A autoridade da burrice
Tenho para mim que em cada macho português há um sagaz analista político e um grande treinador de bancada. Têm sempre todos teorias a apresentar, a maior parte delas surpreendentemente estúpida, sendo que as que mais me fascinam são as dos motoristas de táxi, uma espécie de irmandade iluminada com conceitos sapientes sobre todas as áreas do conhecimento humano.
No restaurante em que almoço quase todos os dias há uma quota mínima de turistas, o grosso dos clientes, quase todos habituais, é mesmo constituído por gente do Colosso e de alguns outros Colossos em volta. Quando almoço sozinha aproveito para ler e, em simultâneo, estou com os auriculares do iPod nos ouvidos, razão pela qual me alheio completamente do que se diz em redor.
Mas hoje, ao sair, e porque tinha parado a música para refilar com o dono do restaurante sobre a falha do ar condicionado, foi impossível não ouvir uma observação proferida em tom definitivo numa mesa do lado, em que pontificavam seis senhores todos com ar de quem se acha capaz de reger os destinos do mundo:
«No dia em que Isabel II e Juan Carlos morrerem, todas as monarquias da Europa estarão condenadas!»
Dividida entre cair fulminada com a clarividência daquela análise e... uma súbita e incontrolável vontade de rir perante tamanho disparate dito com tanta solenidade, optei por sair discretamente.
Razão tinha o meu querido Visconde Reinaldo: «Senhor, manda-lhes o terramoto!!!»
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