domingo, 17 de setembro de 2006

Six Feet Under: a tribute

Justamente quando eu achava que já nada podia surpreender-me – been everywhere, seen it all – surgiu-me este Six Feet Under (cá passou na 2 – claro! — com o nome Sete Palmos de Terra. Nunca vi, mea culpa).

Só para me desorganizar ideias muito arrumadinhas. As grandes obras-primas de televisão de sempre. Brideshead Revisited à cabeça (incontornável, por nem sei quantas milhentas razões. Eu podia ser aquele Charles Ryder – for we possess nothing certainly except the past. Tenho a minha quota-parte de Sebastian (Sebastian is in love with his childhood), tenho muito mais de Julia Flyte do que desejaria (Julia was happy, living in the future, já para não mencionar aquela desgarradora tirada junto à fonte e a explicação final nas escadas — fui poupada a isso, suspeito que teria feito a mesma escolha). Estive lá, em Castle Howard. Lembrei-me. Tenho fotografias. Como numa certa música dos S&G. Um dia de prodígios — sei antecipadamente que Lídia Jorge me desculpa o uso abusivo do título. Fomos vizinhas e temos em comum a paixão por gatos. Tentámos inclusivamente promover o casamento da minha Mathilda com o seu soberbo persa, a coisa não deu em nada.


Voltemos a SFU – Six Feet Under. Foi-me apresentado pelo Victor, no velho esquema de dar e receber tão nosso que data de há tantos anos. Ele mostra-me coisas, eu mostro-lhe coisas. Às tantas perdemo-nos e já nenhum sabe com precisão quem mostrou o quê a quem. Este SFU foi-me mostrado por ele, impossível esquecer. Tenho a série completa oferecida por ele na íntegra. A primeira parte na noite de Natal, que passámos juntos e sozinhos – as nossas famílias perceberam e não se sentiram melindradas.

A nossa consoada foi do mais tradicionalmente portuguesa possível: sushi e sashimi, abundantemente regados a Veuve Clicquot. Cheguei a casa perto das cinco da manhã e pus-me a ver SFU. OMG! De repente tinha de reorganizar tudo, escalonar de novo as minhas lealdades. Onde é que se encaixa isto quando se tem a certeza de que séries como  BridesheadThirthysomething ou I Claudius são incomparáveis?
São, é certo. E esta entra para a galeria.

E se estou a escrever isto agora é porque estou doida de curiosidade. O Miguel, o irmão mais novo do Victor, pegou no testemunho. Vai ver esta noite o último episódio. O tal que me fez chorar copiosamente durante 26 minutos seguidinhos. Estou à espera de um telefonema – só para saber quando foi que alguma coisa quebrou e todas as defesas caíram por terra. Comigo foi ao minuto 40, com um certo telefonema. Com o Victor, ou não fôssemos nós almas gémeas, também, no mesmíssimo momento. E depois há aquela cena final... ao som daquela música. Há dias, de leitor de MP3 nos ouvidos, vinda do supermercado e a entrar no carro, a música começou a tocar. Tive um ataque de choro, e não tenho vergonha nenhuma.

1 comentário:

  1. Teresa, eu só vi dois ou três episódios, com muita pena minha. Graças a ti, vou poder ver tudo e já tenho vontade de chegar ao último episódio só para sentir o que todos os fãs do SFU sentiram. Todos dizem que é lindíssimo. A música sei que é porque a enviaste para mim :) Na próxima semana começa a minha aventura no reino dos Sete Palmos de Terra :)) Beijo grande.

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