Old Souls
Tive um ataque de preguiça, ou fui acometida de enjoo de blóguios, o meu e os dos outros. Há vários dias que não abro este humilde cantinho e não visito ninguém. A única excepção foi mesmo o blóguio de uma menina que casou ontem, e onde fui depor os meus votos de felicidades múltiplas; não a conheço, mas tenho grande simpatia por ela, - a minha querida Famosa assegura-me que é pessoa com quem só posso dar-me às mil maravilhas, ela e o Coveiro compareceram ao casório de dimensão internacional e (pelo menos) trilingue. Há vida para além da blogosfera, ou não?
Registo com carinho que o Pedro, estranhando o meu mutismo blogosférico, me enviou ontem um mail a pedir notícias. Outra old soul...
A verdade, meus amigos, é que eu chego sempre à sexta-feira morta de cansaço. Na quarta-feira jantei com a Ana e com a Mad (nem queiram saber dos olhares de ódio controlado que o pessoal do restaurante indiano escolhido nos deitava, todos perfilados à espera de que saíssemos, e nós ainda com tanto que conversar...). Adorei o jantar, claro. Na quinta-feira eram os anos do meu querido amigo João Navarro e, como sempre, lá fui malhar com os ossos no Dom Pepe, na Parede. Porquê como sempre? - perguntarão vocês. Porque tem a reputação, parece que justa, de ter a melhor lampreia de todo o nosso Portugal, a sul do Minho. E ainda estamos na época dela, da tal lampreia que nunca provei, aquilo faz-me nojo. Comi uns lombinhos de linguado com molho de alcaparras e limão que nem queiram saber... Eles comeram (previamente encomendadas) três doses de lampreia. Ano após ano, o João convida apenas duas pessoas para o seu jantar de anos, eu e o Vítor. Nem vou começar a falar do que isso me sensibiliza. Parabéns, João! Para o ano que vem lá estaremos outra vez!
Dediquei o meu fim-de-semana à leitura, às leituras. La Malibran: Reine de l'Ópera Romantique, que já me tinha chegado havia uma semana... e eu sem tempo para lhe pegar. Muito gosto eu dos livros deste Patrick Barbier! - até ofereci um ao Coveiro, parece que gostou bastante. Faltam-me La Maison des Italiens e Pergolèse. A comprar.
Oferecido pela autora na sexta-feira passada - como se não bastasse o convite para jantar em sua casa, ainda me deu de presente um livro e uma lata de Lapsang Souchong, o meu chá favorito... -, só tinha conseguido ler o primeiro conto. Gente do Sul é um daqueles livros que se lêem de uma assentada, e foi o que também fiz ontem.
Já tinha uma ideia formada e bastante clara sobre a qualidade da escrita da Ana, através do seu blóguio, Porta do Vento, do qual sou visita recente. E acreditem que o elogio não é pequeno, tão saturada estou de mau português, de escritas deficientes, de asneiras atrás de asneiras. Gente do Sul veio reforçar aquilo que eu já pensava. A Ana, além de escrever com admirável correcção, é uma romancista nata, tem aquela qualquer coisa que não sei explicar, mas sinto quando encontro, grandes livros poderão brotar daquela caneta. Um já nos foi anunciado (ver aqui, ponto 5), estou numa espera ansiosa.
Old souls, lembram-se? Sorri da dedicatória carinhosa que a Ana apôs na terceira página, como deve ser - quem sabe... sabe (nunca ponham uma dedicatória na primeira, por favor!). Assim que a li, soube que esta era a música para falar destas pequeninas-grandes coisas.
No jantar de quarta-feira trouxe-me novo presente, Seda e Aço, um dos seus livros de poemas. Que ainda só folheei e já sinto que vou ficar a saber alguns de cor.
Old souls... Novo sorriso, acompanhado de um suspiro de saudade. O Nuno lembrar-me-ia uma certa história do Guilherme de Richmal Crompton, Novas Aventuras de Guilherme, que tem precisamente esse título. Eu sei, meu amigo, eu sei... E já não tenho ninguém com quem discutir apaixonadamente o Guilherme. Ou os Cinco. Ou Proust. Ou O Quarteto de Alexandria. Ou Stendhal (e manterei até à morte que o Le Rouge et le Noir é melhor do que o seu querido Lucien Lewen. A Chartreuse também, já agora. Continuaremos a discussão no outro mundo).
Querida, tu a falares com tanta ternura das tuas old souls... e eu com tanto desgosto, que nem publiquei. Só tenho tido desilusões. Felizmente, há New Souls, conhecidas por meios "dúbios" (diz-se), que até fazem 600 kms para nos visitar, quando as Old, aqui tão perto, nem se dão ao trabalho de olhar a verdadeira cara de alguém que já fez tanto por elas.
ResponderEliminarEstou a ver que a minha alma ainda tem que envelhecer...
ResponderEliminar:)
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Querida Teresa,
ResponderEliminarJá tinha estranhado a tua ausência também...
De que somos ambas old souls, não tenho a menor dúvida. E também twin souls em muitas coisas, que temos vindo a descobrir e que cada vez menos nos espanta, não é? Há coisas que não se explicam, de facto.
Quanto aos elogios (não exageres, por favor!) só posso agradecer-te o carinho. Conhecendo a tua fasquia invulgarmente alta, já me posso dar por muito satisfeita por teres chegado ao fim do livro...
Um grande beijo e... sim, a Jessica Harper ilustra bem tudo isto que tenho estado a dizer!
Por acaso...estive como estás. Tive que tirar umas férias da blogosfera exterior. Continuei a escrever no meu. Desisti do dos outros. Hoje deu-me para voltar a passar por todos. Vamos ver se fica a mesma vontade amanhã.
ResponderEliminarBeijos
Eh eh eh! Excelente jantar, em que até botas novas (e estupidamente altas, por sinal - onde é que eu estava com a cabeça?) experimentámos, perante o olhar horrorizado do vizinho de mesa.
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