Asneiras recorrentes
A menina é muito bonita e até tem jeito para o que faz. Mas não seria má ideia que alguém lhe dissesse que beneficiência é palavra que não existe. Beneficência, menina, be-ne-fi-cên-cia! Disparates destes, com os quais encolhemos resignadamente os ombros se folhearmos o Correio da Manhã ou a Flash, não ficam nada bem a um canal sério como a SIC Notícias.
Esta asneira da beneficiência é das que oiço com mais frequência na televisão, diria que nove em cada dez vezes lá vem ela, fatal como o destino.
Outra que já não posso ouvir nem ler é o adjectivo solarengo. Solarengo aplica-se ao género de arquitectura de uma casa, a qualquer coisa relativa ou pertencente a um solar. Um dia não é solarengo, um apartamento não é solarengo, se com isso se quer dizer que tem muito sol ou muita luz. É soalheiro, é ensolarado. Solarengo é que não.
Posso contar que há uns bons cinco anos enviei um e-mail a escritor que vende muitos milhares de exemplares em cada edição a apontar-lhe delicadamente o erro (até o atribuí a asneira do revisor, pois está claro), logo na terceira página lá vinha um refulgente dia solarengo. Umas páginas adiante, tunga!, outro dia solarengo. O escritor agradeceu a correcção, nem tinha dado por aquilo (ai, estes revisores!), o erro não se repetiria em edições futuras. E não, de facto, como verifiquei quando folheei uma edição posterior (de mais uns largos milhares). Claro que todas as outras asneiras, as que eu não lhe tinha assinalado, continuavam lá.
Posso contar que há uns bons cinco anos enviei um e-mail a escritor que vende muitos milhares de exemplares em cada edição a apontar-lhe delicadamente o erro (até o atribuí a asneira do revisor, pois está claro), logo na terceira página lá vinha um refulgente dia solarengo. Umas páginas adiante, tunga!, outro dia solarengo. O escritor agradeceu a correcção, nem tinha dado por aquilo (ai, estes revisores!), o erro não se repetiria em edições futuras. E não, de facto, como verifiquei quando folheei uma edição posterior (de mais uns largos milhares). Claro que todas as outras asneiras, as que eu não lhe tinha assinalado, continuavam lá.
Acho muito bem. Ontem li um erro crasso na Unica e hoje ja enviei um email simpático ao senhor a alertá-lo para o erro. Desde que feito com educação e de forma construtiva não há nada de errado em corrigir as pessoas. Eu não gosto, como todas as pessoas que me corrigiam constantemente e de forma que parece quase perseguição, mas agradeço quando me chamam a atenção nos momentos certos. Afinal não estamos sempre a aprender e morremos sem saber?
ResponderEliminarRaquel, eu agradeço que me corrijam. Ninguém é infalível, ninguém sabe tudo.
ResponderEliminarAinda há dias, em conversa privada com uma blogger, lhe contei um erro de inglês (que na verdade são vários) que fiz até aos 30 anos, até ao dia em que os meus ouvidos se abriram e percebi que dizia mal. A ver se faço um post sobre isso, porque é coisa que toda a gente em Portugal diz mal... como eu dizia.
Raquel, só mais uma achega, e porque escreve o seu blogue em inglês.
ResponderEliminarSabe que também os nativos da língua têm erros recorrentes? Coisas que para mim são claras, e em que nunca me engano, como a diferença entre your e you're, ou it's e its, ou their e there, ou then e than, são os erros mais frequentes em inglês pelos próprios falantes. É só ler um bocadinho em inglês pela blogosfera e nas críticas da Amazon e do TalkinBroadway.
Oh, Teresa, não acredito! Não acredito! Beneficiência é a disciplina que estuda as pessoas de bem (do latim, "bene"). Até me choca, semelhante inguinorância.
ResponderEliminarE, já agora, foi a folhear o livro que encontrou um erro? Ou a desfolhar? Vamos lá a ver!
(para quem não me conheça, estou no gozo. o que eu adoro quem desfolha revistas e livros. adoro. e já nem se fala o que gostava de ter uma casa solarenga, era sinal que podia. e agradeço imeeenso que me corrijam, que há dias em que é cada tiro cada melro, que vergonha.)
A tal tal beneficência quando é metódica e sistemática evidentemente que é ciência; e da fina. Não se amofine virgula Teresa!
ResponderEliminarDeculpa vir aqui postar uma coisa que nao tem nada a ver com o post e que se calhar até já conheces na totalidade, mas para o caso de alguma delas ser novidade: um conjunto de fotografias antigasda Linda McCartney.
ResponderEliminarI.,
ResponderEliminarMea culpa, mea maxima culpa! Como foi que não me acorreu (ocorreu) que podíamos estar a falar de um ramo do saber? Vergonhosa ignorância. :)
Já desfolhar (que também me põe a ranger os dentes) era mais o que me apetecia fazer ao livro do senhor, a todos os livros do senhor, um dos meus ódios de estimação.
Singleintherain,
Não há dúvida, toda a gente sabia que era uma ciência menos eu! :)))
Rita,
Muito obrigada, espantosas fotografias, não conhecia a maior parte. Vão para o Beatles Forever!, com os devidos créditos.
Beijos!
Se na Sic notícias se falava em "beneficiência" na tvi falava-se em "anfitriães" !
ResponderEliminarLembrei-me logo do Ran Tan Plan
Hoje no Expresso Online pode ler "entopido".
ResponderEliminarEu escrevo sempre a mil, sem reler e a dislexia não ajuda. Frases mal formuladas, tempos verbais mal aplicados e qual Manuela Ferreira Leite: erros no género.
Por isso quando faço um post faço questão de o ler duas ou três vezes antes de publicar e ainda assim há erros que não consigo ver. Comecei a escrever naquele blog em inglês quase por imposição (e hoje seria impossivel fazê-lo de outra forma) mas tenho noção que o meu inglês nada tem a ver com o inglês de um natural english speaker. Aliás até acho uma certa graça a isso desde que me faça entender apesar de alguns erros que por vezes me fazem corar de vergonha. Mas sim, o contrário também é verdade. Toda a gente dá erros, dos blogues em português aos jornais e se o pudermos evitar... Estamos a contribuir para um mundo melhor.
Um desabafo que escrevi sobre o escrever noutra lingua: http://bikinipequeninoasbolinhasamarelas.blogspot.com/2011/04/lost-in-translation.html
Beijinho
Raquel,
ResponderEliminarFui ler o post que me indicou, mas na verdade nem precisava de ler. Percebo todos os seus motivos, a sua aposta em escrever em inglês por causa da linha do blogue. Se detectei erros? Sim, alguns (se quiser indico-lhos em particular). Com ou sem erros, percebe-se tudo o que diz, que é o mais importante. Passo a vida a encontrar erros no blogue da Chiara Ferragni, e veja lá se ela não tem milhares e milhares de visitas diárias!
Também encontro alguns erros (muito raramente, é sueca, e os nórdicos são verdadeiramente dotados para o Inglês) no blogue da Benita, que adoro. Imagine se ela escrevesse o blogue em sueco! Que prejuízo para nós, leitores.
http://chezlarsson.com/
Não sei se conhece, ADORO! Tal como adoro a mentalidade simples, límpida, descontraída. Não imagino uma pessoa assim a perder tempo com tricas blogosféricas.
Tudo isto para dizer que gosto do seu blogue, que só conheci há pouco tempo (acho que foi quando me começou a comentar por causa daquele assunto medonho), e que acho que deve continuar a escrever em inglês, mesmo com uma escorregadela aqui e ali. Aposto que o inglês de quem a lê, na maior parte das vezes, é incomparavelmente mais fraco.
Mesmo só tendo um interesse muito relativo por moda, gosto do seu blogue, repito. E gosto da sua imagem, fresca e natural. E de, por aquilo que já percebi, ser igual a mim num aspecto: não há cá imitações para ninguém. Ou se tem o artigo genuíno ou nada feito.
Agradeço-lhe as palavras Teresa. Eu própria ao ler identifico um erro aqui outro ali, com o tempo vou corrigindo as imprecisões mas o importante ali sim, é que a mensagem passe. A Chiara dá imensos erros, há 2 anos que escreve fabolous... Mas chegou onde chegou apesar de não ser uma referência para mim.
ResponderEliminarVou ler o blog que me recomendou. Por força do meu trabalho leio centenas de blogs por dia e nem todos são bons mas simplesmente correspondem às necessidades de mercado. Um pouco do que fala em cima sobre a Boticário. Por isso muitas vezes chego a casa e não abro um unico blog de moda. Os de texto ou de estórias como este dão me infinito mais prazer.
E sim, absolutamente contra fakes. Prefiro ter 3 carteiras boas do que 30 em sintético. Prefiro ter uma zara em lona do que uma LV falsificada. E lamento muito que haja quem não pense assim.
Beijinho
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarE o "vai de encontro a" para "concorda com"? De cada vez que ouço alguém dizer "Pois, e essa ideia vai de encontro àquilo que acabei de dizer" penso logo "tumbas, este gajo já está a discordar DE TI" (ou será contigo?). Mas afinal não é isso que eles querem dizer.
ResponderEliminarMas se formos a ver, mesmo muitos dos que tiraram um curso de português escrevem de maneira parecida À de quem não chegou a passar da primária.
Solarengo para além de ser aplicado à arquitectura também significa o mesmo que soalheiro. Um dia pode ser solarengo relativo a sol. Não está errado.
ResponderEliminarRaquel,
ResponderEliminarOlhe que o blogue que eu adoro é basicamente um blogue de bricolage e DIY. :)))
Depois não diga que não avisei (mas aposto que vai gostar muito).
Wendy,
Se nos puséssemos a fazer uma listagem nunca mais acabávamos. O "discordar com" e o "parecido a" também me põem os nervos em franja. Tal como dizer "rápido" em vez de "depressa". Rápido é um adjectivo, não pode ser usado no sentido em que o oiço e vejo escrito a toda a hora. No máximo será "rapidamente".
Rui,
ResponderEliminarLasmento contradizê-lo, mas está errado. Consulte qualquer bom dicionário (olhe que não é o Priberam, onde já encontrei muita asneira), veja artigos sobre a matéria no Ciberdúvidas, que tem vindo a revelar-se ao longo dos últimos anos um muito bom instrumento de fixação da língua.
Ups, pensei que estávamos numa onda de desabafos linguísticos, por isso descarreguei a minha raiva portuguesa toda aqui ;)
ResponderEliminarWendy,
ResponderEliminarE o "cumprir com o prometido"? :)