinha dado qualquer importância: Christopher Lee, o mais famoso Drácula, devem lembrar-se dele na trilogia do Senhor dos Anéis. Revelou-se um entrevistado interessantíssimo, era um taradinho da Ópera, entre outras coisas. Nada a fazer. O anfitrião arruinou a entrevista de tanto querer exibir-se. Conseguiu coisa ainda pior com a mítica Lola Flores, também no Parabéns, escassos meses antes da sua morte. Chegou à grosseria de fazer àpartes em português para a assistência, com piscadelas de olho alvares, «Ó filha, com essa é que me arrumaste!...»
O lado positivo de Herman José? É bom, é mesmo muito bom. Tem alturas em que até é genial.
Apaixonei-me por ele em 1983, com o extraordinário O Tal Canal. Nunca achei uma graça por aí além ao Sr. Feliz & Sr. Contente, talvez por ser um tanto a atirar para o revisteiro e eu (mea culpa) nunca consegui gostar de Revista. Mas com O Tal Canal Herman revelou-se.
O homem é fora de série, desculpem! A criar skteches, a inventar personagens, a caricaturar o portuguesinho básico. Aí, sim, está ele no seu elemento, e ninguém se lhe compara. É um mata-borrão, absorve tudo, os ridículos deste ou daquele tipo, consegue estruturar em três pinceladas uma personagem que se nos torna familiar, a que citamos quotidianamente as frases recorrentes. Nem preciso de dar exemplos, pois não? Tantas estão presentes na nossa memória! Desde o Nelito e o Esteves até ao mais recente Nelo, passando por um Diácono Remédios a pôr o país inteiro a dizer que «não havia necessidade»... que prodigiosa galeria!
Por último, gostaria de lhe homenagear aquela que, aos meus olhos, é a sua mais nobre qualidade. Herman José é de uma generosidade ímpar. Tem um instinto infalível para detectar grandes talentos, chama-os a si, arranja maneira de os valorizar. Eu não suportava Joaquim Monchique... até Herman o ir buscar. Maria Rueff é outro exemplo. Há muitos mais.
Isto já vai longo e nem vou reler, que o sono pesa-me. Amanhã é provável que faça correcções. Agora deixo-vos apenas uma das muitas coisas em que a genialidade que existe em Herman José está bem patente. É do seu Herman Zap, um segmento do Parabéns em que parodiava programas de televisão. Tenho isto preciosamente em VHS, gravado por mim, até paguei para mandar passar a DVD, ofereci no Natal a algumas pessoas.
Aqui fica a troça a um programa chamado, creio, Made in Portugal. O top de vendas nacional, na época em que surgiu a famosa música pimba. É de chorar a rir. É, acima de tudo, brilhante.
tem piada esta análise... geralmente ou se fala só do lado positivo, ou só do lado negativo... está aponta em todas as direcções... só meia dúzia de rectificações: o Herman tem uma colecção de 155 relógios de ouro e platina (A. Lange & Sohne, Audemars Piguet, Baume & Mercier, Blancpain, Breguet, Breitling, Bvlgari, Cartier, Chopard, Corum, Franck Muller, Girard Perregaux, Glashutte, IWC, Jaeger-LeCoultre, Panerai, Piaget, Roger Dubuis, Rolex, Ulysse Nardin, Vacheron Constantin), entre os quais 3 Breguet - mas os mais valiosos são 2 Gerald Genta e um Patek Phillippe de brilhantes (seguro em 1.2 milhões de Euros). Não tem um Swan porque não gosta de "velas", mas tem há um ano um Baglietto 33 metros que está na marina de Botafoch em Ibiza (lugar 347). Finalmente o cabelo: não leu na VIP a verdadeira razão da mudança de cor ? Ainda vai a tempo. Como é que eu sei isto tudo ? Sou fanática incondicional (apesar de muito chavala).
ResponderEliminarEu tenho imensas saudades de o ver nos bons tempos. Quando apanho a Herman Enciclopédia no RTP Memória fico a ver e farto-me de rir com os sketches que eles faziam. Divinal...
ResponderEliminarNão pirilamparás a mulher do próximo... ;)
Assino por baixo cada parágrafo, cada linha, cada frase, cada palavra e cada letra! Esta tua análise é exactamente o que eu penso do Herman, e não me parece que sejamos só nós. Tem tanto de genial como de deslumbrado, e tavez seja por isso que é tão bom: vai do 8 ao 80 em quase tudo o que faz. Não me esqueço, a propósito da sua falta de educação gritante, de uma outra entrevista no Parabéns: a do Sting. O Herman queria por força que ele falasse do sexo tântrico de que é praticante (com a mulher, como se fartou de afirmar), e deixou-o visivelmente incomodado com o assunto. Às tantas (depois de muitas bocas e risos, tudo em português, que o Sting evidentemente não percebia mas cujo teor calculava), ouviu o que não quis: "You would't like tantric sex, Herman, for it is not pornography..." Foi uma resposta e peras, dada num tom seco e já chateado. Uma lástima, enfim.
ResponderEliminarO video é de ir às lágrimas, como muitos outras cenas dos tempos áureos do Herman. Agora, como tu, nem sei já o que ele anda a fazer. Perdi a paciência para a bandalheira e para a lei do menor esforço.
"Jean-Paul Gaultier da Brandoa"? Já chorei a rir com esta...
beijos
Eu também acho que retratas de forma irrepreensível o que penso do Herman. No melhor e no pior.
ResponderEliminarMinha caríssima Teresa
ResponderEliminarMutatis mtandis, e eu diri que estavas a descrever e analisar, à perfeição, o *nosso* JÔ SOARES, que não sei se tão conhecido dos portugueses, como ele próprio alardeia por cá.
*****
Já agora, querida - sei que não há nada a ver com o assunto, mas lembrei: o Miguel Esteves Cardoso, o MEC está a passar maus pedaços?
Li em algum lugar mas não se aprofundava a nota.
Um grande beijinho (?isso não é uma contradição em termos? hohoho)
E parabéns , escreves muitíssimo bem tanto quanto *ouves o melhor*
Meg
É engraçado como escreves, linha por linha, palavra por palavra, tudo aquilo que penso do Herman. Também eu fui fã incondicional dele e também, tal como tu, já não o consigo ver. Este post poderia ter sido escrito por mim tivesse eu a capacidade fantástica que tu tens de escrever...
ResponderEliminarJokas
Herman vive , inteligencia desta gente morre!
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