Post assim a atirar para o frívolo #2: Palm Beach
Se acharam que Fort Lauderdale era luxuosa, preparem-se para um choque. Palm Beach não se compara, Palm Beach desafia adjectivações. Não é em vão que nos últimos cem anos tem sido o refúgio de Inverno favorito das maiores fortunas da América. O grande cromo que é Donald Trump, mai-lo seu inacreditável cabelo, tem hoje a mais famosa e faustosa mansão de Palm Beach, Mar-A-Lago (bom, a verdade é que só 51% são dele, os restantes 49% são da ex-mulher Ivana, que foi uma grande espertalhona a negociar o divórcio). A proprietária inicial, Marjorie Merriweather Post, doou-a à nação em testamento. A nação, sensatamente, fez as suas contas e achou que o presente era um enorme elefante branco (nada de maus pensamentos nessas cabecinhas, não confundir com o da Luciano Cordeiro), de manutenção demasiado dispendiosa, e disse «obrigadinha, Marjorie, filha, lá onde estiveres, a gente não pode aceitar, não leves a mal.» Donald Trump transformou Mar-A-Lago num exclusivíssimo clube, cheira-me que o custo da jóia deve ser superior ao valor dos meus ordenados anuais (férias e 13.º incluídos).
Os duques de Windsor, por exemplo, não dispensavam a sua temporada anual em Palm Beach. No The Breakers, evidentemente (esta bisarma que vêem à direita). Claro que eu e o Vítor fomos lá bisbilhotar, que aquilo até está classificado como local histórico. Ficámos logo a arder com trinta dólares para valet parking. É certo que eram dedutíveis em copos no bar, mas nós tínhamos mesa marcada para jantar no Café l'Europe e não íamos desperdiçar o tempo que nos restava de copo na mão. Demos o dinheiro por perdido e andámos a visitar o hotel, a coisinha simples e minimalista que se pode apreciar nesta imagem do lobby em baixo...
Aqui para nós, acho que continuo a preferir o Biltmore, em Coral Gables (Miami), talvez em grande parte por causa da inacreditável piscina, coisa de filme, a fazer-nos lembrar os anos dourados de Hollywood e do studio system, e os filmes de Esther Williams. Da próxima vez que lá for (no próximo ano, se Deus quiser), juro que filmo o raio da piscina, entretanto tentem ter uma ideia na página do hotel. Este ano acabámos por não ir lá, que o tempo não chega para tudo. Tínhamos duas opções: íamos jantar lá ou a um japonês novo que o Zagat pôs nos píncaros. Optámos, de comum acordo, pelo japonês. A escolha revelou-se muito acertada, aquele lívro é uma bíblia (a minúscula é deliberada, para não se confundir com a outra, a Sagrada). Jantámos divinalmente... e mais barato do que no Aya. É para verem como Lisboa anda a perder a tineta em matéria de preços. Tanto em Miami como em Nova Iorque, o nosso factor de comparação passou a ser o último jantar que tivemos no Vírgula, em Lisboa. Pois, se querem saber, o jantar no fabuloso (e lindo, lindo, lindo!!!) Buddakan, o tal que aparece no filme de Sex & the City, até foi mais barato. Houve alguns mais caros (pouco), mas estamos a falar de restaurantes que se contam entre os melhores do mundo. Chanterelle, Le Bernardin, Blue Door — ai, o que eu adoro o Blue Door!
Voltemos a Palm Beach. Não é que a extrema riqueza seja propositadamente ostensiva, que aquilo é, na maior parte dos casos, old money, e esse não gosta de fazer alarde (Donald Trump à parte, mas ele não é old money, não conta). As casas mais imponentes mal se deixavam ver, tão longe ficavam dos portões. Tinham todas, claro está, o seu acesso privativo à praia, também privativa. Estavam quase todas fechadas, ninguém vai para lá em Agosto, altura em que a Florida é considerada demasiado quente. Mas ao fim de um certo tempo começamos a achar aquilo quase imoral. Tanta e tamanha riqueza... casas descomunais que são usadas dois escassos meses por ano e a exigirem um batalhão de pessoal, por um lado. A fome no mundo, e também até ali, na América, crianças que sofrem, os animais abandonados e maltratados, por outro. Não sou, nunca fui, de invejar nada nem ninguém. Mas estar num sítio como Palm Beach, ao fim de algum tempo, começa a fazer-me suspirar e a desejar que as coisas estivessem mais bem distribuídas.
Exemplo final: a Worth Avenue. É a Avenue Montaigne de Palm Beach, é uma canseira. Só comecei a fotografar já ia a meio, para trás tinham ficado nomes luxuosos como Louis Vuitton ou Armani. E notem que Palm Beach é uma cidadezinha...
Aqui ficam algumas imagens eloquentes da Worth Avenue.
ESTAS sandálias. Não são de morrer?
A coisa mais bonita de Palm Beach? Um cão, um certo cão... A nossa fantástica mesa no Café l'Europe ficava a uns cinco metros do piano de cauda. Impossível não reparar no lindíssimo exemplar de pastor alemão deitado no chão ao lado do (óptimo) pianista, fugiram-me logo olhos e ternura para ele. A dog with a mission, o pianista era cego. Fiz baixinho o meu som gutural e amistoso para cães, ele captou-o logo, ergueu a cabeça magnífica, tão nobre, e os nossos olhos encontraram-se. Espetou as orelhas, vi a cauda bater repetida e alegremente no chão. Mas não se moveu. Foi amor à primeira vista, trocámos olhares apaixonados durante a noite toda. À saída fui cumprimentá-lo. O Kurt (assim se chamava, como fiquei a saber), à segunda festa na cabeçorra enorme (não me lembro de alguma vez ter visto um pastor alemão tão grande), estendeu-se no chão, a barrigosa exposta e a oferecer-se aos meus mimos, as patas poderosas no ar, como se fosse um cachorrinho. Ficámos naquilo uns bons dez minutos, enquanto o maître, também enternecido com tanto e espontâneo afecto, nos contava em largas pinceladas a vida do Kurt. Nunca esquecerei o Kurt. O Vítor também não. Não me perdoo não me ter lembrado de o fotografar, tão embevecida estava.
Aqui para nós, acho que continuo a preferir o Biltmore, em Coral Gables (Miami), talvez em grande parte por causa da inacreditável piscina, coisa de filme, a fazer-nos lembrar os anos dourados de Hollywood e do studio system, e os filmes de Esther Williams. Da próxima vez que lá for (no próximo ano, se Deus quiser), juro que filmo o raio da piscina, entretanto tentem ter uma ideia na página do hotel. Este ano acabámos por não ir lá, que o tempo não chega para tudo. Tínhamos duas opções: íamos jantar lá ou a um japonês novo que o Zagat pôs nos píncaros. Optámos, de comum acordo, pelo japonês. A escolha revelou-se muito acertada, aquele lívro é uma bíblia (a minúscula é deliberada, para não se confundir com a outra, a Sagrada). Jantámos divinalmente... e mais barato do que no Aya. É para verem como Lisboa anda a perder a tineta em matéria de preços. Tanto em Miami como em Nova Iorque, o nosso factor de comparação passou a ser o último jantar que tivemos no Vírgula, em Lisboa. Pois, se querem saber, o jantar no fabuloso (e lindo, lindo, lindo!!!) Buddakan, o tal que aparece no filme de Sex & the City, até foi mais barato. Houve alguns mais caros (pouco), mas estamos a falar de restaurantes que se contam entre os melhores do mundo. Chanterelle, Le Bernardin, Blue Door — ai, o que eu adoro o Blue Door!
Voltemos a Palm Beach. Não é que a extrema riqueza seja propositadamente ostensiva, que aquilo é, na maior parte dos casos, old money, e esse não gosta de fazer alarde (Donald Trump à parte, mas ele não é old money, não conta). As casas mais imponentes mal se deixavam ver, tão longe ficavam dos portões. Tinham todas, claro está, o seu acesso privativo à praia, também privativa. Estavam quase todas fechadas, ninguém vai para lá em Agosto, altura em que a Florida é considerada demasiado quente. Mas ao fim de um certo tempo começamos a achar aquilo quase imoral. Tanta e tamanha riqueza... casas descomunais que são usadas dois escassos meses por ano e a exigirem um batalhão de pessoal, por um lado. A fome no mundo, e também até ali, na América, crianças que sofrem, os animais abandonados e maltratados, por outro. Não sou, nunca fui, de invejar nada nem ninguém. Mas estar num sítio como Palm Beach, ao fim de algum tempo, começa a fazer-me suspirar e a desejar que as coisas estivessem mais bem distribuídas.
Exemplo final: a Worth Avenue. É a Avenue Montaigne de Palm Beach, é uma canseira. Só comecei a fotografar já ia a meio, para trás tinham ficado nomes luxuosos como Louis Vuitton ou Armani. E notem que Palm Beach é uma cidadezinha...
Aqui ficam algumas imagens eloquentes da Worth Avenue.
E nesta, meus amigos, perdi a cabeça. Valeu-me ser domingo e estarem as lojas todas fechadas, limitei-me a devorar as montras, o Vítor com uma paciência de santo a acompanhar-e e a dar opiniões («às vezes até me esqueço de que és mulher», comentário divertido dele perante os meus êxtases, parecidos com os que tinha em miúda numa certa loja de brinquedos ali por baixo do Hotel Avenida-Palace). É que me apaixonei perdidamente por umas sandálias que estavam na montra. Desde aquela tarde vêm povoar os meus sonhos de vez em quando. E notem que o verde é, provavelmente, a menos favorita das minhas cores, no que toca ao vestir e calçar...
ESTAS sandálias. Não são de morrer?
A coisa mais bonita de Palm Beach? Um cão, um certo cão... A nossa fantástica mesa no Café l'Europe ficava a uns cinco metros do piano de cauda. Impossível não reparar no lindíssimo exemplar de pastor alemão deitado no chão ao lado do (óptimo) pianista, fugiram-me logo olhos e ternura para ele. A dog with a mission, o pianista era cego. Fiz baixinho o meu som gutural e amistoso para cães, ele captou-o logo, ergueu a cabeça magnífica, tão nobre, e os nossos olhos encontraram-se. Espetou as orelhas, vi a cauda bater repetida e alegremente no chão. Mas não se moveu. Foi amor à primeira vista, trocámos olhares apaixonados durante a noite toda. À saída fui cumprimentá-lo. O Kurt (assim se chamava, como fiquei a saber), à segunda festa na cabeçorra enorme (não me lembro de alguma vez ter visto um pastor alemão tão grande), estendeu-se no chão, a barrigosa exposta e a oferecer-se aos meus mimos, as patas poderosas no ar, como se fosse um cachorrinho. Ficámos naquilo uns bons dez minutos, enquanto o maître, também enternecido com tanto e espontâneo afecto, nos contava em largas pinceladas a vida do Kurt. Nunca esquecerei o Kurt. O Vítor também não. Não me perdoo não me ter lembrado de o fotografar, tão embevecida estava.
Ohhhh... o amor á primeira vista pelo kurt deixou-me completamente embevecida...
ResponderEliminarQuanto às sandálias... são bonitas sim sinhoris... Quala mulherq ue não dava metade do seu salário para calçar algo assim?
:o)))***
Parece fazer mais o meu género, já que os rolls não estão à vista dos olhares indiscretos.
ResponderEliminarO Kurt merecia uma fotó e nós também (do Kurt). Já as sandálias... com um ar demasiado "abotinado" para o meu gosto, que detesta botins. E o fechinho éclair também não está nas minhas preferências...
Rsrsrs... Eu cá, estou encantada com tudo, com a frívola Teresinha (capaz!!) das esmiuçadas narrações, mas que sempre se dá conta de que o que se vê de mais luxuoso e a fome no mundo são pensamentos que convivem em contrastes dignos de regist(r)o e tornam-nos apesar de humanos, conscientes das discrepâncias entre 2 mundos presentes. Mas que o luxo seduz... Ahhh seduz...
ResponderEliminarE sandálias com zíper (muito IN por sinal) são mesmo um must...
Mas é óbvio que acima disso tudo há o Kurt, que não entende nada de fortunas e pobreza... e na sua simplicidade instintiva distingue bem ao longe, quem pode sintonizar com ele, quem gosta sem motivo, sem esperar nada em troca, quem se abre a um carinho inesperado e doa-se por minutos a partilhar um afeto de momento... Kurt RULES!
E achavas que eu não ia gostar do post hein? Pois amei :) bjs
Obrigada pela viagem!
ResponderEliminarEspectacular!
:)
Nós por cá temos gostado muito das tuas frivolidades... :)
ResponderEliminarOs Jimmy Choo são a b s o l u t a m e n t e deslumbrantes, as always...
Obrigada pelo link para aqui, Teresa, adorei ler e ver as fotos (as minhas são poucas e más).
ResponderEliminarQuanto a morrer pelas sandálias, eu morria com certeza ao cair de cima desses saltos. Porque terão as sandálias mais bonitas saltos tão vertiginosos?
Gi,
ResponderEliminarPassaram quase três anos e sobrevivi sem as sandálias: Mas que adorava tê-las, ahhhh :))))
E pronto, a minha paixão pela Florida ainda é maior, porque eu até o clima adoro (o que é óptimo e vantajoso para a carteira, porque vou sempre na época baixa).