Love is in the air

Que me lembre, esta é primeira vez que este meu cantinho embarca nas ondas generalizadas que ciclicamente percorrem os blogues e os fazem padecer daquilo a que eu chamo mesmice: vai-se a um, e lá está o tema, saltita-se para o seguinte e ele pula-nos à jugular, tentamos um terceiro e começamos a sentir-nos infelizes, porque o raio do assunto insiste em perseguir-nos. Lá pela oitava tentativa entramos em desespero, porque toda a gente fala de uma coisa que, em bom rigor, não nos interessa absolutamente nada.

Proclamo orgulhosamente que, por mais que procurem, A Gota de Ran Tan Plan, em quase ano e meio de existência, nunca dedicou meia linha aos temas que, a intervalos certos e quase previsíveis, invadem a blogosfera como um maremoto: do aeroporto na Ota ou em Alcochete ao desaparecimento da pequena Maddie, da legitimidade das qualificações académicas dos mais altos vultos da Nação às vivências dramáticas da nova lei antitabágica - que até sofri e sofro na pele -, todos foram olimpicamente desdenhados com soberana indiferença.

Mas hoje é Dia de S. Valentim, ou Dia dos Namorados, e toda a gente se empenha em falar dele como quem cumpre tarefa. Ignorei-o no ano passado, evidentemente. Mas é que no ano passado, por esta altura (o bold significa que é um pormenor importante), eu ainda não conhecia o Van Dog. Esta personagem é adorável, como ela própria nos desafia a confirmar (o mais cómico é que eu, que até conheço o nome por trás da personagem - trocamos correspondência esporádica - penso sempre nela... como um cão! Ora o Van Dog acaba de publicar mais um desenho que fez as minhas delícias, e apetece-me recorrer já aos serviços do petitiononline.com para reivindicar uma t-shirt com ele; só estou ainda indecisa quanto à questão de o desenho dever figurar à frente ou nas costas, vocês dirão de vossa justiça.

Eu, mulher assumidamente romântica às vezes a beirar perigosamente o lamecha, sempre embirrei com esta data de importação - tenham lá paciência, mas o santo padroeiro dos namorados, cá nestas lusas paragens, não pode ser outro que não o portuguesíssimo Santo António, que é de Lisboa e não de Pádua! Nunca mais me esqueço de ter ido à missa na igreja de Nossa Senhora da Conceição de Mayfair, em Londres, e de haver uma grande imagem dele logo à entrada. Finda a celebração, o padre estava à porta a despedir-se simpaticamente dos fiéis, coisa que eu costumava ver em filmes e séries de televisão, mas nunca associada à religião católica. Estendeu-me a mão, um sorriso bom e doce, disse não se lembrar da minha cara. Que julgam vocês que eu fiz? Não só me proclamei portuguesa como fiz questão de pôr tudo em pratos limpos e de deixar bem claro, BTW, que Santo António era de Lisboa e não de Pádua. Feitios. O meu, neste caso...

Nunca liguei pevide ao 14 de Fevereiro, mesmo reconhecendo que ao longo dos anos me rendeu alguns Swatch alusivos, coisa que não desdenho, apesar de nunca os pôr - e olhem que eu adoro Swatch, tenho dezenas! -, invariavelmente a embirração que nutro pela data acaba por estender-se aos inocentes relógios.

Assim, não fora o facto de esta pré-gripe que tenho conseguido manter sofrivelmente debaixo de controlo (tudo para ela poder atacar em grande amanhã, sexta-feira, vai uma apostinha?) me trazer num permanente mal-estar abominável, haviam vocês de ver a noite romântica que eu hoje teria! Com uma grande companhia que cada vez aprecio mais: eu própria!

E por falar em companhia: alguém vem daí comigo pedir ao Van Dog para fazer t-shirts destas?

Now playing: Don McLean - Eveybody Loves Me, Baby
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