quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Richard Harris. A voz... e as vozes

Há dias o Victor, de regresso de Londres, contou-me uma história lida na Time Out sobre este grande senhor, o do mítico Macarthur Park, que me fez chorar a rir. Humor britânico no seu mais puro.

Richard Harris viveu os últimos anos de vida no Savoy de Londres. A história é sobre as que foram provavelmente as suas últimas palavras. Estava ele num jantar no hotel, com imensa gente, quando se sentiu mal. Percebendo que a coisa era grave chamaram imediatamente uma ambulância, que foi buscá-lo à sala de jantar. Já na maca, a ser transportado para fora, ainda arranjou forças para soerguer a cabeça e dizer aos consternados presentes:

– Don’t eat the fish...

Pouco depois perdeu a consciência, parece que não tendo voltado a falar.

Richard Harris tinha uma voz LINDA, que figura na minha lista das vozes mais bonitas de sempre (sou e sempre fui muito sensível a vozes). Cá vai essa minha lista, sendo que só a primeira é para mim resolutamente qualificada como a voz mais avassaladora que alguma vez ouvi. Todos os outros, além de serem extraordinários actores, têm vozes lindas e não sei decidir-me mais por esta ou outra, daí que as inscreva por ordem alfabética.
Jeremy Irons. Voz de me atirar nua para o chão. Só aquela abertura do Brideshead... Here, at the age of 39, I began to be old... Ou aquela frase que, tantos anos depois, ainda não esgotou o sortilégio que em mim exerce... For we possess nothing certainly except the past...

Richard Burton. AGARREM-ME!!!

Sean Connery. De todos, o menos bom como actor. Mas a voz… ah, a voz!!!!

Morgan Freeman. Uma única palavra: Adoro-o!!!

Ben Gazzara. Há muito bom especialista em teatro que considera
que ele tem talvez a voz mais bonita de que há memória.

Lorne Greene. Sim, o Ben Cartwright do Bonanza de quando eu era
muito pequena; tinha uma voz linda.

Richard Harris. Ele, Richard Burton e Peter O’Toole eram drinking buddies, suspeito que entre os três eram capazes de dar conta da produção de uma destilaria de média dimensão em tempo recorde. Que trio! Sonho impossível: fechar os três num quarto e comandar Agora falem comigo, vá!

Anthony Hopkins. Apaixonei-me por ele e por ela, voz, aos 12 anos,
quando fez o Pierre do Guerra e Paz

James Earl Jones

Peter O’Toole

Christopher Plummer. Naquele momento em que a voz se lhe embarga no último verso do Edelweiss (num certo filme que eu só devo ter visto umas 279 vezes...), desato sempre a chorar.

Donald Sutherland. Uma voz que é uma volúpia, aveludada como um vinho precioso.


PORTUGUESES:

Sinde Filipe

Joaquim Letria (de dar arrepios pela espinha acima e abaixo).


As vozes femininas ficam para outro dia. A da grande Lauren Bacall à cabeça.

20 comentários:

  1. bemmmmm... que grande e boa escolha!!!

    concordo mesmo ctg!

    excepto nos tugas, não acho a voz do Sinde Filipe lá essas coisas, mesmo, até acho a voz irritante!
    Gosto da voz do Diogo Infante (k fica lindamente na cara k transporta)

    beijos de enxofre

    P.S. ainda bem k mudaste o post. O outro era entristecia-me

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  2. Venham sugestões, venham listas pessoais!

    Concordo que o Diogo Infante tem uma voz linda - e que a cara também não está nada mal...

    Mas do Sinde Filipe não abdico, tem lá paciência...

    Beijo grande.

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  3. lindas e maravilhosas vozes! Vi um comentario teu no blog da diabba em que adorei o nome das tuas gatas... demais! A Agripina Germanica entao, ultrapassa em excentricidade da Jeropiga Maria, a minha cadela. O meu gato eh o Olivander Jose.

    Ai... fui so ali ter um orgasmo a relembrar a voz do Irons... A altura e a voz, sao provavelmente a unica coisa fisica importante para mim num homem.

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  4. Messalina e Agripina gostaram que tivesses gostado dos nomes delas. E olha que Jeropiga Maria é fora de série!!! Também conheci em tempos um cão chamado... Carapau de Corrida.

    Quanto à voz do Irons... só um?! É uma voz de dar orgasmos múltiplos!!!

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  5. Ola Teresa,

    Estive a ler outas postagens tuas. Cativa-me a tua escrita. Fui comentando por ai abaixo. Li em silencio e com o no na garganta as tuas memorias do teu amigo, e escuso-me a comentar este. So o mencionei porque os meus pais tem um amigo chamado Joao Moura que deve ter aproximadamente a idade do Vasco.

    Gosto das pessoas que admitem gostar de marcas e sabem aprecia-las. Nao sao as marcas, sao a qualidade do produto, o estilo inconfundivelmente chique. Tambem nao tenho dinheiro para elas, mas dou-me ao luxo de um ou outro esbanjamento, muito criticado por amigos e conhecidos.

    Escrevo-te de Columbia, Carolina do Sul, EUA.

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  6. Olá Aenima, bem-vinda!

    Estive a ler os teus comentários e vou responder a todos aqui, para evitar que andes a saltitar de post em post. E sugiro desde já que copies isto para uma folha de word para te facilitar a leitura, que eu sou uma mulher completamente destituída de poder de concisão e prevejo que a resposta vai ser longa...

    Agradeço o comentário favorável à minha escrita, cujo único mérito é, na verdade, ser ortográfica e gramaticalmente correcta. Relativamente ao meu amigo Vasco, é bem possível que o João Moura amigo dos teus pais e o amigo dele sejam a mesma pessoa., este mundo é tão pequeno! O Vasco faria em Dezembro 60 anos. Confere?

    Columbia, Carolina do Sul... ah, mataste-me de inveja! O 8.º Estado, onde a Guerra da Secessão começou, com o ataque ao Forte Sumter... Adorava conhecer Charleston, sabes? E também fazer uma plantation tour... com o White Mansions a ecoar na minha cabecinha tonta (Oh Dixie...). Conheces o álbum, tu que como eu és uma mulher de música, ainda que as nossas músicas sejam diferentes? E és portanto uma Southern girl! Que fazes aí e há quanto tempo? Se quiseres, e para manter uma privacidade que a Net cada vez faz mais difícil, manda informações pessoais para a caixa postal que criei para esta página. Uma portuguesa a viver num Estado entalado entre a Georgia e a Carolina do Norte tem que se lhe diga e terá certamente muito que contar! E eu, que muito gostaria de ter tido a experiência de viver no estrangeiro durante algum tempo, fico a salivar com os redlatos que de ti podem vir. Para já, recomendo-te um livro fascinante da Clara Pinto Correia com coisa de 20 anos: The Big Easy. Aposto que muitas das coisas que ela lá conta da sua vivência em Buffalo, Texas, te porão a abanar a cabeça em concordância.

    Sobre as minhas maravilhas gatais (também eu uso o adjectivo, e outros absolutamente cretinos de minha invenção pessoal, como gatação):

    A varanda é território delas. Bom, o resto da casa também... A tua Viana tem 14 anos? Sabes... o assunto idade é um martírio para mim. É que Messy (nota a permanente ausência do artigo a), além de ter 12 anos é insuficiente renal crónica há três. Depois de um mês inteiro de pesadelo, internada, virada do avesso com exames e tratamentos, o veterinário a mostrar-se mais optimista do que realmente se sentia, só por ver a minha aflição – coisa que só muito mais tarde me confessou, já que chegou a dá-la como perdida –, voltou para casa relativamente estabilizada. Tive de aprender a picá-la para lhe dar soro todos os dias. Graças a Deus essa parte já é só uma memória negra, mas até hoje e para sempre terá de tomar três medicamentos diariamente, comer uma ração especial e caríssima (e eu uma rapariga tão próspera...) que só se vende em veterinários... A minha eterna angústia resume-se a esta pergunta: Até quando? Uns meses depois de debelada a grande crise, um amigo meu pôs-me em lágrimas quando me disse considerar que o estado dela era “uma vitória de amor”. Era verdade. O meu amor por ela. E o dela por mim, que deve também ter contribuído alguma coisa.
    Também os amigos me valeram, e muito. Um dos medicamentos de que ela precisa tinha sido descontinuado em Portugal, mas continuava a existir em França, sob a forma de xarope. O meu amigo Artur, que vive mais de metade do mês em Paris, resolveu-me o problema, de uma maneira que me pôs a rir por tão reveladora da personalidade dele: comprou-me DEZ frascos de uma assentada, e sem me aceitar um tostão. Confrontada com os prazos de validade e feito o cálculo de quanto tempo nos duraria cada frasco, acabei por oferecer cinco no veterinário, porque poderia ajudar gatos na mesma situação cujos donos não tivessem a mesma facilidade em arranjar o medicamento...

    Pois Messy tem há muitos anos o seu local de eleição para dormir: a minha anca (durmo de lado). Território registado em cartório, Agri que nem pense em disputá-lo! Se a meio da noite me viro, ela limita-se a esperar que eu me aquiete e instala-se novamente. E eu, é claro, fico com uns remorsos enormes por a ter incomodado. Também de manhã (madrugada) temos os nossos rituais. Ela vem pôr-se ao lado da minha cara, a olhar fixamente para mim. Se demoro a acordar, encosta a cara à minha. Os bigodes fazem-me cócegas e... adeus sono! Se tento resistir e me viro para o outro lado, ela passa por cima de mim e vem repetir a manobra. Neste entretanto, Agri está parada à porta do quarto, também a olhar-me com aquele ar hipnótico que cães e gatos sabem fazer quando querem comida. Claro que acabo por desistir e levanto-me. Julgas que vou primeiro à casa de banho, como qualquer pessoa normal? É o vais! Vou direita à cozinha (elas vão a correr à minha frente). Ponho comida nos dois pratinhos, mudo a água, e só depois (nessa altura já não precisam de mim e ignoram-me olimpicamente) vou tratar da minha vida...

    A minha experiência de siameses é diferente da tua. A tua Viana deve ser uma excepção. Eu tive uma outra siamesa há muitos anos, a Mathilda – tão bonita e graciosa que era de cortar a respiração, o Victor costumava dizer que era a Audrey Hepburn das gatas. Os siameses são gatos absolutamente devotados, tanto que é neles que incide a maior percentagem de gatos que se deixam morrer de fome quando o dono morre. São também gatos muito exigentes em matéria de atenção e mimo. Messy é a gatinha mais doce que possas imaginar, e também extraordinariamente sociável. Supõe que vens cá a casa pela primeira vez. Sentas-te no sofá e não dou dois minutos para ela te saltar para o colo. O meu último namorado, que ela adorava, ainda estava a puxar o vinco das calças para se sentar e já ela estava em posição para lhe saltar para o colo... Venham cá depois dizer-me que os gatos são falsos!... Há um certo verso no Ma Solitude do Moustaki (é bem possível que não conheças esta música LINDA que me diz tanto) que me faz sempre pensar em Messy: elle ne me quitte pas d’un pas, fidèle comme une ombre.

    Agripina Germânica... ah, essa dava um tratado! Ms para isso teria de contar-te a verdadeira história de Messy, coisa que não posso fazer aqui, em público, sob pena de se gerar um movimento para me mandar internar. Adianto-te só que Agri has some issues...

    Next. Il Divo. Ainda deves ser pior do que eu, para não saberes quem são. Há tempos estava a ver o programa da Martha Stewart e badum...! apareceram por lá a chilrear! E as parvas na audiência em gritinhos extasiados. São umas lambisgóias de nacionalidades diversas, segundo percebi – parecem-me mais uma fórmula matemática de vendas do que um projecto musical. Há relativamente pouco tempo a Barbra Streisand deu um concerto cuja abertura era feita por eles. Para ti que vives aí, deve ser fácil avaliar o que isto significa. Graças a Deus, há sempre gente de gosto. No All That Chat do talkinbroadway.com, site dos taradinhos de teatro, sucediam-se os post revoltados de gente que dizia só ir à 2.ª parte, recusando-se a tragar os energúmenos. But you’d better watch out, quando menos esperares hás-de dar contigo a apanhá-los na telefonia ou na televisão. Ainda bem que há trovadores como o Leonard Cohen e a sua voz sépia que nunca optaram pelas contas de somar... Reconciliam-me com a vida.

    Marcas, por último. Também gosto, confesso. Continuo a sonhar com a Kelly, a tradicional, em cabedal beige – prefiro-a à mais recente Birkin, que por acaso até é mais cara. Arrependo-me agora de não a ter comprado naquele dia em Madrid, ainda que isso fosse indissociável de algum sentimento de culpa. E concordo contigo, não é a marca, é a qualidade associada. É o serem também, inexplicavelmente, neste ou naquele artigo,obscuros objectos de desejo - referência cinéfila, que o cinema é outra paixão minha. A minha gabardina Burberry com vinte anos de uso poderia passar impecável para os netos que não terei – Famous Blue Raincoat, outra vez a voz sépia... Só passando por cima do meu cadáver – e ainda assim com uma atroz falta de respeito para com os mortos – me apanhariam com uma imitação. O que tenho é genuíno. Pouco me importa que aos olhos dos outros até possa passar por ser the real thing. EU sei. E lá vou tendo umas coisitas, aqui e ali.

    Há dois anos, estando de férias na Florida com o meu amigo-irmão de toda a vida, fomos às famosas Bal Harbour Shops de Miami. Eu não conheço LA, ele conhece, e disse-me que a concentração de luxo daquelas lojas deixava a Rodeo Drive a perder de vista. Só para teres uma ideia (isto se não conheceres), as marcas de maior prestígio ficam no rés-do-chão. A Ralph Lauren, por exemplo, foi malhar com os ossos no 1.º andar. No Saks fiquei em êxtase com uns Manolos que custavam quase 900 dólares (antes das taxas, claro, o preço final seria bem mais salgado). O Victor concordou comigo que eram os sapatos mais espectaculares que alguma vez tinha visto. E depois de uma hora e tal a passear por ali participou-me que, se eu tivesse dinheiro, pelas contas dele, teria torrado coisa de 20 mil contos – contas fáceis de fazer com o somatório das coisas que sucessivamente me deixavam perdida de amores e respectivos preços. Mas imitações... thanks, but no thanks. Who would I be fooling, anyway?

    UFA! Para variar, escrevi que me fartei. Volta sempre, que eu fico à espera.

    Um beijo amigo.

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  7. Tu respondes sempre assim aos comentários?!? ;)

    Concordo com a maioria das vozes que colocaste, claro que com reacções "ligeiramente" diferentes. Por portuguesas colocaria mais o Ruy de Carvalho, que tem uma voz fantástica.

    Beijocas!

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  8. Querido Rafeiro,

    Não respondo sempre assim aos comentários, mas a AEnima tinha semeado este cantinho de observações pertinentes que exigiam resposta. Sendo eu uma criatura completamente destituída de poder se síntese... deu no que deu. Nota que grande parte do texto foi a falar de Messalina e Agripina, assunto em que sou inesgotável. Eu tenho mesmo o vício dos quilómetros de letras!

    Concordo que o Ruy de Carvalho tem uma voz fantástica, por acaso até me lembrei dele, como também me lembrei de um outro, que já morreu há uns bons anos, o Paulo Renato, que tinha uma voz linda. Impossível pô-los todos, isto ficava gigantesco. Além de ser uma coisa muito pessoal, esta é a minha lista, são as minhas preferências. Os outros terão as suas. Daí que acolha com tanto agrado a lembrança de mais nomes.

    E só ontem, em conversa com o Victor, ele me apontou uma voz que me fez levar as mãos à cabeça: Ó valha-me Deus, como é que eu pude esquecê-lo?! A esse é IMPOSSÍVEL deixá-lo de fora, terei de corrigir no próximo post a injustiça que nem chegou a sê-lo, foi mero esquecimento.

    Gostaste do vídeo que te mandei com a Dame Judi Dench? Vi-o uma data de vezes, sempre a rir. Tive a enorme sorte de a ver faz agora três anos numa peça extrordinária do David Hare, The Breath of Life, em Londres, só com ela e a grande Dame Maggie Smith (que par!!!). Foi uma das noites de Teatro mais mágicas de toda a minha vida. Como eu e o Victor somos esquisitíssimos em matéria de lugares, estávamos sentados na 3.ª fila ao centro. Uma experiência única. One could actually hear people.. not breathing.

    A Helen Mirren, que não tarda cheira-me que também leva o título de Dame e que tudo leva a crer que esta noite vai arrebatar o Oscar, também tive a sorte de a ver no Dance of Death do Strindberg, com o Ian McKellern (outra voz linda, alguns teriam de ficar de fora). Mas isso foi em NY (tu convence-me a tua jove a ir lá, o único risco que corres é ela depois passar a vida a querer voltar...).

    Estás a ver, já escrevi que me desunhei. Sou um caso perdido. Se vivesse na América alguém acabaria por me diagnosticar um writing problem.

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  9. Eu gosto muito da voz do Toni Carreira, mas sou masoquista ahahahah
    Bom blog, voltarei mais vezes

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  10. Gostei deste comentári sobre as vozes, concordo com muitas delas mas não deixo de apontar a lacuna feminina, afinal nem só os homens têm boa voz. Pessoalmente prefiro vozes do tipo Christie Alley, Kim Carnes, Elkie Brooks, Melissa Etheridge ou Janis Joplin. Gosto de vozes roucas e sensuais, é uma tara como outra qualquer reconheço...rssss mas cada um é como é. Mas quando se fala de vozes querida amiga surge no meu pensamento Frank Sinatra ou um português do qual fui amigo e que muita saudade me deixou, António Variações. Existe ainda um outro que infelizmente se perdeu nesta estrada de artista que por vezes se deixa seduzir pelo lado negro da mesma e acaba por se perder, falo de Paulo Bragança. Também gosto do meu amigo Ségio Godinho ou Pedro Abrunhosa, e entre os que mais detesto quer como pessoa quer como voz junte-se Luís Reprezas e Cláudio Ramos (o execrável)
    Mas continue a escrever querida amiga que é sempre um prazer ler o que escreve e apreciar a frescura dos assuntos que aborda.
    beijos

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  11. Para juntar ah lista, lembrei-me de uma voz feminina que amo. A da tua menina Meryl quando com aquele sotaque nordico relata a sua historia no "Out of Africa"... Ha filmes lindos e depois ha filmes eternos... esse eh um deles.

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  12. Ja que o meu problema com o correio eh grande, deixa tentar colocar aqui em jeito de comentario a resposta as tuas perguntas... rezar muito para a net nao ir abaixo na altura de fazer o enter... e principalmente lembrar de fazer uma copia. Ora bem:

    1 - O Joao se ainda nao fez 60 deve la estar bem perto. Mas nao me sinto bem a falar de terceiros... parece que estou a coscuvilhar a vida alheia. O seu irmao eh provavelmente o melhor amigo do meu pai, e a filha mais nova eh da minha idade e colega do liceu e sao todos uns amores naquela familia.

    2 - Charleston eh de facto muito bonito e vale a pena a visita. Columbia ja nem tanto, mas o sul de facto tem coisas maravilhosas.. como este clima fabuloso (parece que estamos na primavera... estou em casa de alcinhas e havaianas a dar a dar ah perna para fazer corrente de ar...). Podes ler algumas historias de Columbia pelo meu blog fora, se bem que nao escrevo muito sobre isso. Vim para ca em 2000 para iniciar o meu programa de Doutoramento em Economia. Estive aqui a fazer investigacao como Reasearch assistant e depois 2 anos como Instructor (Teaching Assistant) a dar aulas. Entretanto tive que voltar para Portugal, comecei a dar aulas numa universidade portuguesa e agora estou de volta para terminar a minha tese. Volto para Portugal em Maio e vou dar mais uma hipotese ao mundo academico nacional (talvez desta vez experimente Lisboa, que me parece mais virado para a investigacao e menos para a coscuvilhice).

    As historias do sul que se vivem no dia a dia infelizmente nao sao tao romanticas como as que te estas a lembrar. Eh uma sociedade ainda muito marcada pelo racismo. Metade da populacao eh negra e ainda muito muito discriminada, embora agora disfarcada de outras formas. Eh ainda muito pobre o tipico sul-caroliniano negro, sem educacao (porque nao tem $ para ela), sem acesso ah saude ($ mais uma vez), logo muito limitado para poder dar aos filhos condicoes para competir com a populacao branca. Ja para nao esquecer que um negro eh considerado pela constituicao ate meados dos anos 60 3/5 (tres quintos) de homem! E todos tem historias de pais/avos/familiares perseguidos pelos KKK, espancados, escorracados... coisas horriveis Teresa que se eu nao ouvisse da boca de outros seres humanos pensaria que eram apenas mitos perpetuados pelos filmes hollywoodescos. Hoje em dia ainda existe segragacao: universidades para brancos e para pretos, restaurantes para brancos e para pretos, supermercados para brancos e para pretos. Claro que nao na lei, mas a verdade eh que basta por os precos acima do que uma familia de cor pode pagar e ves que um negro so entra em supermercado de branco para lhe colocar as compras no carrinho e fazer a conta na caixa. Ao mesmo tempo os brancos nao vao aos supermercados de negro porque tem mau aspecto e ha muito crime (assaltos, tiroteios, assassinatos, etc) nos parking lots (esqueci-me do nome em portugues, desculpa-me mas as vezes tenho destas falhas).

    Bem, ha muito mais a falar sobre a carolina do sul. Sabes que quando cheguei aqui, depois de aterrar e ser bem-vinda com a lufada de ar quente e extremamente humido de Agosto que da a sensacao de estarmos a entrar naquilo que imaginamos apenas antes como o "Inferno", a sensacao que tive eh que Columbia eh muito feia. Totalmente desprovida de sentido estetico arquitectonico. Todos os edificios sao blocos quadrados de cimento, como se tudo o que tu visses aqui fossem replicas dos edificios dos hipermercados em Portugal. As casas, os bancos, as lojinhas, os servicos, TUDO estao localizados em blocos - contentores de cimento. Ao entrar no centro da cidade comecei a ver uns predios mais altos e umas casas mais antigas, a imitar a epoca vitoriana, que ja davam outra cor ah cidade... mas isto so acontece mesmo num raio de metros ah volta do Capital State House (A assembleia deste Estado). Aos poucos fui conhecendo a beleza de Columbia... e acredita... nunca vi em Portugal arvores lindas gigantes nem flores de cores tao estranhas como aqui. Eh necessario estar-se atento aos pormenores.

    Um... amanha tambem eh dia... depois escrevo mais. Ando meia adoentada sabes... o que me faz cansar muito estar ao computador e pior ainda... nao produzir absolutamente nada em termos de trabalho.

    Um beijinho enorme.

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  13. Ai, AEenima! A minha menina Meryl e os sotaques! Por melhor que o meu inglês seja - e até nem é mau - só o facto de não ser a minha língua-mãe faz-me perder tanto! No extraordinário Angels in America, por exemplo, parece que ela fala com uma pronúncia de Salt Lake City perfeita. No Sophie's Choice - um dos filmes da minha vida, outro que tive de mandar vir, por não estar editado na região 2 - parece que o sotaque polaco também é perfeito. E o alemão, BTW, espreita as críticas ao filme na Amazon.

    Out of Africa... esse filme para mim é um mundo! It's an odd feeling, farewelll.... Como se não bastasse ser um dos filmes da minha vida, ainda tem duas das cenas de filmes da minha vida! Um dia destes ponho um post sobre elas, é só dar-me para aí. Pois há uma edição especial do filme em dvd cujos extras são uma preciosidade. Se não tens vai a correr alugar e delicia-te com a minha menina Meryl a contar a história do leão. E a dos hipopótamos, já agora. Quando mostrei aquilo ao Victor tivemos de passar essas partes várias vezes, ele não se fartava. E mais não digo, deixo-te o prazer da descoberta.

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  14. E não é que tem razão? E eu que nem me tinha lembrado dele!
    Estou a lembrar-me de dois filmes em particular: Notorious do Hitchcock, Lolita do Kubrick.

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  15. E a Pandora com a fabulosa e superbela Ava Gardner, que é um trabalho no mito do Navio Fantasma de Wagner.

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  16. Teresa! Temos mesmo muito em comum! A voz do Jeremy Irons fascina-me completamente, deve ser a voz mais bonita da história, acho que aquele homem não precisava de mais nada, bastava-lhe a voz e no entanto tem tudo o resto... Brideshead revisited é mais do que uma série de culto, é quase uma religião. Via série todas as vezes que passou na televisão e gravei-a em cassete. É a perfeição absoluta: música (seguramente, faz parte da banda sonora da minha vida), a fotografia, os decors, o guarda-roupa, os enquadramentos, os movimentos de câmara, tudo. Perfeito. Quando a série passou a primeira vez, eu tinha uns 12 anos e apaixonei-me pelo Sebastian, claro. Louro, excêntrico, infantil. Só mais tarde "descobri" o encanto de Charles, ou seja, o Jeremy Irons. Indissociáveis, personagem e actor. Fabulosos os dois.

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  17. De resto, todas as vozes que menciona são excelentes. Eu acrescentaria Lawrence Olivier, Humphrey Bogart, Michael Cane. Não tanto vozes bonitas mas vozes com carácter. E, no fundo, o que é uma voz bonita senão uma voz com carácter?

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  18. Empatadas, Clara. Recuso-me a acreditar que haja voz mais bonita do que a do Jeremy Irons.

    Já o Brideshead..., ah, isso é uma longa conversa. Eu sou tão, mas TÃO obcecada pelo livro e pela série (da qual até tenho duas edições diferentes em dvd, só porque uma tinha uns extras a mais) que até fui de propósito a Castle Howard, que para mim mais não é do que... Brideshead.

    Como diz o Sebastian, naquele maravilhoso Et in Arcadia Ego, o primeiro episódio:

    Just the place to bury a crock of gold. I should like to bury something precious in every place I've been happy, so that when I was old and ugly and miserable I could come back, and dig it up... and remember.

    Concordo com o factor carácter nas vozes. Não incluiria o Laurence Olivier, actor que dispensa adjectivos, na minha lista de vozes. Mas também não incluo a da minha menina Meryl Streep, que eu acho incomparável como actriz. Ela é camaleónica, dissolve-se nas personagens, tem para cada uma um registo diferente.

    Gosto da voz do Michael Caine, sim (apesar de haver sempre nela uns resquícios de pronúncia working class), e é daquelas que reconhecemos imediatamente. Há tempos aconteceu-me uma coisa engraçada. Estava a trabalhar e de televisão ligada. Ouvi uma voz que me fez voltar a cabeça - estava de costas - a pensar "É o Roddy McDowell, aposto!" E era mesmo! Num daqueles "Hitchcock Apresenta" dos anos 50. Uma voz eficaz, pelos vistos, já que a reconheci de imediato.

    Já a do Bogart... é toda carácter! O que me leva para o Spencer Tracy. Também carácter, e às carradas!

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