sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Rob Lowe


Ontem à tarde apanhei por acaso aquilo que suponho fosse uma repetição de um programa de Oprah, em que o entrevistado era Rob Lowe. E foi uma grande entrevista, coisa que nem sempre está nas mãos do entrevistador controlar, mesmo que se trate de uma Oprah. A qualidade do entrevistado é também de importância extrema, e lembro-me de ela contar, na edição em DVD que comemorava os 20 anos do programa, a enorme frustração que foi a sua primeira entrevista a Elizabeth Taylor. A diva avisou-a, ainda nos bastidores, de que não admitiria perguntas sobre os seus maridos (um total de sete, em oito casamentos), nem sobre a sua vida privada. Uma atarantada Oprah, à beira do pânico, perguntou-lhe sobre que poderiam então falar. «Do meu perfume», respondeu majestosamente Elizabeth (que acabava de lançar um perfume com o seu nome). Oprah ia tendo um fanico, a outra ia estar uma hora em cena! Vi fragmentos dessa entrevista, e é realmente uma coisa penosa. 

A própria Elizabeth Taylor viria a ter consciência disso e, anos mais tarde, concederia nova entrevista, desta vez bem mais aberta. Tinha acabado de fazer 60 anos, e Oprah perguntou-lhe qual era a sensação. Nunca esquecerei a memorável resposta. «Óptima! Sinto-me muito bem, muito tranquila. E fazer 50 aos, e 40 anos, também foi assim. O grande drama, por incrível que pareça, foi fazer 30. Pareceu-me que o mundo ia acabar, que a minha vida ia acabar.» Se considerarmos que a mulher que assim se sentiu ao fazer 30 anos era à época considerada a mais bela do mundo e que isto foi pouco antes de começar a rodar Cleópatra, em que conheceu Richard Burton, temos alguma matéria para reflexão.

Voltando ao tema inicial, a qualidade do entrevistado é realmente importante. Já dei comigo a simpatizar imensamente com pessoas de quem nem gostava por aí além, como foi o caso do então nosso Presidente da República Jorge Sampaio, há muitos anos, num programa da RTP2 sobre música clássica. Já dei comigo a mudar desinteressadamente de canal, tão pouco a entrevistada, a encantadora protagonista de Pretty Woman e Notting Hill, conseguia atrair-me (foi o caso de Julia Roberts, no programa de Oprah). E também já me aconteceu confirmar uma embirração, como foi a de toda a minha vida adulta por Tom Cruise, no hoje lendário programa em que desatou em saltos histéricos no sofá de Oprah. Ele saltava no sofá do estúdio e eu deslizava sofá de casa abaixo, tamanha a vergonha.

Rob Lowe foi um grande entrevistado. Além da beleza que salta à vista (acho que aos 47 anos ainda está mais bonito do que quando ficou famoso), há nele qualquer coisa de cativante que não consigo definir. A série Brothers & Sisters, de grande qualidade, teve um declínio nítido na quinta temporada, o que terá por certo ditado o seu fim. Uma das razões que me fizeram passar a acompanhá-la com menos interesse foi certamente a morte da personagem do senador, interpretada por Rob Lowe. No programa de Oprah foi afável e caloroso, espontâneo e sem reservas, respondendo com toda a honestidade às perguntas mais difíceis ou embaraçosas, até àquelas que envolviam o enorme escândalo sexual de que foi protagonista nos anos 80, apenas com 25 anos, e que muito lhe perturbou a carreira. Rob Lowe aparecia num vídeo sexual privado com um amigo e duas pequenas. Eram novos e inconsequentes, as pequenas eram giras, porque não? Between consenting adults... hoje ninguém ligaria, haveria buscas frenéticas e curiosas na Internet e os intervenientes ainda haviam de ganhar bom dinheiro — vejam-se os casos de Pamela Anderson e de Paris Hilton. No caso de Rob houve mais um problema: uma das pequenas era menor, tinha apenas 16 anos. Coisa de que nem ele nem o amigo poderiam suspeitar, já que estava com uma amiga de 22 num clube que ao próprio Rob (que continuava com aquele ar de adolescente) foi exigida identificação à entrada. A dela era falsa, obviamente. O encontro casual deu numa noite de copos seguida de um ménage à quatre. À pergunta de Oprah sobre quando tinha sabido a verdadeira idade da pequena, ele respondeu filosoficamente, já que não se pode mudar o passado, e com uma ponta de humor e alguma malícia: «Digamos que demasiado tarde!»

Espero que haja uma edição em DVD desta temporada final de Oprah, The Farewell Season, porque tem havido grandes programas e grandes entrevistados. Rob Lowe foi sem dúvida um deles. Fiquei com vontade de ler a sua autobiografia, Stories I Only Tell My Friends, recentemente lançada e cujas críticas na Amazon são muito boas. Parece que além dos outros talentos, também escreve muito bem.

6 comentários:

  1. A Oprah é uma grande entrevistadora, e sabe abordar temas pessoais com elegância e bom gosto. Não é para qualquer um! Mas é verdade que o entrevistado é tudo. Não vi a Liz, mas o do Tom Cruise, que horror, o meu momento alto de vergonha alheia. A pior demonstração de crise de meia idade que já vi. Agora fiquei augada que não vi o Rob (um pão, e está bem melhor que nos vintes, sim senhora).

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  2. Izzie, acordei a meio da noite (seriam umas três da manhã) e lá estava outra vez a entrevista dele. Procura na programação da SIC Mulher, aposto que haverá mais repetições.

    Como espero que haja de uma ao casal Obama que só apanhei a mais de meio, ontem à noite.

    As cenas da tal entrevista de Liz que refiro, e que é muito antiga, vi-as aqui:
    http://www.amazon.com/Oprah-Winfrey-Show-Anniversary-Collection/dp/B000B91N3S/ref=sr_1_1?s=movies-tv&ie=UTF8&qid=1323422021&sr=1-1

    (recomendo, é uma bela compilação de grandes momentos).

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  3. não acham que ela já está a acusar alguma nostalgia?
    ainda ontem vi parte desse programa com o rob lowe a achei-a tristonha.
    tenho o meo programado para gravar toda a farewell season.

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  4. Por acaso até nem acho. De resto, ela é dona do programa, dos estúdios, tem a sua própria rede de televisão, acabar foi decisão dela. E até aquele novo projecto, o OWN.

    Quanto a gravar, eu tenho Zon...

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  5. Teresa, então mas a Zon não dá para programar séries?

    Foi ela quem decidiu isso, mas garantidamente que não será uma transição fácil para ela, afinal são 25 anos sentada no mesmo sofá a entrevistar e a dirigir o seu programa. alguma nostalgia será sentida certamente. gostava mesmo era de arranjar o "behind the scenes" que acho que está a passar já no OWN. pode ser que a sic mulher depois passe o programa também.

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  6. Nesse ponto concordo contigo, é impossível olhar para trás sem sentir alguma nostalgia, principalmente quando se deixa tão grande obra feita. Mas não a vejo melancólica, isso não.

    Quanto às gravações da Zon, suponho que sim, mas acho que é preciso comprar uma engenhoca qualquer, e mais não sei o quê. Não estou muito para aí virada, confesso.

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