terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Palavras ou expressões que não tolero

Porque são reles, porque são feias, muito feias. E a nossa língua é tão bonita!

Os putos — a querer dizer os miúdos, as crianças. Do indescritível os meninos nem falo, entra noutra categoria. Pérolas ouvidas no Colosso: «Então filha? LevasteS os meninos ao médico? E já almoçasteS? E o que é que foi o comer?» Estamos entendidos?

O camandro, ou do camandro  —  tão, mas tão reles! Tive em tempos um namorado muito bem viciado nesta expressão nojenta. Curei-o na primeira semana com uma única observação muito diplomática, foi coisa que nunca mais lhe ouvi. Percebeu que era tão mau como dizer «o comer».

O substantivo e o verbo sinónimos de urina e de urinar (que também são palavras horríveis, parece que não há maneira fácil de contornar isto) e começados por m. Palavras que me recuso a escrever e que me enojam bem mais do que os piores palavrões começados por c, sejam no masculino ou no feminino. 

36 comentários:

  1. Concordo com todos menos como o primeiro. Como já tivemos oportunidade de falar "os meninos" é uma expressão com que cresci a ouvir. Sempre fui tratada por menina em casa, sou tratada por menina doutora na fábrica por muito que peça que não o façam. Acho graça pela conotação carinhosa que tem. Não gosto quando é usado de forma dramática.

    Não gosto de ouvir dizer palavrões (principalmente mulheres) apesar de às vezes me sair um outro mais genuino e detesto o LOL e afins. (E agora há quem o verbalize, fico para morrer!)

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  2. Acho imensa piada a estes seus posts, Teresa!
    Na linha d'o camandro temos também "o catano". E o que dizer da expressão "coçar a micose"?

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  3. Raquel, vamos lá fazer algumas distinções. :)

    Os meninos eram, há muitos anos, como as nossas mães se referiam às crianças falando com as criadas. Os meninos já lancharam? Os meninos têm os bibes prontos?

    Ainda hoje tenho amigos que me tratam por "a menina", porque lhes repugns o "você" (você é estrebaria, dizia-se).

    O que é indescritivelmente possidónio é referir os próprios filhos como os meninos.

    Got me? :))))

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  4. Secretária,
    Tudo nojento.
    Se tivesse de graduar, diria que coçar a micose é equivalente ao camadro, e que o catano é mais inofensivo. Ou menos ofensivo para a minha sensibilidade.

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  5. P.S. para a Raquel: uma senhora pode às vezes dizer um palavrão sem perder a classe. Basta que que se justifique, que seja o momento certo e que aquilo esteja mesmo a pedi-lo. O uso gratuito é que me enoja. Em homens e mulheres.

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  6. Pessoalmente, não chego a detestar as expressões. Nunca na vida usaria a da micose, mas acho piada ouvir. É um tipo de rude que faz impressão aos ouvidos, mas que tem um efeito cómico.

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  7. Yes I got you ;) Os meus nunca vão ser meninos, vão ser logo de nascença: delfins! Kidding... Há um certo espirito marialva em mim, às vezes quando dou conta estou a dizer "Olé".

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  8. Gosto taaaanto quando me tratam por menina. Derreto-me toda. Normalmente acontece com pessoas mais idosas, e aqueles comerciantes mais tradicionais. "a menina precisa de ajuda?". pronto, ganharam uma fã.
    ("você" odeio, e evito ao máximo. como dizia a Rosinha Lobato Faria, é mesmo estrebaria, ao nível da esposa e esposo)

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  9. Eu percebi que estava a ficar mais velha quando nas lojas deixaram de me tratar por menina e passaram a tratar-me por "a senhora".
    O meu querido Zé, que Deus tem, toda a vida me tratou por "a menina".
    «Ó Teresinha, a menina não quer organizar um jantarinho?»

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  10. Eu tenho sérios problemas com a expressão "fazer espécie", que parece que é Português correcto mas me eriça os cabelos. E não me importo com o catano nem o camandro, mas já a escatologia despropositada e ainda por cima assim grosseira...e quando lhe juntam um diminutivo? Blergh.

    Ah, e sobre meninos: sou irmã de cinco, mas não sou mana de ninguém.

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  11. Eu gosto da expressão "putos", e muito. Primeiro porque me faz lembrar a tão linda canção de carlos do carmo, segundo porque desde pequenina o meu pai muitas vezes se refeiu a mim como "o puto", ou "puto quel" (o meu nome é raquel) , de uma forma tão carinhosa e engraçada que não dá para não gostar.

    Aliás, uma das minhas primeiras frases foi pedir à minha mãe "Meeeel..para o puto quel"

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  12. i love "camandro". e sou imune a "os putos". já o "tipo isto", o "faz-me espécie", o "sou uma pessoa que" e o "por exemplo" de bengala a toda e qualquer questão que coloques tiram-me do sério.

    o gostasteS e fizesteS e por aí fora nem sem fala já que entram numa categoria totalmente diferente (quando utilizados na2ª pessoa do singular) e onde se pode enquadrar também o mítico pretérito perfeito no modo indicativo escrito da seguinte forma: gostas-te, amas-te, lavas-te, etc...

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  13. OMG, Rita Maria deixará de me amar se souber que me refiro a mano por mano? Não o trato por mano, que há palavras mais adequadas (por pudor não as menciono), mas é mano. É só um, vá...

    Já o "faz-me espécie" não me faz espécie, mas gosto de o dizer assim: "faz-me espéce". Como o "derivado de", acho-o de uma popularichice adorável.

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  14. Eu não suporto as bengalas "do percebes?" (já para não falar do "percebestes?") e "tás a ver?". Incomodam-me tanto que nem as posso ver à frente. São cá umas comichões que me dão...

    (Antes achava que até escrevia razoavelmente, depois tropecei neste blog. Agora remeto-me lá para o cantinho...Acho que se faz aqui um verdadeiro serviço público. Parabéns Teresa)

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  15. Ponho a hipótese, só mesmo para salvar o nosso amor, de que se tratem de diferenças regionais - o que explicaria a minha estranheza face ao mano/mana e a minha convicção de que o "fazer espécie" apareceu de repente completamente do nada. Se calhar fui eu que me mudei.

    Se não resultar, garanto ainda assim ser de grande resistência - namorei dois anos com um rapaz de Odivelas que dizia "destrocar" entre mil outras expressões "encantadoras"...

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  16. Eu tenho o horrível vício de dizer "percebes?". Ainda por cima tenho essa consciência, o que só torna o problema ainda mais grave. Mas para mim é incontrolável, é quase um subgénero de Tourette.

    Tenho um comentário ao comentário da Izzie. "Derivado de" não é a forma correcta? Parece-me que sim (algo derivar de outra coisa); faz-me espécie - :))) - é o "derivado a"...

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  17. Também não aprecio muito quando a minha sobrinha é referida como 'a menina' como se fosse uma indigente sem nome, mas parece que é moda...what can you do?
    Pessoalmente gosto de expressões mais discretas para o acto da micção. A palavra popular que começa por 'm' é efectivamente muito feia, horrorosa. Mas desisti de usar o 'vou mictar' porque invariavelmente tinha de explicar ao que ia de qualquer maneira... 'ir à casinha'é desde há muito a minha fórmula preferida.
    O 'camandro' não uso de todo, mas confesso-me culpada de invocar bastas vezes o 'cacete' que também não me parece muito feliz, mas sempre é melhor do que o 'catano' ('diz que é' uma asneira cabeluda na vila da senhora minha Mãe, como tive oportunidade de aprender da pior maneira em certa ocasião).

    Contas feitas, gosto mesmo é de expressões inglesas, sendo 'Bloody hell' a minha favorita do momento. Concordo que a língua portuguesa é muito bela, mas não me dá tanto jeito dizer 'inferno ensanguentado' ;)

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  18. Rita,
    Eu e a minha irmã toda a vida nos tratámos por mana. :)

    Navajovsky,
    O que sempre me dasagradou na (linda, sim!) canção de Carlos do Carmo foi a expressão. Isto vem de longe, a música deve ter saído lá pelos meus 15 oui 16 anos.

    SS,
    Cada um com as suas embirrações, a verdade é essa. Não há nada de incorrecto nas expressões ou palavras que apontei, apenas as odeio.

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  19. Pronto,
    E agora descambámos todas (Anna Blue, Queen of Hearts, Safira) para as bengalas.

    Uma que me põe doente é o odioso "É assim" a começar uma frase.

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  20. "O comer" e " vai buscar a menina" arrepiam-me, pura e simplesmente. Repugnante. Ainda bem que alguém concorda comigo e não tem medo de o mostrar!

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  21. Vou mesmo ficar pela teoria do regionalismo do mano/mana, a ver se não melindro mais ninguém...eu acho que para mim é acima de tudo estranheza, uma das palavras que saltaram de um arbusto quando cheguei a Lisboa. Há tantas outras...

    (atacadores, por exemplo, pareceu-me um termo absolutamente ridículo quando o ouvi pelas primeiras vezes)

    (ai, confesso-me culpada de "É assim" excessivos. Não faço ideia de onde vêm, onde fui apanhá-los. E já com esta idade, uma pessoa não devia tornar-se mais imune a estas coisas?)

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  22. Com essa apanhaste-me. Como é que chamam aos atacadores no Norte?

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  23. Não sabia! :))))

    Outra coisa: não melindraste ninguém, isto é tudo gente bem resolvida. :))))

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  24. @Rita Maria: o "é assim" provém do "então é assim" que se bem me recordo começou nas idas ao confessionário de uma loira do primeiro big brother (acho que se chamava Elsa, mas não tenho a certeza). A personagem teve carisma suficiente para influenciar milhares com várias expressões como por exemplo o "'tou tão contente!!!" que já caíu em desuso

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  25. SS,
    Acho que o "é assim" é bem mais antigo do que isso. Tenho uma conhecida que há pelo menos 15 anos nos põe a todos doentes a começar cada frase em modo autoritário e definitivo com essa expressão.
    O que vale é que vive em Munique e só a vemos uma vez por ano.

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  26. SS,
    Mas acabo de me lembrar que havia uma personagem do primeiro Big Brother que era viciada na expressão, era a Marta, aquela que casou com o outro também de lá.
    Nessa altura já nós não podíamos ouvir o "é assim" à Mané sem nos apetecer atirá-a pela janela, tão irritante era.

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  27. Teresa, olha que o 1ºBB é de 2000 e já lá vão 12 anos! Claro que a minha memória pode estar a atraiçoar-me e ser ainda mais antigo que isso, mas lembro-me que a expressão tornou-se muito popularuxa nessa altura e todos a utilizavam quer fosse para brincar com as personagens do BB quer fosse a sério. entretanto foi ficando...

    o "então é assim" é muito típico de pessoas muito explicadas, se é que me faço entender, e a marta é uma mulher muito determinada, muito explicadinha e muito espertinha e irritantezinha e nãoseiquêzinha.

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  28. Para te ser honesta, palavroes nao me fazem qualquer especie. Alias, ate lhes agradeco porque sao super terapeuticos quando estou a explodir!!! Saiem, passa a raiva, voltamos ao business as usual.

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  29. podemos adicionar à lista o "que só ele"? as expressões "giro que só ele", "esperto que só ele", "veloz que só ele" e por aí fora estão a tornar-se epidémicas.

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  30. podemos adicionar à lista o "que só ele"? as expressões "giro que só ele", "esperto que só ele", "veloz que só ele" e por aí fora estão a tornar-se epidémicas.

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  31. "Puto" e "bué" é coisinha para me enervar. Oh sim... nada bate o belo do " o comer". Palavrões não me chateiam tanto, é mesmo só a parolice verbal.

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  32. rita,
    no norte são ambos: atacadores para atadadores de sapatos e botas, cordões para sapatilhas (sim, sapatilhas, quais ténis.....).

    se calhar somos é de 'nortes' diferentes :)

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  33. Devemos ser, no meu caso é definitivamente palavra que só aprendi em Lisboa. Aliás, mesmo saindo-me por vezes, de tão familiar que se tornou, continuo a reparar sempre, a notar o que disse. Sapatilhas também já não uso, infelizmente, embora me pareça muito melhor do que "ténis". Já de "carabunha" não abdico e também sou muito apegada ao "foguete" e à "dala" (?), embora esta última tenha sido esquecida até pela minha avó.

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