quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A Little Night Mozart

Preciso de Mozart, que para guerra já me chega a guerra felina doméstica em curso e que não promete tréguas para tão cedo, como bem atestam as duas feridas de hoje na minha perna esquerda — Agri continua de uma hostilidade feroz à pequenina, e quem sofre sou eu. Como tal, a guerra blogosférica instalada em redor do nascimento de uma criança já me saturou por completo. E também sei que daqui a dois ou três dias haverá novo motivo de agitação e interesse, porque nada é mais antigo do que o jornal do dia anterior, o que é mais uma razão para me alhear do assunto e mergulhar em Mozart e neste concerto que foi o segundo disco que comprei, nos meus já muito distantes 12 anos (não era esta gravação, esta é a última que me chegou, e que parece encantar Drusila, gatinha de gosto musical precocemente refinado).

No meio de todo este sururu (e só o vi em dois ou três blogues, não leio assim tantos, aposto que estará em muitos mais) o que me surpreende mais é a incapacidade que cada pessoa parece ter de perceber o pensamento alheio. E só encontrei uma pessoa que pense sobre o assunto exacta e decalcadamente o que eu penso: a Luna

Cada um de nós decide o grau de exposição que quer ter no blogue, quantas intimidades quer contar. Não questiono e respeito, até porque não me diz respeito. Quando entrei para a blogosfera, fez agora quatro anos (há dois dias, para ser mais exacta), estavam na moda os blogues de cariz sexual, em que se contava, com mais ou menos verdade, com maior ou menor dose de embelezamento (leia-se invenção) momentos tórridos e íntimos. Alguns desses blogues até deram livros. Nunca li nenhum, da mesma maneira que apenas deitei  uma olhadela distraída aos próprios blogues, quando mos indicaram. A questão não é essa. E é nisso que me parece que só eu e a Luna concordamos: temos vida para além do blogue, por mais que gostemos dele. E, francamente, há alturas em que estou demasiado ocupada a viver para me lembrar de que tenho um blogue. Pode ser num mero jantar com amigos, pode ser numas férias. E não agendo posts, que a escrita para mim é coisa que tem de ser espontânea, não importa quão frívolo ou tonto possa ser o assunto. Escrever, para mim, tem de ser um impulso, nunca uma tarefa. Mas isto sou eu, claro, e não tem de valer para mais ninguém. 

Maria João Pires, Claudio Abbado,  The Chamber Orchestra of Europe

8 comentários:

  1. Teresa, também me lembro desses blogs de sexo mais ou menos explícitos que havia por essa blogosfera. Ando cá desde 2003 e na altura fiquei mais que surpreendida com o fenómeno (que, admito, não sei se subsiste).
    Ora não nego que cada um faz o que entende e expõe-se publicamente na exacta medida que entenda. Mas, e aqui levanta-se o busílis, não posso eu tecer uma opinião, também pública, sobre o grau e forma dessa exposição? Não poderia eu dizer que acho esses blogs de sexo, com fotos e descrições dos momentos mais íntimos, um horror, uma falta de gosto pegada, e que aquelas pessoas não tinham sentido do ridículo e noção do que é (ou deve ser) privado ou público? Estaria eu a achincalhar, ao fazer isto? Sou pior pessoa, por o fazer?
    Porque se este debate começou por causa do timing da exposição (e foi também isto que me chocou, de início), desenrolou-se por esse tema que é a liberdade de dizer o que se quer, e a liberdade de criticar.
    E se, admito, houve alturas em que fui um pouco longe de mais (às vezes tenho o coração ao pé da boca, e ao ver certos comentários fugiu-me o pé para a chinela, mea culpa), mantenho, no essencial, que não há intocáveis. Porque já vi cenas de mobbing e bullying nesta blogosfera, protagonizadas pela "gente bonita" que agora tantos aparecem a defender, que foram do mais cruel que há. E, nos blogs que frequento, não vi ninguém tecer comentários acerca da Miss. G. piores sequer que uns que já li a própria fazer (embora apenas no campo das insinuações).
    Hoje em dia não visito o blog em questão. Por curiosidade, no passado, já o fiz. Mas isso não me inibe de opinar, seja sobre o que lá é escrito, ou mesmo sobre o que acho que o conteúdo dos posts mostra sobre a autora.

    (e pronto, não volto mesmo ao assunto, que isto cansou-me deveras. remeto-me de novo à minha insignificância, que nunca de lá deveria ter saído)

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  2. Lá tinha que vir a velha defender a Luna. Parecem fufas. Credo. E quando expõe as suas fotografias de mau gosto, isso não é exposição intima gratuita? Devia pôr um aviso antes, para não se vomitar.

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  3. Olá Teresa
    A caixa do Rohmer que referimos está na amazon/fr como:
    coffret Rohmer: 6 contes moraux
    ao preço de 24,99
    são cinco dvds:
    1- la boulangère de monceau
    la carrière de suzanne
    Nadja à Paris
    Charlotte et son steak

    2- ma nuit chez maud
    entretien sur Pascal

    3- la collectionneuse
    une etudianted'aujourd'hui

    4- le genou de claire
    la cambrure

    5- l'amour l'après-midi
    Vèronique et son cancre

    A caixa possui os Seis Contos Morais + 6 curtas-metragens e a qualidade é boa segundo a nossa opinião.
    Esperamos ter sido úteis.
    Beijinhos
    Paula e Rui Lima

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  4. Eu concordo convosco, mas também com a I. Eu até sou uma outsider, nem tenho blog, porque não teria a mínima pachorra, mas leio vários blogs com frequência. E o que acho é que como em tudo na vida, há a parte boa e a parte má. E quem por aqui anda e muitas vezes "se põe a jeito" como foi o caso na minha opinião, sujeita-se às consequências. Também acho que o problema é dela e realmente não prejudica ninguém, mas na minha opinião, e já passei por dois partos, é ridículo estar em plena maternidade com a preocupação do blog, que é lido por desconhecidos.
    Também não acho bem achincalhar a rapariga, mas se o blog serve para publicidade e ganhar telemóveis e afins, porque é que não há-de servir para discordar, e porque não nos próprios blogs(para quem os tem).
    Aliás já antes desta polémica eu achava determinadas perguntas que ela fazia lá no blogue completamente absurdas e só pensava, mas esta miúda não tem amigas/irmã pra saber isto!!
    Há muita carneirada aqui na blogo, é só ver as caixas de comentários do blogs com mais audiência, e ainda bem que há algumas ovelhas negras... é que assim é muito mais divertido!

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  5. O que eu acho giro é insultar pessoas a coberto do anonimato. Quanta valentia, anónimo!!

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  6. Sigo com interesse a saga das duas gatinhas.
    Tenho cá uma Tarequinha mimada e pouco dada a companhias de outros felinos que, creio, jamais aceitaria outro gato ou gata cá em casa – ela faz questão de exemplificar a toda a hora que isto é a casa dela e não admite contestações.
    Um amigo contou-me uma história pouco edificante que aconteceu com ele: tinha e tem vários cães e gatos, todos muito estimados (ele mora numa quinta a uns 80 Km de Lisboa) e um dia apareceu lá mais um gatinho; era pequenino e ele resolveu adoptá-lo; pois uma das gatas não levou a coisa a bem e começou a atacar o gatinho de uma forma tal que ele foi pedir ajuda especializada; disseram-lhe que não havia remédio: se lhe dessem tempo, o gatinho ia crescer e mais cedo ou mais tarde faria frente à gata que o maltratava; de outra forma, o mais natural seria o gatinho ir-se embora por não aguentar tanta animosidade da gata adulta.
    Ou seja, das duas uma: ou o gatinho se pirava ou aguentava-se até um dia haver uma luta de morte entre os dois gatos.
    Não sei qual o desfecho desta história, mas lembrei-me dela quando vi que a sua Agri não está a aceitar bem o gatinho pitorro.
    Desejo-lhe boa sorte – e olhe que me parece que vai precisar dela.
    100anos

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