sexta-feira, 30 de março de 2007

Enterro Cubano

De vez em quando ponho-me a fazer arrumações no pc. É incrível a quantidade de tralha que se acumula em pouco tempo! E é mesmo preciso deitar muita coisa fora. Há dias encontrei um texto que já tenho há anos, nem mesmo me lembro de quem mo terá enviado. Sei que me fez rir a bom rir quando o recebi, tão absurdo é. E por associação de ideias veio-me à memória uma história passada com a minha querida Nita, a minha melhor amiga, mãe do meu afilhado Filipe.
Há anos a Nita foi a Cuba com um grupo de amigos. Uma bela noite, estavam todos num bar com música ao vivo e a tonta, despassarada como sempre, provavelmente a achar que estava no Stone’s, arranca toda lampeira para o pianista para lhe pedir uma música. Mãozita a pousar-lhe no ombro, a escorrer charme (ela é muito bonita), perguntou-lhe no castelhano possível se ele não se importava de tocar aquela música tão gira, o Quando Sali de Cuba... O desgraçado encolheu-se todo, a olhar em volta e imediatamente a fazer-lhe sinal para falar baixo. E não, não podia fazer-lhe a vontade, essa música era proibidíssima! O que eu ri quando ela me contou a história é fácil de imaginar... E agora divirtam-se com a história que resgatei do baú das velharias. Espero que ainda não a conheçam.

Enterro Cubano
Toda a família em Cuba se surpreendeu quando chegou de Miami um ataúde com o cadáver de uma tia muito querida. O corpo estava tão apertado no caixão que o rosto estava colado ao visor de cristal. Quando abriram o caixão encontraram uma carta, presa na roupa com um alfinete, que dizia assim:

Queridos Pai e Mãe:


Junto envio os restos da Tia Josefa para que façam o seu enterro em Cuba como ela queria. Desculpem por não poder acompanhá-la, mas vocês compreenderão que tive muitos gastos com todas as coisas que, aproveitando as circunstâncias, lhes envio. Vocês encontrarão dentro do caixão, sob o corpo, o seguinte:

12 latas de atum Bumble Bee, 12 frascos de condicionador e 12 de shampoo Paul Mitchell, 12 frascos de Vaselina Intensive Care (muito boa para a pele – não serve para cozinhar!), 12 tubos de pasta de dentes Colgate, 12 escovas de dentes e 12 latas de Spam das boas (não são espanholas) e 4 latas de chorizo El Miño (do autêntico). Repartam com a família (sem brigas!!!)

Nos pés da Tia está um par de ténis Reebok novos, tamanho 9 para o Joselíto (é para ele, pois com o cadáver do Tio não se mandou nada para ele, e ele ficou amuado). Sob a cabeça há 4 pares de bobbies (aí chamamos-lhes rolos de cabelo) novos para os filhos do Javier, são de cores diferentes (por favor, repito, não briguem!).

A Tia está vestida com 15 pull-overs Ralph Lauren, um é para o Manolito e os demais para os seus filhos e netos.

Ela também usa uma dezena de soutiens Wonder Bra (os meus favoritos), dividam entre as mulheres e também os 20 vernizes de unhas Revlon que estão nos cantos do caixão. As três dezenas de tangas Victoria's Secret devem ser repartidas entre as minhas sobrinhas e primas (reservem as extra-large para a prima Remédios).

A Tia também também está vestida com nove calças Docker's e três pares de jeans Lee; Pai, fique com três e as outras são para os meninos.

O relógio suíço que o Pai me pediu está no pulso esquerdo da Tia. Ela também tem posto o que a Mãe pediu (pulseiras, anéis, etc.). A gargantilha que a Tia tem posta é para a prima Milagros e também os anéis que ela tem nos pés. E os oito pares de meias Chanel que ela veste são para repartir entre as conhecidas e amigas, ou, se quiserem, vendam-nas (por favor, não briguem por causa destas coisas, não briguem).

A dentadura que pusemos na Tia é para o Avô, que ainda que não tenha muito que mastigar, com ela vai dar-se melhor (que ele a use, custou caro). Os óculos bifocais são para o Pepe, pois têm a mesma gradução que ele usa, e também o chapéu que a Tia tem na cabeça. Os aparelhos para a surdez que ela tem nos ouvidos são para a Marujita. Eles não são exactamente os que ela necessita, mas que os use mesmo assim, porque são caríssimos.

Os olhos da Tia não são dela, são de vidro. Tirem-nos e nas órbitas vão encontrar a corrente de ouro para o Paco e o anel de brilhantes para o casamento da Purita. A peruca platinada com reflexos dourados que a Tia usa também é para a Purita, que vai brilhar, linda, no seu casamento. Se vocês tirarem a cabeça da Tia vão encontrar dentro o que Ernestito, o galã do bairro, me pediu.

Tirem tudo que lhes enviei antes que se dêem conta e fiquem com tudo!
Com amor, a vossa filha Carmencita.

PS: Por favor, arranjem uma roupa para vestir a Tia para o enterro e mandem rezar uma missa pelo descanso da sua alma, pois realmente ela ajudou até depois de morta.
Como vocês repararam, o caixão é de madeira boa (não dá caruncho); podem desmontá-lo e fazer os pés da cama da Mãe e outros consertos em casa. O vidro do caixão serve para fazer uma moldura para o retrato da Avó, que há anos está a precisar de uma nova. Com o forro do caixão, que é de cetim branco ($ 20,99 o metro), a Purita pode fazer o seu vestido de noiva.
Não se esqueçam, com a alegria destes presentes, de vestir a Tia para o enterro.

Com amor,

Carmencita

P.S. 2 POR FAVOR, NÃO BRIGUEM PELAS COISAS, POIS ENQUANTO PUDER MANDAREI MAIS.
Com a morte da Tia Josefa, a Tia Nieves caiu à cama; não desanimem, logo, logo, vocês receberão mais coisas.

Beijos, beijos, beijos da vossa
Carmencita

20 comentários:

  1. Devo ser das poucas pessoas que foi a Cuba e não gostou.
    E esta anedota trouxe-me à lembrança a miséria que, de facto, lá existe.
    Havana é (foi) muito interessante, mas hoje em dia mais não é que um amontoado de ruínas e podridão.
    Praias como as de Varadero há aos milhares, em locais bem mais agradáveis.
    não, Cuba não. Pelo menos enquanto lá estiver este senhor Fidel.

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  2. José,
    Eu então não tenho o MENOR interesse em conhecer o país! Nunca lá fui nem tenciono ir. Um pouco como o Oriente, que regra geral não me seduz nada.
    Eu sou basicamente Europa e América. E adorava ir à Austrália e à Nova Zelândia...

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  3. Ploooinnng!

    ESPERA ATÉ CONHECERES O MEU PLANETAA!

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  4. Olá teresa

    Da Austrália conheço apenas Perth e Sydney. E recomendo...

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  5. Querida Teresa,
    É verdade que Cuba é uma miséria e qua ainda para mais tem o governo que tem, mas diz quem lá foi que tem locais maravilhosos para ver. No que me diz respeito conheço apenas a riqueza da sua música e fantásticos músicos que se podem encontrar em qualquer parte de Cuba, na rua ou em outros locais (tudo isto dito por músicos amigos meus). Um músico que conheço muito bem, Ry Cooder, fez em tempos uma recolha que acabou por ser registada em CD e DVD Buena Vista Social Club. Este trabalho contou com a participação de músicos fantásticos, alguns dos quais verdadeiras pérolas da música cubana. Sou um roqueiro assumido, o rock nas suas múltiplas vertentes e os blues são a minha paixão e as minhas verdadeiras influências. Tal como a Teresa sou cada vez mais europeu (e comodista) e da américa vi o suficiente para não morrer estúpido (sem ofensa para ninguém), mas devido a ter viajado fora do circuito turístico e por diferentes estados vi muita miséria a nível social e cultural e percebi que a américa dos meus sonho só existe na minha cabeça. No que respeita ao Oriente só conheço Bankok, Taiwan e Hong Kong e sinceramente detestei tudo, principalmente a comida. Já não me suscita muito interesse viajar fora da Europa até porque gosto de conduzir estrada fora (sou doido eu sei), mas inegavelmente posso afirmar que em países miseráveis, oprimidos e excluídos nasce alguma da melhor e mais bela música que podemos escutar, disso eu tenho a certeza.
    beijinhos
    António

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  6. Cuba tem muita miséria, mas tem algo de especial. Apesar de poucas vezes ter conseguido fugir à excursão, vê-se que é um país maravilhoso, com uma alma imensa. A ver como ficarão as coisas quando o Fidel se for...

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  7. CÍCERO DIXIT:
    O Oriente é vastíssimo, Teresa. Que Oriente ?
    Conheço a Nova Zelândia (duas semanas) e, sob o ponto de vista natural, penso que nada pode ser mais belo. A Escócia é uma pequena introdução, mas só ligeira.

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  8. António,
    A música daquelas bandas deixa-me totalmente indiferente. Não me diz rigorosamente nada. Se for reggae, então, a minha reacção é quase física e já próxima do vómito. ODEIO! Não sei explicar, mas é assim.
    Já a sua ideia de guiar estrada fora... chamar-lhe doido?! EU?! Pois se é um dos meus sonhos! (aguente, que entretanto vou mandar-lhe por mail uma coisa que não deve conhecer..., just a sec...). Ok, já enviei. Fazer os Estados Unidos todos assim. Come to look for America..., como cantavam os S&G. Há quase três anos eu e o Victor tínhamos uma grande viagem já toda planeada, reservas feitas, algumas coisas até antecipadamente pagas. Tivemos de cancelar a poucos dias da partida. O Pai dele adoeceu gravemente, a minha Mãe começou a sentir em cheio todos os efeitos da quimioterapia. Impensável irmos para fora durante mais de três semanas naquelas circunstâncias. Voávamos de Londres para Denver (Colorado, John Denver, Flying Burrito Brothers, Peter Paul & Mary, etc. etc....). A partir daí seriam seis mil km de estrada, parques nacionais (o Victor tinha conseguido fazer reservas na maravilhosaestalagem de Yellowstone, só estava apreensivo com a possibilidade de vermos algum urso, sabedor da minha paixão por eles...), cinco estados daquele imenso país onde há de tudo, o melhor e o pior, a maior parte das vezes a dormir em motéis de beira de estrada, imagem memorável de muitos filmes (Alice Doesn't Live Here Anymore, por exemplo) e alguns livros (Lolita, à cabeça). Iríamos ao Mount Rushmore (Dakota do Sul, descanse que não íamos pôr-nos a fazer acrobacias na cabeça dos presidentes como no filme do Hitchcock), a Deadwood (onde está sepultada a Calamity Jane, e nós já a prevermos a nossa expulsão do cemtitério num carril com alcatrão e penas, porque forçosamente íamos ter ataques de riso a lembrar a impagável personagem dos livros do Lucky Luke)... a imensos sítios. Eu tinha gravado 16 discos para nos acompanharem na viagem, hei-de mandar-lhe a lista. Tenho uma pena doida de não ter feito essa viagem, que é só uma das muitas que gostaria de fazer naquele país gigante.

    Rafeiro,
    Eu tenho uma pena imensa da pobre gente de Cuba. Miséria, miséria, miséria. Ponho sérias dúvidas em relação à situação deles, mesmo depois do desaparecimento do Fidel.
    Afinal estás de férias ou não? Não vai haver post na 4.ª feira?
    Beijos.

    Cícero,
    Que desaparecido tem andado!
    Quando eu falo do Oriente que não me suscita qualquer interesse falo não só daquele a que eu chamo chapa-zero para turistas e onde toda a gente vai em manada (Tailândia, etc.), mas também de outro tipo de países, como a Índia por exemplo. Aquela treta muito em voga nos anos 60 de que ninguém volta igual de lá faz-me rir. Ver o Taj Mahal e mais meia dúzia de coisas não é para mim argumento suficientemente convincente. No entanto gostava de conhecer algumas coisas. Tenho pena de não conhecer Macau – por razões da mais pura lusitanidade, claro – e Hong-Kong. Gostava de conhecer algumas cidades do Japão, Kyoto à cabeça, com a aliciante extra da maravilhosa cozinha. Adorava ver a Grande Muralha da China. Apesar de o país me deixar profundamente desconfiada, gostava muito de conhecer certas partes da Turquia, aquelas onde estão os vestígios da maravilhosa civilização grega (mais numerosos do que na própria Grécia, segundo percebi)... Adorava ver as ruínas de Petra... (já deve ter dado para perceber que eu adoro História, não? Ai, a lista é tão extensa que só me apetece suspirar e cantar aquele verso do Moon River: “there’s such a lot of world to see...”

    Beijos a todos os meus amigos!

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  9. Posso entrar no seu blogue ?
    Raul (Andrade Pissarra)

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  10. Evidentemente que pode, Raul.
    Eu só embirro com anónimos (eu e toda a gente, parece-me).

    Seja bem-vindo.

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  11. Querida Teresa,
    Não sou amante de música latina, excepção para algum flamenco, nem de reggae e afiliados, mas como músico vejo-me obrigado a analisar os mais diversos tipos de música e quando estava na revista tinha que fazer a crítica de quase tudo e mais alguma coisa incluindo Metal (Argg!!) é nesse sentido que falo da música de Cuba e pelo facto de ter sido um trabalho de Ry Cooder que é um músico fenomenal, um guitarrista como muito poucos e tal como JJ Cale vêm da música "Cajun" (Sul dos Estados Unidos) tão desconhecida pelas pessoas. Aliás o meu gosto princípal são os blues (todas as formas e estilos) e depois o Southern Rock com Lynyrd Skynyrd à cabeça.
    Na parte que toc a viajar estrada fora tive o prazer de conhecer assim a maior parte da Europa pelo Norte, Sul e Centro pois durante 15 anos tinha que ir à feira da música em Frankfurth a célebre Frankfurth Messe e ia sempre de carro. Nos últimos anos já na revista íamos sempre 4 pessoas num monovolume alugado para o efeito (fantástico!!). Também fiz uma viagem por cinco países europeus em autocaravana, foi interessante.
    Espero que consiga fazer a sua viajem ideal, até já gravou os discos...rssss só falta mesmo ir.
    beijos

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  12. Tenho que me ir deitar: são 2:20. É tarde para mim, porque vivo naquela parte do mundo que adorava conhecer. Conheço-a como as minhas mãos e nela vivo há mais de 20 anos e nunca deixei de ser um europeu de gema.
    By the way também desconfio muitíssimo da Turquia, embora queira visitá-la como perigrinação para sentir a minha Troia e o meu Ephesus.
    Boa noite,
    Raul

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  13. Raul,
    Vive em Macau? Que engraçado! Deduzo que seja Macau... porque este contador que instalei hoje só regista por enquanto, além de Portugal, claro, visitas de lá e dos Estados Unidos.

    Quanto à Turquia... parece-me que as nossas razões são as mesmas. Como eu gostava de ver as ruínas de Tróia! A história da desborta pelo Schliemann fascina-me desde miúda. Também, por outros motivos, adorava ir a S. Petersburgo. Ai, o Hermitage! Ai, as noites brancas!

    Volte sempre.

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  14. A anedota tem piada, mas infelizmente retrata muitíssimo bem a pobreza que por lá se vive. Ainda assim, Teresa, é um sítio a visitar:
    - Havana faz lembrar uma senhora idosa, que já foi lindíssima e charmosa, que ainda sai à rua com as roupas de antigamente, e a pintura a mascarar as rugas como pode;
    - As praias são óptimas;
    - As pessoas são de uma humildade e simpatia desarmantes. Fui com a minha família há 10 anos atrás e como tínhamos ouvido falar da realidade cubana, demos toneladas de canetas, sabonetes, shampoos, t-shirts, chapéus, dólares, enfim, eles precisavam infinitamente mais do que nós. Para além disso, são um povo muito culto, ainda que muitos tenham o pensamento regrado pela cassete que sempre se habituaram a ouvir;
    - A Bodeguita del Médio onde se come divinalmente, e a Floridita, poiso habitual (diz-se) do Hemingway para beber o seu daiquiri;
    - A Guantanamera, música que reconheci no primeiro acorde de um dos muitos grupos que tocavam em todo o lado;
    - As lagostas preparadas por e comidas em casa dos cubanos. Vá lá, as lagostas de lá até nem são uma maravilha, mas o tempero era excelente!

    Mudando de destino, sim, S. Petersburgo é um sítio a visitar. Experimenta lá para o o meio de Julho, para ainda apanhares as noites brancas. E tira dois dias para visitares o Hermitage. Estive lá apenas uma manhã e quase cheguei ao ponto de bater no guia e no resto do grupo, que nem me deixaram apreciar convenientemente a riqueza do que me rodeava! Aproveita igualmente para visitares os palácios que a Catarina, a Grande oferecia aos seus "amigos" ;-)

    Bolas, descobri que preciso de ir de férias!

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  15. Olá linda!
    Ainda sobre Cuba. Claro que há sempre os detractores e às os paladinos. Eu não enfileiro nem com uns bem com outros. O país não me desperta interesse, é tudo. Há quem ache Marrocos o máximo, eu abomino o raio do país, que queres? Mas como pessoa razoavelmente informada, tenho plena noção das coisas de que falas, da cultura e amabilidade do povo, etc. Há uns 5 ou 6 anos esteve muito na moda um restaurante em Lisboa, o Glória Cubana, e uma amiga minha passava lá a vida, que adora aqueles ritmos e adora o país. Ela já se dava com o pessoal todo (que era cubano e estava sempre a aterrorizado com o gerente). Era Inverno e eles não tinham nada, viviam num apartamento tipo camarata. Numa noite em que lá fui com ela, acabámos em minha casa, eu a escolher roupa e a dar cobertores... E nem era amiga deles, que só lá fui poucas vezes.

    Mais uma da minha amiga Nita que me mata (aquela miúda é mesmo despassarada...). Uns tempos depois da sua ida a Cuba fomos jantar ao Bonsai, que eu e o namorado da época adoramos cozinha japonesa e ela e o namorado nunca tinham provado. Acontece que o Pedro, que tinha sabido da gaffe dela com a música adorou de tal maneira a história que foi contá-la no Centro de Bridge, onde passa a vida. Fez um sucesso louco. Ora no tal jantar no Centro ele trouxe dois amigos nossos do Centro. Um deles ficou ao lado da Nita. Conversa para cá, conversa para lá, em breve descobriram que tinham estado em Cuba quase ao mesmo tempo. E eis que o outro, o Zé, se lembra de repente da história do Quando Sali de Cuba!
    - Ó Teresa, não é você que tem uma amiga que pediu para toc... - ainda começou ele. Graças a Deus, o Pedro, sentado ao lado dele, ferrou-lhe uma valentíssima canelada que o calou a tempo. Eu fiquei roxa, claro...
    Uns minutos depois, como a Nita e o Nuno continassem em intercâmbio de experiências (tenho de repetir que ela é muito... despassarada), oiço-a perguntar esta delícia:
    - E também foi à casa do Orson Welles?
    Olha, eu quase deslizei para debaixo da mesa, e só consegui rosnar-lhe "Hemingway, Nita, Hemingway..."

    E por falar em Hemingway e em daiquiris (raios, que nunca mais me calo!), estou a lembrar-me de uma história contada há muitos anos por un jornalista americano que foi a Cuba entrevistá-lo e que li não me lembro onde. O jornalista tentou documentar-se o melhor possível, assimilar toda a informação possível sobre ele.

    Chega a casa do escritor às dez da manhã para a entrevista, o outro, muito atencioso e perfeito anfitrião, pergunta-lhe o que quer beber.
    - Um daiquiri - responde o jornalista sem hesitação, para se "enturmar".
    O Hemingway fez uma cara muito espantada:

    - A esta hora?!

    S. Petersburgo. Não será certamente nos próximos tempos que lá irei. Estou a morrer de saudades dos Estados Unidos, por exemplo. De NY, mais concretamente. E há duas outras viagens para mim prioritárias: Polónia (quero ir a Auschwitz to come full circle - já estive em Dachau, onde nem consegui tirar uma única fotografia, pareceu-me que seria uma profanação e Itália (Assis). Mas claro que é obrigatório ir a S. Petersburgo no Verão... Há quanto tempo lá estiveste? Acho que a cidade (toda a Rússia) está absurdamente cara.

    Beijinho grande. Já vi o teu relato do casamento. Aí está uma coisa em que somos diferentes. Eu PAGO para não ir a casamentos! Já lá vou. Agora tenho de ir visitar a nossa mana AEnima e pelo andar da carruagem chega a hora do Prison Break e eu aqui...

    P.S. Olha que tu não digas mal da Catarina, a Grande! Podes meter-te em sarilhos. Isto dava pano para mangas, prende-se com a verdadeira história de Messy, Messalina Valéria, a minha adorada siamesa. Talvez um dia vo-la conte às duas, a ti e à AEnima, mesmo correndo o risco de vocês acharem que eu sou doida varrida - se não acharem já.

    To cut a long story short, há tempos eu estava a ouvir Tchaikovsky, deu-me uma parvoeira e mandei um sms ao Victor que dizia o seguinte:

    "Messy adora Tchaikovsky. Deve ser a sua alma russa. Não podemos esquecer-nos de que descende em linha recta de Gatarina, a Grande".

    Ele, que leu aquilo à pressa (e as letras C e G têm formas parecidas), respondeu-me imediatamente:

    "GGatarina, sua estúpida!"

    E eu:
    "E se lesses com mais atenção, cretino?" - é que ele adora as história de Messy, também constrói umas quantas. Nenhuma melhor do que quando falsificou e me mandou por mail o programa da ENO (English National Opera), que ia levar à cena a "Agrippina" de Handel... mas essa é mesmo melhor não a contar.

    Beijos!

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  16. Olá do novo,

    Estive em Moscovo e S. Petersburgo em 2001. Vale realmente a pena visitar as duas cidades. Infelizmente, só lá estive uma semana (dividida pelos dois sítios), mas adorei! Lembro-me de ter chegado a Portugal à meia-noite, deitar-me às três e ir trabalhar às nove no dia seguinte!

    Auschwitz (e Birkenau) é, definitivamente, muito pesado. Quando fores, prepara-te para voltares de lá deprimida, desiludida com os seres humanos e mais a sua mórbida genialidade, porque TUDO foi pensado ao mais ínfimo pormenor de eficácia e eficiência. Estou a escrever isto e sinto um arrepio gelado.
    Contudo, Cracóvia é linda, fica perto e deverá ser visitada antes de se tornar lugar da moda.

    Eu seria incapaz de dizer mal da Catarina, a Grande! É verdade que teve muitos protegidos, mas não o disse num registo negativo. Doida varrida, tu? Nem por sombras! (Claro que isto vindo de alguém cuja irmã lhe diz "tu não és normal" enquanto abana a cabeça como se já não restasse mais esperança, pode não abonar muito a favor... de nós as duas!)

    Quanto a casamentos: este último deu-me a oportunidade única de me poder despedir de alguém muito querido que faleceu esta madrugada. Chama-me louca, mas tive essa premonição.

    Beijos!

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  17. Ora aí está alguém que sabe aproveitar as oportunidads lol! Temos de aprender com a Carmencita!
    Beijinhos

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