quarta-feira, 22 de junho de 2011

O Porsche cor de vinho

Há coisa de duas semanas, num jantar em que se trocavam histórias de coisas embaraçosas que nos tinham acontecido, lembrei-me desta. E foi uma risota.

Algures na semana entre o Natal e o Ano Novo de 1996, ao fim da tarde, recebi um telefonema de um amigo. Pelo ruído em volta percebeu que eu estava na rua.

— Teresinha, onde está?

— Na Avenida da República.

— Calha bem, estou pertíssimo e tenho um presente de Natal para si na mala do carro. Tomamos um café no Monumental?

— Pode ser.

— Óptimo! Encontramo-nos em frente do BES, quem chegar primeiro espera.

Cheguei ao Saldanha em coisa de cinco minutos e avistei imediatamente um Porsche cor de vinho, o carro dele, parado em segunda fila. Tinha chegado primeiro, portanto. Alegremente, abri a porta, sentei-me e estendi a cara para lhe dar um beijinho, «olá, João!»

E recuei imediatamente, horrorizada. A pessoa ao volante não era o João, era um perfeito desconhecido, que me encarava como se eu fosse uma doida perigosa. Já de mão na porta e a escapulir-me, morta de vergonha, balbuciei desculpas incoerentes e atabalhoadas que soavam muito pouco convincentes. «Desculpe, combinei com um amigo aqui, o carro é igual, eu...» A expressão céptica do desconhecido era eloquente. «Sim, claro, o clássico número do Porsche errado...»

Nesse preciso momento, eu já com o rabo de fora mas de porta ainda aberta (tudo isto se passou em escassos segundos), parou à nossa frente um segundo Porsche, também cor de vinho, o do João, uma gloriosa chegada que me salvou a honra e a dignidade. Provavelmente nem eram do mesmo modelo, não faço ideia, identificar a marca de um carro já é para mim uma façanha, não me perguntem pelo modelo. 

E em minha defesa só tenho a alegar uma coisa: lembram-se de muitos Porsches cor de vinho? Eu não. Até àquele dia, acho que só tinha visto o do João. What were the odds?!

Posted by Picasa

6 comentários:

  1. Juro que nunca vi, sequer, um Porsche cor de vinho! Era uma argolada que, estivesse eu na mesma situação, poderia ter cometido...

    ResponderEliminar
  2. Nem mais, I. O Porsche do João e o daquele desconhecido continuam a ser os únicos que vi até hoje, e já lá vão 14 anos.

    ResponderEliminar
  3. Hahaha: «Sim, claro, o clássico número do Porsche errado...»

    Mas há mesmo homens que pensem assim? Pior... Existirão mulheres que os convençam disso? Beijinho

    ResponderEliminar
  4. Pois é, Raquel. Há homens que acham que as mulheres se deixam impressionar com carros. Porque, infelizmente, há algumas assim.

    ResponderEliminar