domingo, 18 de fevereiro de 2007

Saudade. Ainda e sempre. Para sempre.


Faz hoje dez anos — uma década! que foi a enterrar. Nestes dez anos julgo não ter havido um único dia em que, por esta ou aquela razão, não me tenha lembrado dele. Os meus mortos andam sempre comigo, mais vivos em mim do que muito boa gente que eu bem poderia dispensar.
A seguir à morte dele estive praticamente um mês sem dormir. Adiava o momento de ir para a cama o mais possível, na esperança de que o cansaço me vencesse. Andava extenuada, mas o sono continuava arredado de mim. Foi uma grande perda. Lembro-me dele a propósito de tudo e de nada, ainda hoje. Várias vezes, ao longo destes anos, num sítio ou noutro, de repente vejo alguém remotamente parecido com ele e exclamo para comigo num sobressalto e numa alegria desatinada e impossível de conter «Olha o Vasco!», coisa absolutamente absurda. Caio logo a seguir em mim e lembro-me de que ele já não é deste mundo. Tenho saudades dele. Tenho tantas saudades dele! E lembro-me de uma outra voz linda – porque a voz era uma das coisas mais bonitas que o Vasco tinha –, a do Morgan Freeman, naquele filme tão amado, a dizer I guess I just missed my friend...
Atravessei a noite de 15 de Fevereiro, data da morte dele, a escrever. Começava assim...
"O Vasco morreu hoje. O Zé Alves telefonou-me há pouco, era quase meia-noite. Amanhã vem buscar-me, vamos juntos nem eu sei bem onde. Para dizer a verdade, nem sou capaz de reconstituir o que ele me disse, lembro só vagamente que falou em cremação.
Depois de desligarmos fiquei muito tempo imóvel, encolhida a um canto do sofá, meio atordoada, um medonho nó na garganta. De repente percebi que estava gelada, que tremia de frio. Levantei-me e fui acender a lareira. Depois fui à cozinha à procura de qualquer coisa para beber. Não me apetecia whisky de repente pareceu-me ouvir a voz grave e maliciosa do Vasco numa noite de equinócio de um Verão de há muitos anos a dizer «sabe que não tenho água de Castello...» não, decididamente não me apetecia whisky. Em vez disso, abri uma garrafa de bom vinho tinto (Frei João, uma reserva de 90, presente do Zé Alves), pu-la a respirar na lareira.
Precisava de música, claro. E só havia duas hipóteses possíveis: Mozart ou Bach; o Requiem ou A Paixão Segundo S. Mateus.
Provei agora o vinho. Um veludo. Ao som dilacerante e ao mesmo tempo estranhamente consolador do Requiem, levantei o copo num brinde silencioso ao Vasco, que eu quero lembrar assim, amante dos prazeres da vida, um copo na mão, num qualquer dos nossos muitos jantares no Altair, ou no Gambrinus, ou no Pescador, ou nos Arcos... numa qualquer das nossas tantas noites de Stone’s, perdidos em intermináveis e labirínticas conversas, o olhar azul dele, de um azul muito escuro e tão bonito, a envolver-me de uma maneira de que eu gostava e que me fazia sentir bonita, espirituosa, interessante...
Que Deus o guarde guarda de certeza, mesmo sendo ele enraizadamente descrente. Senhor... como terá sido a última hora dele, aqueles instantes que antecedem a entrada na grande escuridão? Terá sabido que era aquele o momento? Terá tido medo? Terá visto a Tua mão estendida?
Nunca mais... ah, o horror destas duas palavras! Nunca mais... nenhum jantar... nenhuma conversa... Nunca mais um encontro de acaso no Stone’s...
Do fundo nebuloso dos anos vejo-nos aos dois outra vez ...”
Não sei chorar lá muito bem. Escrevo. Escrever foi a minha maneira de chorar o Vasco naquela noite. Páginas e páginas de memórias, as nossas memórias comuns. Quase todas muito alegres, que o sentido de humor foi a primeira coisa a aproximar-nos. Apesar da diferença de idades, à época monstra – ele tinha mais treze anos –, sempre nos entendemos às mil maravilhas. Aliás acho que a nossa amizade começou justamente aí. Eu era muito novinha e muito tonta, estávamos a conversar e eu disse qualquer coisa que o fez arrebitar a orelha:
Mas que idade é que a menina julga que eu tenho?
Prudentemente – bolas, ele já tinha o cabelo completamente grisalho! – descontei alguns anos e arrisquei um “Sei lá... 40?... “
Eu tenho 33 anos!!! – fuzilou ele.
E eu, sem ponta de tacto, atirei-lhe com uma frase muito parva de um velho anúncio de televisão (Restaurador Olex):
Pois olhe... não parece!
Escangalhámo-nos os dois a rir, que ele localizou a origem e achou graça. Assim começou a amizade que ainda hoje perdura – só sei falar do Vasco no presente, mesmo não conseguindo conversar com ele há dez anos.
O Vasco tinha um conhecimento intuitivo de todas as coisas às vezes tão contraditórias que podem caber em mim. Um conhecimento quase animal. E isso era bem a soft place to fall. Nem sempre o Victor, durante tantos anos tão feliz com a Ana, podia estar por perto, e muitas vezes o Vasco teve o papel de segundo melhor amigo (o primeiro lugar será sempre indisputável).
Lembro-me bem do seu olhar.
Ele atravessa ainda a minha alma como um risco de fogo na noite.
Lembro-me bem do seu olhar. O resto...
O resto parece-se apenas com a vida.

Durante toda a minha vida adulta e consciente associei este poema obcecante de Fernando Pessoa (poema que sei de cor e muitas vezes dei comigo a murmurar em surdina, como os versos de American Tune, em sítios tão absurdos como o metro), a um certo olhar de uma certa pessoa, que o Vasco conheceu muito bem, tendo acompanhado carinhosamente, como o Tio Fernando (querido Tio Fernando, outra saudade! Foi com ele que vi quele concerto dos S&G no Central Park, a explicar-lhe a importância daquilo, daqueles dois senhores..., ao lado dele desabei num choro desgarrador com aqueles versos até àquela noite desconhecidos de The Boxer* que pareciam feitinhos de propósito para me ferir, agravados pela troca de olhares cúmplice e pela pancadinha nas costas dada por Art, podíamos ser eu e o Victor) a minha penosa e muito demorada recuperação. Sempre amigo, sempre atento.
*Now the years are rolling by me
They are rocking evenly
I am older than I once was
Younger than I'll be, that's not unusual.
No, it isn't strange
After changes upon changes
We are more or less the same
After changes we are more or less the same
Só esta noite, pela primeira vez, me ocorre mudar o verde do olhar impossível de esquecer do poema para o azul-escuro do olhar do Vasco. Porque a amizade é bem mais duradoura do que o amor, por maior que o amor possa ter sido. E ele sabe, que muito lhe chorei no ombro. Os tempos verbais estão certos. Mesmo hoje, dez anos passados, só sei referir o Vasco no presente, tão presente ele continua.
The Last Time I Saw Richard... É-me mais fácil contar-me em música, daí lembrar-me agora desta música de Joni Mitchell. Meu Deus, que seria de mim se não fosse a música?...
The Last Time I Saw Vasco... Foi lá por Setembro, mais provavelmente Outubro de 96. Avisada do que se passava pelo Zé (Teresinha, há quanto tempo não fala com o Vasco?), telefonei-lhe a fingir que era por acaso. Não subestimemos a nossa amizade, o laço especial que tínhamos, tivemos sempre. O Vasco convidou-me de imediato para jantar e nesse último jantar naquela nossa mesinha de canto na sala pequena do Gambrinus contou-me TUDO. Doeu-me vê-lo fisicamente já tão mudado pela doença, mas não me apetece escrever sobre isso agora, tanto ela tem atingido nos anos mais recentes pessoas que me são próximas, a começar na minha Mãe. Com o seu frio raciocínio matemático, o Vasco disse-me ter 30 por cento de possibilidades de se safar daquilo, que a percentagem era tolerável e que ainda havíamos de ir juntos a S. Petersburgo (ele era um cepo em matéria de literatura – e de música, já agora, mas havia de gostar deste Adagio do Barber que aqui pus como música de fundo especialmente para ele –, mas sabia da minha paixão por Dostoievsky e do fascínio pelas noites brancas). Quando me deixou à porta de casa demos as mãos (e ainda sinto o toque da mão direita dele na minha mão esquerda) e eu disse uma coisa arriscada, mas sentida:
Vou rezar por si. Tenho fé.
E eu agradeço. Gosto da sua fé. Gostava de a ter.
Assim nos separámos. O meu amigo Vasco, ateu empedernido, não fez troça.
Pouco importa que não fosse crente. Era um homem bom. Está à direita do Pai. E olha por nós, que não o esquecemos.
«... But I’m never gonna lose your precious gift.
It will always be that way.»
(Moody Blues, New Horizons)
O meu poder de síntese é nulo. Julgava eu, nesta data, só conseguir alinhavar umas escassas linhas. Escrevi e escrevi. Ainda assim, quero deixar aqui um outro testemunho. Que me repugna pelo conteúdo, evidentemente. O tema “caça” era motivo de pega permanente entre mim e o Vasco. Depois de me desdobrar uma série de patacoadas pretensamente científicas a louvarem os méritos ecológicos de tamanha barbaridade (abençoado riso, estou a lembrar-me de uma vez que em ele gastou mil e tal contos numa espingarda qualquer e foi para a Bulgária caçar ursos... Não só não pôs os olhos num único exemplar EU ADORO URSOS!!!! como me confessou depois que tinha passado uma fome de cão num país ranhoso onde não havia nada de nada, bem feito!), o Vasco costumava dizer “Um dia destes convido-a para vir comigo...” Perante o meu ar horrorizado acabava por conceder “é melhor não, a menina ainda ia acabar a fazer de enfermeira da caça...”
É por isso que, por falar em caça – ranger de dentes meu, já se sabe, passo a palavra ao Janica Capristano. Estas são as memórias dele e do Vasco. E são tantos anos! A amizade deles começou no ano em que eu nasci. Sobre o tema, eu e o Vasco ainda havemos de continuar a discutir no outro mundo. Como sempre. É que nós adoramos discordar! Presente, uma vez mais. Sempre. O Vasco está vivo em nós. Em mim, na Nita, no Pedro (irmão), no Filipe (sobrinho), no Janica, no Celso, no João Moura (amigos), em tanta gente de quem nem o nome sei, no António Veiga que nos deixou já este ano e que como tal está mais vivo do que nós porque entrou na verdadeira vida, aquela em que o Vasco não acreditava e de onde nos vê agora, na Teresa, ao lado dele até ao fim, engolindo paredes meias com o sofrimento que até me dói pensar afrontas impensáveis de gente que de gente tinha e tem pouco.

VASCO VALLE
Estou sentado no meio da mancha no posto 22 da úl­tima montaria da época e, enquanto a montaria não começa, sinto um tremendo vazio. As imagens da memória sucedem-se a uma velocidade alucinante.
Tinha 13 anos quando te conheci. No primeiro dia de aulas no Liceu Francês onde fomos colegas na turma que ficou conhecida como o «tenebroso 4.º M». Não precisámos de muitos dias para estabelecermos uma amizade que o tempo consolidou. Nunca precisei de te dizer que era teu amigo. Nunca precisaste de dizeres que eras meu amigo. Estava latente e sempre presente a amizade que construímos. Por vezes, nem precisávamos de falar nem de estar juntos. Sabíamos perfeitamente que, quando necessário, podíamos contar um com o outro como sempre aconteceu. Até ao último dia. No teu último dia eu faltei, troquei-te por uma montaria qualquer, apesar do previsto desde que adoeceste ter surgido de forma tão imprevista.
Ainda há poucas sernanas, em conversa com o ManeI, comen­távamos a sorte que acompanhou o nosso grupo de caça com milhares de quilómetros percorridos, milhares de tiros dados e, mais recenternente, algumas centenas de balas cruzadas e em que não tivemos nenhum acidente, nenhuma contrariedade.
Tínhamos 18 anos quando começámos, oficialmente, a caçar juntos. Inicialmente eras tu, eu, o Manel, o Carlos e o Bi, a que se juntaram o teu irmão Pedro, o João Pedro, o Luís, o João, o Chinchila.
Começámos a caçar narcejas nos arrozais de Terça, Monte Novo, Casebres, Samora, Salvaterra, Vale d'Arca. Durante anos os arrozais eram só nossos. Ninguém gastava cartuchos num «pássaro» tão pequeno e tão difícil de «pendurar».
Continuámos a caçar patos nas lamas do Tejo, nas caixas, nas murraças e nas barragens de Pavia e acabámos nos açudes de Val'Boi.
Praticamente só tirávamos as botas de borracha para atirar às perdizes em Outubro e às rolas em Agosto.
Mas o que realmente gostava de fazer, como tantas vezes costumavas dizer, era «arrear a peida molhada no combro das narcejas» para a espera da tarde.
Depois da «abrilada» tivemos de procurar «exílio cinegético» em Espanha. Conseguimos manter o grupo intacto e admitimos reforços, o Carlos P., o MigueI e o Tozé.
Quando foste com o João alugar o couto, enganaram-se, enfiaram o barrete e alugaram o couto do lado, Las Casetas, em vez de alugarem aquele com que finalmente ficámos, Roda.
De quinze em quinze dias arrancávamos às sextas-feiras com destino ao famoso Hostal de EI Ronquillo em que o pequeno almoço na barra tinha preço «fixo», a «olho»!
Voltávamos no domingo às tantas, rebentados, mas cheios, umas vezes de caça, mas sempre de amizade, de camaradagem a contar os dias para a caçada seguinte, até ao dia em que o Bi resolveu questionar o dono do couto sobre as 10 toneladas de trigo que ele dizia ter espalhado pelos cevadouros e que ninguém tinha visto, recebendo como resposta: «Las hormigas lo tragan todo!» e uma «ordem de despejo» para a época seguinte.
Para manter o grupo intacto alugámos Val’Boi durante alguns anos e neste último ano ajudei-te a enfiar o barrete do couto das narcejas, sempre com o mesmo objectivo.
Nos últimos anos passaste a dedicar-te mais à caça maior, melhor dizendo, aos javalis. Ainda consegui resistir, ao princípio, mas, definitivamente, pregaste-me o «bicho», não conseguindo explicar a transformação de «caçador de marrequinhas» para «monteiro». Talvez tenha sido para poder continuar a acompanhar-te.
Quando comecei a reunir o grupo para montar a sociedade que veio a adquirir a Calibre 12 foste o primeiro a ser contactado. Como habitualmente fizeste contas, deste conselhos, apresentaste críticas mas acabaste por entrar como accionista. Tenho a certeza de que o fizeste por mim.
Quando alguém desaparece normalmente enaltecem-se as qualidades, omitem-se os defeitos. No teu caso, se bem te conheço, deves estar a teimar com St.º Huberto sobre os melhores locais para montar os cevadouros para as próximas luas.
As memórias são interrompidas por uma ladra das matilhas junto ao meu posto onde passados alguns segundos entram dois javalis. Atiro ao primeiro, acerto, cai na ribeira e viro-me para o segundo, atiro e acerto mas continua a correr.
Carrego a express e volto a atirar, acerto outra vez mas o javali não pára, atiro a terceira vez e finalmente imobiliza-se.
Acudo aos cães que entretanto agarram o primeiro ja­vali, apenas ferido e remato-o com a faca. São duas por­cas, uma com mais de 100 quilos. O resultado de um bonito lance de montaria com que St.º Huberto me quis presentear e que te dedico inteiramente com a tristeza de não as poder rever contigo, em imagens, ao almoço ou ao fim de um dia de trabalho.
As matilhas passam. O silêncio instala-se e as memórias do passado, agora mais recente, regressam.
Relembro os teus últimos meses em que parecíamos dois mentirosos, eu a animar-te que estavas melhor e tu a admitires o facto, sabendo ambos que era uma questão de poucos meses. Nunca te ouvi um queixume, uma crítica, um !amento, apenas alguns gracejos pelo «incómodo» da situação e o aborrecimento que a doença te causava por não poderes caçar esta época.
E o dia da tua última espera chegou. Que não conseguiste vencer nem adiar por mais tempo. O adversário era demasiado poderoso. Mesmo para ti.
Deixas família entristecida, amigos inconformados e um grande vazio que jamais poderá ser preenchido.
Pertences a uma raça em vias de extinção. Daqueles que acreditam que a amizade tem de ser incondicional, natural e espon­tânea, que a vida merece ser vivida com intensidade no que acre­ditamos, aproveitando todos os dias.
Agora podes, finalmente, descansar em Paz.»
João Capristano
Calibre 12, N.º 66 - Março de 1997

6 comentários:

  1. Coincidência ou não, terminei de ler quando o Adágio terminou... e não tenho palavras. Mas que lembrança, que homenagem. Enquanto houver amigos como tu, certamente a memória dele não será esquecida. Parabéns, Teresa, pela maneira como abriste aqui o teu coração. Um beijo.

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  2. Qual "grande escuridão" Teresa? O caminho do Vasco é de Luz. Ele está bem!

    Eu penso sempre nos meus "mortos" como seres superiores que ascenderam, zelam por mim, atingiram a imortalidade.

    Beijos de enxofre, muitos.

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  3. Rafeiro e Diabba, estes vossos comentários deixaram-me perigosamente perto das lágrimas. A frase O caminho do Vasco é de Luz calou fundo, nunca mais a esqueço. Obrigada. Aos dois.

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  4. CÍCERO DIXIT:

    O que conta lembra-me uma situação pelo qual passei vai fazer nove anos.

    O Luís Zuzarte foi um dos meus maiores amigos. Éramos tão diferentes ideologicamente, mas sempre nos demos muito bem. Vi-o ter zangas de ficar sem fala por uns tempos com os do o partido (B.E.)e comigo nunca se zangou. Ele era o amigo para a hora mais difícil. Morreu fazendo mergulho ao largo da ilha de São Jorge.
    Soube da sua morte dias depois, porque nessa altura viajava muito longe de Portugal e não tinha telemóvel (Só comecei a usar em 2001 por exigência da minha família, quando uma vez estive hospitalizado e muito longe de Portugal). Mas voltando ao Luís.
    Um grande amigo meu que o conhecia sabia que nos dias "x" eu estaria na casa de uma pessoa cujo número de telefone sabia. Telefonou-me e disse o que acontecera. Não lhe vou dizer o que senti, porque não vale a pena. Só sei que a minha viagem terminou naquele momento e arranjei um voo de regresso a casa.
    Isto lembra-me a "grande" amizade do Ramalho pelo Eça. Quando o Eça morreu, estava o Ramalho em viagem pela Itália. Soube da notícia, mas continuou viagem.

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  5. E nem estava assim tão longe, que o Eça morreu em Paris. A 16 de Agosto de 1900.

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