Always the Sun
Sinto a Primavera no ar e qualquer coisa infinitamente doce estremece em mim, sensível como sou às mais imperceptíveis variações do tempo. E comovo-me. O sol vem aí outra vez. Há muitos, muitos anos, o M. descobriu - big deal! - que eu tinha uma tendência enraizada para amar apaixonadamente músicas em que a palavra sol entrasse no título. É o caso deste Always the Sun, a que nunca esgotei o sortilégio.
As fotografias são desta manhã, no meu exílio de luxo como fumadora: um vastíssimo terraço de linhas muito puras, quase severas, mas com a graça indizível de outros tempos. Ouve-se o canto dos pássaros e o céu tem este azul nítido que faz de Lisboa uma cidade tão à parte. Enquanto fumo o cigarro que ali me levou, embeveço na contemplação da magnólia grande, a maior de todas, os meus olhos atentos registam os jogos de luz e sombra que o sol faz nas paredes amarelas do imenso casarão, e quase ronrono de beatitude. Meia hora depois tudo estará já diferente e eu acho natural e gosto que assim seja, há em mim um grande acordo todo feito de aceitação, amálgama de Ricardo Reis e de Alberto Caeiro, o Mestre tão amado. Nesses momentos não há lugar para o outro que também habita em mim, o da mansarda, o que será sempre diferente, o que nasceu para ter só qualidades - Álvaro de Campos -, e sinto-me invadida por uma grande tranquilidade, um imenso contentamento.
«Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos
As fotografias são desta manhã, no meu exílio de luxo como fumadora: um vastíssimo terraço de linhas muito puras, quase severas, mas com a graça indizível de outros tempos. Ouve-se o canto dos pássaros e o céu tem este azul nítido que faz de Lisboa uma cidade tão à parte. Enquanto fumo o cigarro que ali me levou, embeveço na contemplação da magnólia grande, a maior de todas, os meus olhos atentos registam os jogos de luz e sombra que o sol faz nas paredes amarelas do imenso casarão, e quase ronrono de beatitude. Meia hora depois tudo estará já diferente e eu acho natural e gosto que assim seja, há em mim um grande acordo todo feito de aceitação, amálgama de Ricardo Reis e de Alberto Caeiro, o Mestre tão amado. Nesses momentos não há lugar para o outro que também habita em mim, o da mansarda, o que será sempre diferente, o que nasceu para ter só qualidades - Álvaro de Campos -, e sinto-me invadida por uma grande tranquilidade, um imenso contentamento.De todos os filósofos e de todos os poetas.»
Alberto Caeiro
Mensagens
Minha querida Teresa,
ResponderEliminarpois eu não sinto essa tranquilidade que partilhas connosco nem estou em fase de contentamento... Mas hoje partilhei desse teu Sol. Também por cá se fez um raio dele. Soube-me bem. A mim e à minha alma.
Gosto imenso desta música.
Que bom ter vindo aqui hoje.
Beijinhos
Lisa
Teresinha,
ResponderEliminarObrigada por esta música, adoro, amo!
E que sítio magnífico onde fumas! Também quero...
Olha olha, afinal fumar tens vantagens! Arejas, pensas e ainda tens um momento de tranquilidade ao veres um lugar calmo a ouvir os pássaros.
ResponderEliminarbeijo d'enxofre
Here comes the SUN com a Nina Simone é uma pérola que utilizaram na trilha de remake de NIKITA (filme que prefiro na versão original) mas a música ficou ótima... E tens razão, todos esses pessoas nos povoam nas pessoas multiplas que somos, mas agora ando só uma, ao contrário de ti, vendo o verão indo-se embora, com pitadas de outono e uma promessa de muito estio... Teresa,teresa... empresta-me esse sol e a tua Lisboa... ó céus!
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