sábado, 28 de fevereiro de 2009

A crise

Pois. Ela está aí, dizem.

Temos ouvido falar dela. Vergamo-nos à evidência e reconhecemos que deve estar mesmo instalada quando vemos António Pinto Basto, grande artista «da rádio, tv, disco e da cassete pirata», trazer pessoalmente os cafés à mesa a cidadãs anónimas, apagadas e desinteressantes como a Mad e eu. Os artistas têm de arranjar recursos complementares to make ends meet, os artistas têm de fazer-se à vida. Que isto da Arte é coisa muito bonita mas não paga a conta da mercearia.

Não vou contar grandes coisas sobre a noite de ontem antes de a merger Quatro Cangalheiras do Apocalipse & Cell Blog Chicks reunir em Assembleia Geral Extraordinária e decidir o que poderá (ou mais provavelmente não) vir a público. Melhor dizendo, não vou contar mesmo nada, que o silêncio é coisa valiosa e nunca ninguém se arrependeu de o manter. What happens in Mariquinhas stays in Mariquinhas!

Seja como for, o relato da memorável desgarrada em que o mote foi a nossa mesa fica desde já indigitado à pena elegante da Ana. Tens de contar! Que pena aquele australiano não ter filmado essa parte! A partir de certa altura, que não consigo precisar, desapareceu de maneira inexplicável. E precisávamos desse registo para contar momentos que foram únicos!

Isto continua, aviso já. Num blóguio perto de si. Que pode ser este. Ou este. Ou ainda este. Para nem falar na mordacidade deste...

Agora fica só um cheirinho. O artista que nos convidou comigo, com a Mad e com a Ana:

20 comentários:

  1. Ai a MariaV é mordaz? hummm amanha vejo.

    Boceses estan um bocado poh amarelas, cá pra mim o vinho às tanta era uma zurrapa! hihihihihi

    enxofre

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  2. Anónima, apagada e desisteressante, moi? Humpf!

    E a desgarrada foi realmente memorável e o vinho era uma zurrapa!

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  3. Memorável, mas um bocadinho repetitiva. Eles ficaram toldados com tanta beleza arrasadora, concentrada na mesa das... pois.

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  4. Peço desculpa por interferir. Não posso falar em nome DELES mas posso, sim, confirmar em nome pessoal que, é um facto, claro que sim, que terei ficado toldado com tanta beleza arrasadora. E não só como também (como pretendi transmitir numa quadra da desgarrada, porém não lograda porque já demasiado etilizada) com a ADESÃO demonstrada pelo grupo das... ditas.

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  5. La Bohème... é a primeira letra do Aznavour que decorei (tinha eu uns 10 ou 11 anos, há mais de 40!) e que ainda trauteio frequentemente.
    Grande poema! Grande canção!

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  6. Diabba,
    Quando estiveres com ela num grupo mais pequeno fartas-te de rir!
    E sim, o vinho era uma zurrapa, mas o whisky compensou!

    Mad,
    Estava a ser modesta e a inventar-nos atributos que são precisamente o contrário dos nossos.

    Ana,
    Deve ter sido isso, deve :)
    O que é que queres, nós somos as...

    Beijos!

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  7. A.P.B.,
    Não tem nada que pedir desculpa por interferir, é muitíssimo bem-vindo.
    Vou ver se tem endereço de mail no FB para lhe enviar as fotografias todas. Há uma sua com a Mariana que está giríssima!
    Beijo.

    Luís,
    Com dez anos aprendeu o poema (sim, que isto é um poema, não é uma letra!) de cor! WOW!!!
    Beijo.

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  8. E sim, o vinho era uma zurrapa, mas o whisky compensou!

    A PSP que o diga!

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  9. E fiquemos por aqui... que, eu não quero ver a reputação das minhas amigas pelas ruas da amargura...

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  10. Teresa,
    Naquele tempo decorávamos de tudo. Para o exame da 4.ª classe, desbobinávamos os reis e seus cognomes, os afluentes dos rios, os sistemas montanhosos, as estações de caminho de ferro, etc.
    Com uma avó poetisa e uma mãe (licenciada em Direito) com memória fotográfica, é natural que me pusessem a decorar poemas. Muitos poemas. E como na altura éramos muito mais francófonos...
    (a minha primeira «namorada», a Sylvie, era francesa. E foi no ano da canção «au revoir Sylvie» dos Duo Ouro Negro)

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  11. Luís,
    Esquece-se de que eu tive uma instrução primária igual.
    Lembro-me perfeitamente da história da Sylvie, até tenho ideia de lhe ter mandado a música. Não mandei?
    Faz parte da minha querida pasta Pérolas do Kitsch.

    E por falar nessa pasta... vá espreitar este link:

    http://www.imeem.com/agripina/playlist/6aI26qbq/grafonola-kitsch-music-playlist/

    É uma playlist de músicas que tenho usado no blóguio do Liceu.

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  12. I'm not so sure... você estava a acabar a primária quando eu estava a acabar o liceu, não foi? ;-)
    Portanto você já apanhou a reforma do Veiga Simão (1970?).
    Eu ainda apanhei a "cartilha maternal" e o livro de leitura da 3.ª classe com os meninos fardados da Mocidade Portuguesa na capa. Creio que, no seu tempo, o método de ensino já era menos B+A=BA, e mais de começar pela palavra e analizá-la som a som ("IGREJA=I +GRE +JA").

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  13. Luís,
    Eu devo ter pertencido à última fornada do sistema antigo (a minha quarta classe foi feita justamente o ano lectivo de 1969/70, acabada ainda com nove anos) e tive esses mesmíssimos livros. Do da 3.ª classe ainda me lembro de muitos textos e poesias (O Tejo, o Douro e o Guadiana, A Pátria, A Joaninha, que era pobrezinha mas muito asseadinha, lembra-se?). Aprendi História de Portugal com todos os cognomes dos reis, sistemas montanhosos, os rios de Portugal e Metrópole, o corpo humano, as linhas de caminho-de-ferro... TUDO!
    Entrávamos no ciclo preparatório muitíssimo bem preparados.
    Beijo.

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  14. Quem nao vos conhece ate pensa que voces sao gemeas com estilos diferentes de cabelo!

    Gostava de ouvir essa desgarrada para saber se foi a zurrapa o que a tornou boa.

    Beijos.

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  15. Melões,
    Não foi a zurrapa, não... a desgarrada foi mesmo cinco estrelas! E hilariante.

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  16. Teresa,
    Portanto, você tem..., ora deixa cá ver, 1969/70,.. é só fazer as contas!
    (onde está a máquina de calcular?!)
    O QUÊ? Você só tem menos 4 anos que eu? :-)

    Eu também acabei a 4ª classe com 9 anos, e foi com essa idade que entrei para o Liceu (enquanto que você foi para o Ciclo Preparatório). Tive portanto a «sorte» de ser dos mais novos do Liceu quando frequentava o 1.º, o 2.º E o 3.º anos. Foi uma looonga praxe! :-)

    Confesso que não me lembro desses textos do livro da 3.ª classe (excepto, vagamente, o dos 3 irmãos «o Tejo, o Douro e o Guadiana»).
    Lembro-me da «Barca Bela», e de «A Raposa e as Uvas». Lembro-me da «Doutrina Cristã» (a que eu era alérgico) e, sobretudo, de muitos textos sobre os nossos heróis: D Afonso Henriques, D João I, Vasco da Gama, Cabral, Camões, etc., e... Nuno Gonçalves.
    Lembro-me bem do texto sobre este, o "Alcaide de Faria", meu 20.º avô, gritando a seu filho: «Sabes tu, Gonçalo Nunes, de quem é esse castelo?»... «Pois se sabes, cumpre o teu dever. E maldito sejas tu para todo o sempre, Gonçalo Nunes, se o inimigo entrar nesse castelo sem passar por cima do teu cadáver!».

    Adoro usar esta frase, «maldito sejas tu para todo o sempre (nome), se...», em vez do insuficiente «ai de ti!».

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  17. Luís,
    Suponho que devo tomar esse seu "só mais nova quatro anos" como um cumprimento... :)

    O texto a que se refere (lembro-me muito bem) não se chamava O Alcaide do Castelo de Faria? Ou estou a fazer confusão?
    E lembra-se de Vozes dos Animais, de Afonso Lopes Vieira?

    «Palram pega e papagaio
    E cacareja a galinha
    Os ternos pombos arrulham,
    Geme a rola inocentinha.»

    etc. :)

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  18. Sim. Devia ser o Alcaide DO CASTELO de Faria. O texto deve ser baseado no do "Lendas e Narrativas" do Alexandre Herculano, que tinha muitos mais pormenores.
    Confesso que já não me lembro dessa das Vozes dos Animais do A.L.Vieira.
    Não deixa de ser curioso você lembrar-se de coisas ligadas à Natureza, aos bichinhos, e da Joaninha, e eu lembrar-me sobretudo de herois de capa e espada e de cenas de pancadaria...

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  19. Pois é, meninas e meninos são diferentes...

    As Lendas e Narrativas!, há quantos anos não as releio! Adorei O Bobo, gostei moderadamente de Eurico, o Presbítero (de que tenho uma 1.ª edição).

    Cá vai o poema todo:

    Vozes de Animais
    Palram pega e papagaio
    E cacareja a galinha
    Os ternos pombos arrulham,
    Geme a rola inocentinha.

    Muge a vaca, berra o touro,
    Grasna a rã, ruge o leão;
    O gato mia, uiva o lobo,
    Também uiva e ladra o cão.

    Relincha o nobre cavalo,
    Os elefantes dão urros
    A tímida ovelha bale;
    Zurrar e próprio dos burros.

    Regouga a sagaz raposa,
    Brutinho muito matreiro;
    Nos ramos cantam as aves,
    Mas pia o mocho agoureiro.

    Sabem as aves ligeiras
    O canto seu variar;
    Fazem gorjeios às vezes,
    Às vezes põem-se a chilrar.

    O pardal, daninho aos campos,
    não aprendeu a cantar:
    Como os ratos e as doninhas,
    Apenas sabe chiar.

    O negro corvo crocita,
    Zune o mosquito enfadonho;
    A serpente no deserto
    Solta assobio medonho.

    Chia a lebre, grasna o pato,
    Ouvem-se os porcos grunhir;
    Libando o suco das flores,
    Costuma a abelha zumbir.

    Bramem os tigres, as onças,
    Pia, pia, o pintainho;
    Cucurita e canta o galo;
    Late e gane o cachorrinho.

    A vitela da berros,
    O cordeirinho balidos;
    O macaquinho da guinchos,
    A criancinha dá vagidos.

    A fala foi dada ao homem,
    Rei dos outros animais:
    Nos versos lidos acima
    Se encontram em pobre rima
    As vozes dos principais.

    Afonso Lopes Vieira

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  20. Ante-Scriptum: Pois... eu pensava que você era um bom bocado mais nova que eu.

    Nã! Não me lembro de todo desse poema do A.L.Vieira.

    Eu preferi o Eurico, o Presbítero (reli-o há 3 ou 4 anos). Há poucas histórias (ainda por cima envolvendo pancadaria) do tempo em que "éramos visigodos". E você sabe como eu gosto de História e de "cenas" - no sentido cinéfilo, teatral, literário, e de vox populi - com acção... :-)

    P.S.: o seu endereço de email mudou? luis_k_w@clix.pt.

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