quarta-feira, 29 de junho de 2011

I left my heart in... (#2) Devils Tower

O Wyoming é um estado gigantesco, o 10.º maior dos Estados Unidos (quase três vezes o tamanho de Portugal) e o menos povoado de todos, ainda menos do que o Alasca. Apaixonei-me pelas suas estradas solitárias a perder de vista, pela paisagem rude a lembrar-nos mais uma vez como aquele enorme país está longe de ser a selva de pedra de que falam sempre os seus detractores e que é fora das grandes cidades que se encontra a alma da verdadeira América.

No dia 25 de Junho de 2008 (assim me diz o registo da máquina fotográfica) rumámos a Devils Tower, monumento nacional. Fizemos a clássica paragem para um café num Starbucks em Cheyenne, a capital do estado. A cidade impressionou-me por a ter achado diferente de todas as pequenas cidades americanas que já conheci. Pareceu-me melancólica, menos próspera, com alguma degradação mesmo nas belas moradias das avenidas centrais. Tudo muito limpo e arrumado, sim. Mas persistia uma sensação de abandono.

As fotografias que tenho de Devils Tower, que talvez lembrem de Encontros Imediatos do 3.º Grau, de Spielberg, não são grande coisa. É difícil fotografar aquela imensa mole de rocha e os seus estranhos arabescos, que se diria terem sido feitos por Deus com um garfo gigantesco. Julgo que estas duas serão das melhores:

Céus! Eu estava uma autêntica texuga!

Levámos mais de hora e meia para dar a volta completa à base. Há uma atmosfera especial, quase mística, caminhamos a falar muito baixo, a ver as centenas de pedacinhos de pano amarradas aos arbustos: Devils Tower é sagrada para várias tribos índias, razão pela qual no mês de Junho passou a ser interdita a escalada, para que as várias tribos possam fazer as suas cerimónias de culto em paz e sossego. O Vítor, que já lá tinha estado noutra altura do ano, disse-me que avistar dezenas de figurinhas do tamanho de formigas a trepar rocha acima era uma visão incrível, mas eu regozijo-me por a ter visto na sua pureza original.





As chapas de matrícula do Wyoming têm dois motivos: um cowboy num rodeo e Devils Tower, de tal maneira simboliza o estado. Esta fotografei-a em Jackson Hole, adorável cidadezinha que encontrei ainda cheia de maciços de lilases e que tem recebido muitos visitantes ilustres (até a rainha de Inglaterra e Nelson Mandela), e em que pessoas como Uma Thurman, Sandra Bullock ou Clint Eastwood têm casa.

Um pequeno filme que encontrei no YouTube, ao som da música que o grande John Williams compôs para Encontros Imediatos.



8 comentários:

  1. Eu diria que, como amadora / turista, as fotos que tirou não estão nada más. Mas o que conta é o momento de reportagem no seu todo e este parece-me muito bom.

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  2. Obrigada, mas todas as fotografias foram retiradas da net, à excepção da segunda, da terceira e da última, que são minhas. :)

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  3. Assim que li isto, reencaminhei imediatamente para o grupinho que há algum tempo anda a planear uma viagem. Acho que vais gostar da resposta:

    "
    "...aquele enorme país está longe de ser a selva de pedra de que falam sempre os seus detractores e que é fora das grandes cidades que se encontra a alma da verdadeira América."

    Adorei as grandes cidades que já visitei, mas é por isto que eu quero fazer um costa-a-costa..."

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  4. Me,
    Gostei muito da resposta, claro. No entanto, e se queres saber, pela minha experiência e dado o gigantismo do país, para uma viagem costa a costa precisas no mínimo de dois meses, e ainda deixas muito por ver.

    Para teres uma ideia, esta viagem (é só clicares na etiqueta USA 2008 - Rocky Mountains, aparece tudo o que já escrevi sobre ela, e muito mais haverá) foi de mais de duas semanas, só em Yellowstone dormimos três noites, sempre em sítios diferentes, tão grande é o parque, fizemos quase oito mil quilómetros de carro e mesmo assim não vimos tudo. Para ir a Mount Rushmore, por exemplo, que tanto quero conhecer, seria um desvio demasiado grande, implicaria mais dois dias de viagem. Idem para Deadwood e para as Black Hills. O South Dakota é mesmo ali ao lado do Wyoming e de Montana, não é? Pois é, mas as distâncias são monstras.

    Acredita em mim, para se conhecer esta América que eu tanto amo tem de ser em várias (muitas) viagens parceladas. Se vais para um lado... não podes ir para o outro. A não ser que tenhas mesmo muito tempo.

    O que posso garantir-te e ao teu grupo de amigos é que são viagens inesquecíveis, e encorajo toda a gente a fazê-las.

    Vê este post. A estrada, só a estrada!
    http://gotaderantanplan.blogspot.com/2008/07/imensa-estrada-americana.html

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  5. Teresa ora aí está!

    Essa é a conclusão a que temos chegado. As 3 semanas que inicialmente ponderámos não vão chegar nem para um terço do que "gostávamos mesmo muito de ver".

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  6. Um terço? Um TERÇO?! Não sei se ria se chore.
    Não chegam para um décimo.

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  7. É mais isso... é para chorar!!! Com a nossa desgraça (??? - há desgraças a sério mas esta não é uma delas) de querer conhecer tudo e não ter tempo (nem dinheiro) para conhecer um milésimo!

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  8. Sim, o dinheiro também pesa muito.
    Esta viagem, com a gasolina a preços de Portugal, teria custado três vezes mais, à época.

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