sábado, 1 de outubro de 2011

I ♥ MasterChef Australia

Nos últimos meses fiquei completamente viciada nesta série, que tento acompanhar religiosamente, apesar de embirrar com o formato em que passa na Sic Mulher, dois episódios de cada vez, sendo que no dia seguinte temos de levar novamente com o último da noite anterior. Na prática, um episódio novo por dia, e a horas não muito católicas.

Por causa disso, ontem pus-me a investigar o YouTube, onde encontrei imensos episódios que ainda não passaram na televisão. O resultado foi serão madrugada adentro. De caminho pude verificar que a blogosfera nacional não detém o exclusivo da peçonha. Onde houver um computador, Internet e a possibilidade de algum anonimato, é mais do que provável que encontremos gente medonha, seja qual for a nacionalidade. Encontrei comentários abjectos, que denunciei sem piedade. A maior parte era sobre Matt Preston, com adjectivos e expressões que não vou repetir; digamos que a palavra mais suave que encontrei foi fruit. Tudo porque o senhor (casado, a viver com a mulher e pais de três filhos) costuma conjugar calças coloridas com o blazer e não abdica do foulard ao pescoço e do lenço no bolso. Se já me merecia imensa simpatia antes, imaginem agora. Acresce que a sua elevada estatura, o penteado e o ar nonchalant me lembram imenso Oscar Wilde. Só podia gostar dele, não é?

Tal como adoro os outros dois apresentadores e juízes, os chefs Gary Mehigan e George Calombaris. Este concurso foge à regra, aos padrões recorrentes que assentam sempre na dualidade polícia bom/polícia mau. Nos outros concursos há sempre o formato estereotipado do juiz bonzinho e indulgente, com quem o público se derrete, e do juiz demolidor, que achincalha e que o público adora odiar, deleitando-se secretamente com a sua brutalidade. No MasterChef Australia as coisas não são assim. Os juízes são justos mas atentos e muito sabedores, não perdoam uma falha mas não deixam de assinalar um molho bem conseguido, uma boa apresentação, uma massa al dente no ponto exacto, uma atitude empenhada mesmo quando tudo corre mal. E encorajam, estimulam, galvanizam. Um grande exemplo.

Os concorrentes? Outro caso raro. Vejo solidariedade, entreajuda, genuína camaradagem. Competem todos, são adversários, sim, mas cada um dá o seu melhor e não passa rasteiras aos demais para ficar em posição vantajosa. A única com quem embirrava bastante, Joanne (talvez por causa das expressões faciais, admito), e que me parecia destoar bastante desse quadro de harmonia geral, fez-me esta tarde vacilar, num programa que ainda não tinha visto, de tal forma tentava ajudar um colega a superar uma prova de pressão. Gosto de todos, sim. Mas claro que tenho os meus preferidos. Claire, pela personalidade doce e discreta, que me parece albergar uma grande tenacidade. Matthew e Callum, tão novinhos (20 ou 21 anos, na altura, e Matthew ainda por cima tão bonito!), um genuíno laço de amizade ali surgido a uni-los. Adam, sempre tão modesto, sempre tão humilde. Jonathan. Fiona, 24 anos, tão bonita, aqueles enormes olhos de gazela, tive tanta pena que saísse. E Marion, aquela querida, uma miúda de 27 anos que conseguiu derrotar um grande chef na confecção do prato que era o seu cartão de visita e do seu restaurante. Que proeza!

Avizinha-se nova versão do vício, que a Luna já me falou no Junior MasterChef Australia, para miúdos entre os oito e os doze anos. Disseram-me que já passa em Portugal, mas parece que num canal excusivo do MEO. Tenho de descobrir maneira de ver.

O grande problema deste programa? O grande problema, meus amigos, são os meus olhos a saltarem das órbitas para se colarem àquelas iguarias no ecrã (mesmo apesar da mania dos anglo-saxónicos com o borrego, carne que não consigo comer), são as minhas papilas gustativas num desgoverno e eu a ficar com a maior das fomes.

18 comentários:

  1. Eu sei que não devia dizer estas coisas, mas eu de tal modo fiquei fascinada com as Masterclasses que saquei-as e tenho-as todinhas no PC. E o formato da Sic Mulher é estranho, porque os episódios originais têm uma duração de cerca de 1h10. Dá-me ideia que eles simplesmente colaram todos os episódios e cortaram-nos no formato que lhes convinha.

    Quanto ao programa, adoro. Aliás, já tinha visto o formato americano e é simplesmente detestável. Devo ser das poucas pessoas que acha que o Gordon Ramsay teve foi falta de estalos em pequeno. Também não consigo acompanhar o português, porque segue o formato do americano.

    Quanto ao que falas sobre a entreajuda, é mesmo verdade. Lembro-me que no desafio do pão um deles esqueceu-se de trazer pão e prontamente conseguiu-o com 2 ou 3 colegas. Juro que pensei que não iam dar e era logo ali que ele saía. Se não me engano até foi o Matthew.

    O Georgie é a melhor coisa à face da terra, adoro ver o gosto com que ele cozinha e como avalia os concorrentes, sempre justo.

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  2. Também sou fã assumida deste programa! Infelizmente não vejo os episódios de seguida, vou vendo quando calha... mas aprecio, tal como a Teresa, o ambiente são e a justeza e moderação do júri, coisa que costuma escassear nestes formatos. O português ainda não vi pois não passa cá (África do Sul).

    Quanto ao Junior Masterchef, já vi um episódio (penso que na Sic K, para crianças) e achei delicioso! Vi crianças com imensa postura e sentido de responsabilidade, já para não falar dos conhecimentos que denotam quanto a ingredientes, pratos, sabores, etc.

    Ainda quanto ao Masterchef de graúdos, confesso que adoro a Fiona :) mas já sei que não vai chegar ao fim... :(

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  3. Charlotte,
    E não devias confessar porquê? Aquelas masterclasses são arte pura!

    Quanto ao formato da SIC Mulher, não detectei nada de estranho comparativamente com o que vi no YT, sendo que os episódios estão segmentados em quatro, cinco e às vezes até seis fragmentos.

    Nunca vi o formato americano, nem o britânico, mas encontrei bastantes comentários no YT dizendo que o australiano era de longe o melhor. Sabia da reputação de Gordon Ramsay no programa, Por razões várias continuo sem conhecer o restaurante dele em Londres, talvez o mais célebre da cidade há mais de 15 anos. A principal é só aceitarem reservas até uma certa hora que colide com o meu sagrado teatro. Mas a minha carteira tem ficado grata, que o restaurante é estupidamente caro, até numa cidade tão estupidamente cara como Londres.

    Quanto aos apresentadores, uma coisa que adoro é a expressão deles quando provam um prato que está fora de série e, ainda antes de comentarem, já estão a deitar uma olhadela e um sorriso aos outros, como quem diz "Preparem-se, que isto está do outro mundo!"

    E quando Matt Preston, depois de provar um prato (acho que do Aaron) o atirou ao chão? Se não viste não revelo. :)

    Sobre o nosso querido George (sim, adoro-os a todos), fiquei horrorizada quando o vi levar a faca à boca, coisa que me provoca reacções que nem sei dizer-te. Não esperava.

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  4. Dulce,
    Encontra imensos episódios no YouTube, o problema é parar de ver.
    Já quanto ao Junior MasterChef, encontrei menos no YT, muito menos, e nada de episódios completos, e a coisa reparte-se entre o britânico e o australiano.
    Mas encontrei esta delícia:
    http://www.youtube.com/watch?v=sAQgFMnPbhM

    Esta é a primeira de quatro partes, é só ir seguindo. Veja-me só aquele Wellington de um miúdo de 12 anos (logo no primeiro segmento) que nem sequer ganhou o consurso e, tanto quanto percebi, é capaz de ter ficado em terceiro lugar!

    Espero que não tenha sabido da saída da Fiona por mim, detestaria ter sido uma spoiler! Eu, confesso, sei perfeitamente quem ganhou e quem foi saindo sucessivamente, não resisti a espreitar informação.

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  5. Quando estava a ler a tua resposta foi logo o que me veio à ideia, ele a provar e a mandar o prato para meio do chão. Fiquei toda arrepiada, porque sendo quem era e dentro da temática que era... era o sonho dele a ir pelo cano abaixo. Acho que até tremi durante aqueles segundos.

    No formato da Sic Mulher, por exemplo, eles não revelam logo qual é o vencedor do desafio ou quem vai embora, deixam para o episódio seguinte. Já no original o episódio completo é transmitido de seguida. Nos episódios da Mistery Box, por exemplo, dá esse desafio completo, a pessoa que o ganha escolhe o ingrediente e ainda dá o desafio do ingrediente completo. Ficamos logo a saber quem são os que vão competir entre si para não sair no episódio seguinte.

    Também adoro aquele olhar que eles trocam, é de pura confiança no trabalho mútuo. Mas se ouço mais algum concorrente a dizer "That's beautiful" acho que me salta a tampa e ofereço-lhes um dicionário para terem no estúdio.

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  6. Charlotte,
    Acho que não devemos andar a ver os mesmos episódios na SIC! Uma coisa em que tenho reparado é que não ficam pontas soltas para o episódio seguinte. O prato é proposto, ou o desafio, ou o que for, e vemos a coisa do princípio ao fim, eliminação incluída, se for o caso.

    Estou com a televisão ligada (sem som) e neste momento está a passar aquele episódio dos frutos tropicais. As caras e as palavras do Gary e do George ao provarem a sobremesa da Marion! Memorável.

    E a apresentação da sobremesa da Skye nesse programa? OMG!

    Esqueci-me de dizer que também adoro o Alvin. Tão querido!

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  7. Só se eles entretanto mudaram. Aquilo que mais me irritava nos episódios da Sic Mulher é que deixavam sempre a conversa pendurada a meio. "Então a pessoa que vai sair é..... *entram os créditos*". Se assim for, ainda bem que mudaram.

    Eu tive sempre uma preferência especial pela Marion desde que ela apareceu. Por ela, pelo Aaron e pelo Adam. Depois o Callum foi aparecendo e não há maneira de não gostar do miúdo, ele passava a vida a lavar pratos quando devia estar a chefiar a cozinha.

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  8. Vai a correr rever agora, que ainda apanhas a avaliação.

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  9. Não podia concordar mais contigo, em tudo o que disseste! Adoro o júri, adoro os concorrentes... Masterchef tornou-se no semestre passado a minha companhia e recompensa nas noites de sextas-feiras de longo estudo...

    Também quero imenso ver a versão Junior, mas ao que parece só mesmo no SIC K da MEO... lá terei de arranjar maneira de sacar. Ah, e sofro do mesmo mal... mesmo à 1h da manhã, essa hora tão apetecível, morro de fome só por olhar para o ecrã... ;)

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  10. Charlotte,
    Coitadinho do Callum! E o que ele penou quando foi a reabertura do restaurante do George? Três vezes a ir a correr á procura de ingredientes que faltavam!

    E nem imaginas a saudade que me deu hoje de comer um strogonoff, quando vi um episódio que passaram à tarde. E confirmei que sou velha, já que dataram o prato como imprescindível num jantar dos anos 70. Claro que cá as coisas chegam sempre mais tarde, foi anos 80. E, como uma amiga minha dizia a rir, houve uma época em que quem desse um jantar servia bacalhau com natas e carne assada com puré de maçã. Modas. :))))

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  11. Temperance,
    Grande companhia para longas noites de estudo, tirando a parte incómoda das fomes fora de hora. Mas como é que se resiste àquilo?

    Quanto ao Junhor MasterChef estamos com o mesmo problema, e eu sou uma naba que nunca fez downloads de filmes ou séries, compro tudo.

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  12. Vais ter de me explicar muiiiiito bem e com muiiiiiita paciência, I'm afraid. Mas podes contar antecipadamente com a minha eterna gratidão.

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  13. Então se é para explicar tudinho, vou mandar e-mail a explicar com passo a passo. Amanhã, que hoje acho que não consigo :)

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  14. Olha que engraçado, estive agora a ver o masterchef. Não vi esse episódio em que é atirado um prato ao chão, mas devia estar mesmo intragável, hein?
    Do português não tenho grande coisa a dizer. Não gosto daquele chef bósnio ou sérvio ou lá quem ele é. Não gosto da postura alpha male, não gosto da soberba de se achar um duro e que na cozinha só assim se sobrevive, e o pior, fiquei-lhe com zero de respeito quando soube que é afamado por tratar mal, mesmo fisicamente, quem trabalha na sua cozinha. Não há desculpas: pode haver muito stress, mas uma pessoa que bate ou insulta alguém, em contexto laboral, para mim não evoluiu além da época da escravatura. Grrrr.

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  15. Bom, tudo o que tenha comida, eu estou lá. Mas ao contrário de qualquer programinha com criancinha a mostrar talentos, que me deixa para lá de embaraçado, a versão Junior é deliciosa, só embaraçando por cozinharem bem melhor que eu.

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  16. Tens de ver a versão júnior. São para lá de fabulosos, educados, dedicados!

    Envergonham muitos adultos, eu incluída.

    Beijinhos

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