terça-feira, 10 de junho de 2008

Os discos da minha vida #13: Ziggy Stardust

... ou The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars, título completo. Familiarmente referido apenas como Ziggy Stardust.

Um amor eterno meu, independentemente de achar que é um dos mais brilhantes discos de sempre — nem sempre os nossos grande amores primam pela qualidade, sendo escolhas emocionais; não é o caso. Ziggy Stardust é de 1972, o que significa que só viria a conhecê-lo bastante mais tarde. Juraria que foi na Primavera de 1979, porque eu e o Paulo Miguel andávamos doidos de paixão pelo disco e nessa época andávamos sempre juntos na faculdade e depois, à tarde, em sessões pretensamente de estudo em casa dele. Na verdade eram só tardes de muita música e de muita risota. O Vítor aparecia quase sempre, mesmo já tendo começado a faltar muito às aulas, como faria até ao fim do curso — isso redundou num episódio hilariante do seu exame final de Direito das Sucessões, que não resisto a contar. O Professor era o Alexandre S,
M., pessoa absolutamente brilhante- O Vítor, que num ano inteiro nunca tinha posto os pés numa única aula, sentou-se à frente dele. O Alexandre, que é de um sarcasmo subtil e refinadíssimo, fez apenas um ar intrigado, como quem debalde [ai que alegria, consegui enfiar aqui uma das minhas palavras favoritas!] tenta avivar a memória: «Não nos conhecemos, pois não?» O Vítor, compostíssimo, educadíssimo, correctíssimo, impecável na sua farpela de exame, fato azul-escuro, camisa de riscas, gravata seleccionada pela Ana, que ele é irremediavelmente daltónico e podia dar asneira, fez um ar igualmente perplexo: «Acho que não, Senhor Professor.»

Anos mais tarde, o Alexandre viria a ser um bom amigo meu e confirmou-me a história toda, lembrava-se perfeitamente. E rematou-a com uma cereja deliciosa: «Tinha um Swatch igual ao meu, dei-lhe mais um valor.»

Mas voltemos à Primavera de 1979, a David Bowie — e nem vos passa pela cabeça a paixão tresloucada que tenho pela voz dele — e a Ziggy Stardust. Nós três (eu, Vítor, Paulo Miguel) discutíamos acaloradamente o disco, tentando estabelecer qual era a melhor música do álbum... Eu e o Paulo Miguel éramos completamente pró-Five Years, o Vítor teimava que Lady Stardust era a melhor de todas. Nunca chegámos a acordo. Passaram quase trinta anos. Ziggy Stardust está mais perto dos quarenta do que dos trinta. Hoje vacilo no veredicto. Provavelmente a melhor música do álbum não é uma nem outra: a melhor talvez seja mesmo Rock'n'Roll Suicide. Ainda assim, e por uma questão de lealdade a um amor tão antigo, a que aqui deixo é Five Years.

E vocês? Ouvindo uma e as outras, para qual se inclinam mais?
(podem ouvir as três, têm links)

3 comentários:

  1. AIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII... acertaste NO amor da minha vida... até o cabelo à ziggy eu tenho às vezes, quanto mais não seja na cor. Ainda não li o post... até estou com o nervoso miudinho porque vim aqui dar um salto rápido e estou cheia de pressa para sair... mas não podia deixar de ser a primeirinha hoje!!

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  2. talvez a rock´n´roll suicide ou mesmo a tua. Mas eu sou uma sucker por certos clichés e continuo a achar a principal do Ziggy fabulosa... talvez porque eu tb tocava guitar e aspirava ser tão boa como ele, uma ziguette!!! :D Tenho o penteado, falta-me a costela alienígena... Entretanto vou cantando:

    "So where were the spiders?...
    while the fly tried to break our balls?... just the beer light to guide us, so we bitched about his fans and should we crush his sweet hands?"

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