domingo, 31 de janeiro de 2010

The Woman He Loved

A minha paixão por História vem de muito pequena, herdada do meu Pai, e de devorar os seus livros. Paralelamente, nasceu-me o amor pelas biografias. Em seguida, e decorrente de muitas leituras, viria a surgir-me o fascínio pelas pessoas banais que, contra todas as expectativas, viriam a ser chamadas a desempenhar um grande papel no grande palco mundial.

A primeira dessas pessoas, há muito, muito tempo (tinha eu 14 anos), foi Maria Antonieta, na notável biografia por Stefan Zweig — mesmo com pequenas incorrecções históricas, sendo a mais flagrante uma certa ária de ópera, é uma monumental reconstrução psicológica, absolutamente plausível e, mais do que plausível, convincente. Depois vieram outras, da Condessa de Ségur a Jane Austen (a minha idolatrada Jane Austen), passando por Fernão de Magalhães — também recomendo a sua biografia por Stefan Zweig, autor hoje desconhecido.

É impossível que Wallis Simpson, a duquesa de Winsor, não exerça um enorme fascínio sobre quem se interessa por História. Esta mulher, que nem bonita era,  fez com que um rei abdicasse da coroa. Se fosse uma coroa qualquer de um qualquer país de opereta, muito provavelmente nem ligaríamos. Acontece que o rei era Eduardo VIII, rei de Inglaterra e Imperador da Índia (à época, a independência seria mais tarde). Acontece que o monarca abdicou mesmo do trono, que passou ao segundo irmão, duque de York, Jorge VI, pai da actual rainha. Abdicou num discurso célebre. Mesmo sabendo que muito trabalhado deve ter sido, nunca deixo de me comover quando chega aquela parte em que ele diz que lhe é impossível continuar «without the help and support of the woman I love


Tal como não deixo de me comover quando penso no pesadíssimo fardo que esta mulher vulgar, nascida em Baltimore, viria a carregar para o resto da vida. Este príncipe de contos de fadas (vejam imagens da época) abdicou de um trono que não era um trono qualquer por ela. Como estar à altura?

Aqui para nós, e depois de muito ter lido, suspeito que Wallis Simpson esteve à altura do grande papel a que se viu involuntariamente chamada. Não obstante, e porque eram outros tempos, acho que ela e o rei viveram uma vida medíocre. Em nome da justiça, parece-me que sem culpa própria, não lhes restou outra saída. A coroa britânica nunca lhes perdoou.

Mas adoramos uma boa história de amor, não é verdade?

6 comentários:

  1. Também acho uma responsabilidade pesadíssima.
    E também gosto muito de Jane Austen.

    ResponderEliminar
  2. David,
    Sem dúvida, se bem que sempre tenha sido evidente aos olhos de toda a gente aquela velha máxima: . Ele era quase doentiamente dependente dela.

    Gi,
    Jane Austen é uma das "mulheres da minha vida" :)


    Beijos.

    ResponderEliminar
  3. O meu dono acabou de comprar num alfarrabista "Cartas Íntimas dos Duques de Windsor" - "por causa das referências históricas", diz ele... Se quiseres ler avisa!
    Uauff!

    ResponderEliminar
  4. História de amor? Bom... W. Simpson era uma arrivista, uma "social climber", e Eduardo VIII foi obrigado a abdicar por querer casar c/ ela? Digamos que foi um belo pretexto para ser forçado a isso, sendo que a razão determinate terá sido a sua comprovada simpatia pela Alemanha nazi, o que colocava sérios problemas ao governo britânico do Sr. Baldwin. Eduardo VIII calculou mal as consequências políticas e para o seu futuro do passo que ia dar e, pior ainda, abdicou do seu dever fundamental de rei e de exemplo para o seu povo numa situação mtº difícil para o seu país e para a Europa democrática. Aliás o seu pai, George V, sempre aspirou a que Elizabeth acabasse por um dia herdar o trono. É a única coisa de positivo que devemos a Eduardo VIII, uma das personagens mais antipáticas e sinistras do séc. XX

    ResponderEliminar
  5. Estou tentada a ler o livro... Está traduzido ou só se encontra versão inglesa?

    ResponderEliminar