quarta-feira, 23 de março de 2011

O outro lado de Elizabeth Taylor

Há vantagens em ser mais velha (ou simplesmente velha, como me chamam recorrentemente na blogosfera, e eu sorrio da rapidez com que vão chegar à minha idade, é que nem sonham). Para começar, lembramo-nos de mais coisas, pelo menos enquanto o senhor alemão não anunciar a sua visita. Podia enunciar muitas outras vantagens, mas correria o risco de me acusarem (sempre os mesmos adoráveis anónimos) de estar a armar-me em boa, dizem que é coisa que faço o tempo todo.

Tenho idade para ser mãe de boa parte dos meus leitores favoritos (uma mãe novinha, pronto). A maior parte dos meus leitores não pode sequer supor o que foi o terror de uma nova doença que o mundo conheceu em 1983, uma doença chamada SIDA. Doença que matava e que trazia uma conotação odiosa, aparecia colada à homossexualidade. Muitos tentaram fazer passar a ideia de que era um castigo, eu mantive-me apenas fiel às minhas amizades. Como Elizabeth Taylor.

Estava eu de férias na Suíça quando Rock Hudson morreu, em Outubro de 1985. À época entrava numa série de televisão famosa  que nunca será escolha minha, toda a gente que contracenou com ele em Dinasty entrou em pânico, era a Idade das Trevas, sabia-se muito pouco sobre a doença. Elizabeth Taylor, nunca esqueçamos, foi a primeira pessoa a dar visibilidade à doença, A perda de um grande amigo, o seu co-protagonista em Giant, lançou-a na batalha. E angariou muitos milhões de dólares. Reconheço-me nesta lealdade aos amigos.

Muitos anos antes, o enorme actor que foi Montgomery Clift, o seu galã no inquietante A Place in the Sun, teve um terrível desastre de carro, saído de uma festa em casa de Liz. Foi ela que deu com ele, foi ela que lhe salvou a vida, enfiando-lhe resolutamente os dedos  garganta dentro, a cara  perfeita uma massa de sangue de arrepiar, os dentes partidos a sufocarem-no. 

Todos sabemos que o seu grande amor foi Richard Burton, as lendas vivem de amores assim. Não houve filhos biológicos desse grande amor, houve uma filha muito amada, Maria, criança adoptada por razões muito precisas. Era doente, estava em risco de vida, escolheram-na por isso mesmo. 

Deus tem um lugar especial para Elizabeth Taylor, aposto. E Richard Burton estará lá com ela.

5 comentários:

  1. Armada em boa? Pois sim, está bem. olha mulher quem me dera a mim chegar à tua idade e ter metade (repito: metade) da tua figura. Já não falo nem na inteligência nem na enorme cultura geral. Aliás, tu és um fenómeno. Ninguém sabe de cor quando é que Júlio César nasceu e morreu e essas coisas todas. Só tu.

    Mas que sei eu. Uma mete nojo, snob e arrogante. :)


    Hoje não quero falar de morte. Faz hoje onze anos que a minha avó morreu e já são mortes a mais num só dia.

    Só vim aqui dizer-te que se voltas a publicar fotos da tua mais nova vamos ter casamento cigano.

    Bjo

    Enviei sms. Qualquer coisa que precises é só dizer. 24 horas, sete dias por semana.
    Bjo

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  2. Esse lado da Liz era tão bonito como o outro. Ela era uma mulher linda e grande.

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  3. Olha a minha VELHA e Armada em BOA AMIGA! Teresa, foi justo, a Liz foi uma mulher muito bonita, os olhos...os olhos! mas pelo outro lado também demonstrou a mais Violeta de todas as humanidades. Aposto que neste momento, ela e Richard, estão já seguramente envolvidos num profundo abraço no final de uma discussão VIOLEnTA...

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  4. Post incrivelmente bem escrito e comovedor...
    Foi uma grande perda,sem dúvida!

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  5. Obrigada pela homenagem que eu não fiz à actriz/heroína minha que foi desde a Lassie (tinha 10 anos mais do que eu, ai).
    Aproveito para dizer que tens uma Diva digna de ti, parabéns. Parece-me cruzada de persa para ter esse pelo comprido assim, é refinadamente linda. Ela sabe disso, ainda bem.
    (Sabes que os bichos se parecem com os donos?!)

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