Conversas antigas
Ontem à noite, livro pousado, tinha acabado de apagar a luz e dispunha-me a dormir, quando começa no Biography um documentário em duas partes sobre a realização de Tubarão, o primeiro grande sucesso de Spielberg e o início do seu império. Por variadíssimas razões que não vêm ao caso, é um filme que fez história. E claro que fiquei a ver.
Poucas estreias terão sido tão esperadas como foi a de Tubarão em Portugal, lá pela Primavera de 1977, se não me falha a memória. Como o filme é do Verão de 1975, podem ver como tudo, livros e música, continuava a chegar-nos com grande atraso.
As bichas (não, não digo fila, que para mim é palavra brasileira adquirida através das novelas, tal como não digo bancas, digo quiosques) para a bilheteira do velho cinema Éden, hoje a Loja do Cidadão, eram enormes, tivemos de comprar os bilhetes na véspera, lembro-me bem. E mesmo assim já só conseguimos lugares separados pela coxia. Valeu-nos o simpático senhor ao meu lado, sozinho, que no intervalo se ofereceu para trocar.
Entretida com o documentário, as lembranças a voltarem, desatei de repente a rir sozinha, quando me veio à memória, que, toda a gente sabe, é coisa muito caprichosa, uma conversa entre mim e o D., uns dias antes de irmos ver o filme. A coisa veio a propósito de um outro filme que estava em simultâneo no cinema Nimas, um documentário chamado Homens e Tubarões.
Eu, armada em intelectual, e com argumentos de aquisição recente (informações transmitidas pelo nosso amigo Luís Filipe), sustentava que era o documentário que devíamos ir ver. Nada de produções milionárias, uma coisa realista, sem efeitos especiais, yadayada.
O D. arrumou-me para canto com uma única pergunta:
— Ai sim? O que é que é preferia ver? A Torre do Inferno* ou um incêndio com os Bombeiros Voluntários da Ajuda?
E foi assim que nunca cheguei a ver Homens e Tubarões.
* A Torre do Inferno foi outra grande produção da época, que revi há pouco tempo por acaso e que me surpreendeu pela qualidade, bem superior à que eu lembrava. Recomendo, vão passar duas horas emocionantes. Estavam na moda os filmes catástrofe, não vale a pena pôr-me aqui a desfiar títulos, provavelmente só alguém da minha idade os lembrará.
A torre do Inferno é awesome! Um filmaço. Aqui há tempos revimos lá em casa o Aeroporto, que é uma estucha comparado com esse, e cheio de clichés. Ao menos serviu de inspiração para o abençoadinho Aeroplano.
ResponderEliminarCuriosidade. outro dia vimos o primeiro telefilme do Columbo (sobreviveu bem, e o Peter Falk é impagável), e foi realizado por quem? Spielberg! Não é extraordinário? E por falar neste senhor, o primeiro filme dele, do camionista stalker, também é awesome.
Izzie,
ResponderEliminarE os elencos daqueles filmes? Não haveria hoje dinheiro para os cachets!
A Torre do Inferno: Paul Newman, Steve McQueen, Faye Dunaway, William Holden, Fred Astaire, Jennifer Jones, Robert Vaughn... Até o nefasto O. J. Simpson tem uma pontinha).
Aeroporto 75 foi o filme de orçamento mais caro desse ano de 75 (fiquei a saber esta noite), outra constelação de estrelas, para aí umas dez vezes o atribuído a Tubarão.
Quanto a Duel e a Aeroplano, espreita aqui:
http://gotaderantanplan.blogspot.com/2009/07/fnac-who-i-amazon_23.html
A carrada de filmes catástrofe que houve na época, sempre com grandes elencos! A Aventura do Podeidon, Código Juggernaut, Terramoto (este no Tivoli, em sensurround, com umas caixas gigantes instaladas nos cantos da sala), etc., etc. E também apanhámos boas bodegas, há que dizê-lo.
P.S. Fiquei de olhos arregalados com a informação de que Spielberg foi o realizador do primeiro episódio de Columbo, de que me lembro per-fei-ta-mente, com Jack Cassidy como assassino.
ResponderEliminarEle tinha 25 anos!! O homem é um génio, coisa que eu digo há muitos e muitos anos.
Ora cá está: http://www.imdb.com/title/tt0066932/
ResponderEliminarPor acaso é o episódio 1 da 1ªsérie, mas há um episódio 0! Temos de o achar (mate foi buscá-los ao éter, o que é muito feio, mas enfim, já não há espaço lá em casa e a crise e tal).
Outro dia estávamos a falar, e sem querer ser saudosista, tenho saudades de algumas comédias dos anos 70 e 80, daquelas sem palavrões, sexo explícito, ruídos e excreções corporais. Saudades do Regresso ao Futuro e que tais, que entretia toda a família. Para mais crescidos havia os filmes catástrofe e este Tubarão, que me deixou de cabelos em pé, confesso (já era crescidinha quando o vi, na televisão).
Pois, mas o episódio 0 não passou em Portugal, este Murder By the Book foi mesmo o primeiro.
ResponderEliminarRegresso ao Futuro já é dos meus 25 anos, tenho saudades de coisas mais antigas.
Séries de televisão?
Green Acres! Green Acres! O império da tonteira! Ainda hei-de mandar vir, se tiver de ser.
Xinapá... coisa antiga... já vi o filme do tubarão e apesar de ser antigo e pouco realista, admito que gostei!
ResponderEliminarOs meus pais foram ver o Terramoto ao Tivoli na lua-de-mel!
ResponderEliminarS*,
ResponderEliminarA menina é muito novinha :)) É um grande filme de um grande mestre.
Apesar de ser antigo? Então o cinema para si começa quando? :))
Sãozinha,
É para que veja a minha avançada idade. Tinha 16 anos quando o vi.
Teresa
ResponderEliminarTambém vi!
Pena que alguns já tenham morrido como o Roy!
E quem se lembra de uma série Americana que se chamava " A noite em que a Ponte caiu"?
ResponderEliminarLá para os anos de 83/84?
Lembro-me de ver A torre do Inferno há alguns anos atrás :-)
Karocha,
ResponderEliminarÉ verdade. O homem de All That Jazz.
Cap Créus,
Essa série não me diz nada, tenho a certeza de nunca ter visto. Não se arranja mais informação?
Eu pelo-me por uma boa série!
Eu era miúdo e pouco mais me lembro :-(
ResponderEliminarVamos lá investigar!