Pasta, a predadora
A doce e meiga Pasta é igual a todos os gatos: a ancestralidade e o instinto da caça estão muito vivos.
Segundo me contou a Teresa, ontem ao jantar, o restaurante sossegado e com poucos clientes, ouviu de repente guinchos aflitos na rua. Precipitou-se para a porta, mesmo a tempo de ver que a nossa Pasta tinha caçado um rato e se entretinha com ele. Capturado já estava, já não lhe fugia, brincava com ele.
O terror absoluto que qualquer rato, por mais diminuto, me inspira, vive de mãos dadas com o facto de não conseguir suportar a ideia de um animal, qualquer animal, em sofrimento (ai as conversas com a Luna por causa das experiências laboratoriais em ratos!). Teria sido incapaz de assistir àquilo. O jogo cruel ainda continuou durante alguns minutos, depois a Pasta abocanhou a sua vítima e arrancou com ela rua acima (espero sinceramente que a desgraçada já estivesse morta), para a saborear tranquilamente em qualquer sítio só dela conhecido.
É uma rua muito estreita e antiga, de casas pombalinas, quase todas de janelas tristemente tapadas com tijolos, dois ou três apartamentos já recuperados (e que bonitos parecem, vistos de fora). Foi justamente o senhor do segundo andar do prédio em frente, assomado à janela, que comentou com a Teresa, na sequência deste episódio sangrento, que aquela gatinha tinha de ser muito bem tratada, porque estava a prestar um serviço inestimável à rua.
E o senhor leva esse propósito muito a sério, todos os dias deixa comida para a nossa menina à beira do passeio. Notem o pormenor gourmet de haver ração seca e mole. Tudo para agradar à Pasta, tudo para lhe tentar o apetite, tudo para a manter por ali! É que parece que há um ano, antes de ela assentar arraiais na vizinhança, era frequente ver ratos à noite. Agora é muito raro.
Mesmo assim, há coisa de um mês, ia eu a abrir a porta do restaurante para sair, depois do almoço, quando avistei um rato a correr do passeio para debaixo de um carro. Apavorada, não consegui evitar um grito e recuei em grande velocidade, ficando a tremer resguardada pela porta de vidro (e o restaurante em peso ficou a olhar para mim, claro). Cheira-me que o rato desse dia já não é do rol dos vivos. Put the blame on Pasta (piada cinéfila).
Coisa mai´ linda, essa predadora. Não critique essa característica da Pastinha. Lembre-se de que foi o instinto de caça dos gatos que fez com que Veneza sofresse menos com a peste negra do que o resto da Europa (que pagou bem cara a excomunhão e consequente extermínio dos felinos).
ResponderEliminarEnfim, a Natureza. A princesa da foto também caça ratos. Além disso, pássaros e ouriços-cacheiros. Já pereceram alguns às suas patas (mãos), para desgosto meu. Até já a tentei desviar dos seus intentos, no caso de um ouriço-cacheiro, acenando-lhe com queijo, presunto, ou uma salsicha suculenta. Nada feito!!!
ResponderEliminarAqui há dias andava à procura de uma coisa no site da Câmara e encontrei uma coisa que muito me agradou: já há um programa de recolha de gatos vadios para esterilização e posterior libertação! Finalmente reconhecem o valor destes bichinhos na luta contra a praga dos ratos. E que ainda tem a sua importância.
ResponderEliminarA minha bichana, além de inúmeras osgas (suspiro), melgas e moscas, já apanhou um pardal (e levou-o para dentro de casa, eu libertei-o incólume, ufa!), e um ratinho minúsculo (também o levou para casa, e foi uma tourada para o espantarmos para a rua). As osgas é que já chegam em estado que nem o INEM lhes vale.
Julie,
ResponderEliminarClaro que não critico, e sei como o contributo dos gatos, predadores naturais e encarniçados dos ratos, é valioso.
Prefiro apenas não ver. Até porque nem sequer suporto ver um rato (nem em filme, juro - aliás, vou confessar-lhe uma coisa que possivelmente a fará rir: tenho há mais de um ano em casa o célebre filme 1984 com John Hurt e Richard Burton, adaptado do romance de Orwell. Ainda não consegui vê-lo. Por causa da cena do Quarto 101, claro. Isto em mim é invencível, é uma fobia inultrapassável).
Cristina,
ResponderEliminarSerá que a raça da Princesa é rateira? Ou então é um instinto de caça muito vivo.
I.,
ResponderEliminarNão sabia desse programa da Câmara e fico feliz. A nossa Pasta está esterilizada e foi devolvida à rua porque confinada ficava infeliz. É um espírito livre.
Quanto às caçadas que eles fazem (e sofri a minha dose, quando vivi numa casa com jardim, ia morrendo, ainda conto a história), temos de gerir a coisa com muita diplomacia. Eles fazem isso para contribuir para a economia doméstica, podem ofender-se. A sério. E Deus sabe como os gatos são susceptíveis (um pouco como o Ocatarinetabelatchichix).