sexta-feira, 25 de abril de 2008

Tanto Mar - procura-se!

Já hoje fiz o apelo no blóguio do Liceu, e teve imediatamente eco: o Alf enviou-me a sua versão de Tanto Mar (obrigada, meu amigo!), sem saber se era a que eu queria. Não era, uma vez mais. Era a que já tenho, a do fim da festa, a da desilusão e do desencanto, a única que consigo encontrar. Há mais de vinte anos que procuro esta música. Alguém a tem e fará a caridade da ma enviar?

Chico Buarque é mais do que uma paixão minha, Chico Buarque é quase uma obsessão minha. Chico Buarque é um Mestre. O seu génio no domínio da Língua Portuguesa, entre muitas outras coisas (os espantosos olhos verdes também não são de desprezar, mas isso é outra história...), merece-me veneração, e é frequente ficar deslumbrada com as suas desconcertantes reviravoltas na escrita. Um Mestre, repito. Digno de ombrear com Camões, Eça, Pessoa...

Esta é a letra inicial, de 1975, em homenagem ao 25 de Abril, editada apenas em Portugal (no Brasil foi vetada pela censura, ai, a estupidez humana!). Quando, lá por 1991, comprei o fabuloso Chico Buarque & Maria Bethânia ao Vivo, rejubilei. Por cima do celofane trazia um triunfal autocolante amarelo a dizer «inclui Tanto Mar, versão cantada». Yeah, right! Impostores! Vai-se ouvir e é apenas instrumental!

Esta é a letra da versão original
, a que debalde (que bom ter ocasião de introduzir este advérbio que tão querido me é!) procuro há tanto tempo! Podem comparar as duas, esta e a de 1978, aqui.

Tanto Mar
Sei que estás em festa, pá
Fico contente
E enquanto estou ausente
Guarda um cravo para mim

Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente
E colher pessoalmente
Uma flor do teu jardim

Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar

Lá faz primavera, pá
Cá estou doente
Manda urgentemente
Algum cheirinho de alecrim



8 comentários:

  1. Ora essa, madame, não quero que lhe falte nada!
    Aqui está ela: http://www.esnips.com/doc/926cf5ad-be63-4ddf-847b-c59504119ce0/Tanto-Mar---Chico-Buarque---(1975-)-1ª-versão

    Beijinhos

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  2. Se a da Ana não der, diz-me T. Também tenho a versão original e posso enviar-ta em mp3.

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  3. Partilho a obsessão, mas para além dos olhos verdes, é aquele sorriso que ilumina tudo!!! txxxiiiii...

    postei ontem este poema! coincidências de gostos, bons gostos! :)

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  4. O Huckleberry também tem este tema como banda sonora do post, que engraçado.

    Teresinha: já tens o que querias!

    *

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  5. Aninhas,
    Obrigada! Nuito, muito obrigada! Infelizmente não consigo fazer doenload da música no esnips, mandaei mensagem desesperada à pessoa que lá lojou a música.

    TCL,
    Conversámos largamente ontem, acabámos as duas igualmnte frustradas: só tens a segunda versão. Eu não descando enquanto não tiver a original, ou não me chame (não nos chamemos) Maria Teresa!

    Moi Chéri,
    Nestas coisas não há coincidências. Eu passo a vida a citar a famosa frase de Voltaire: «Les beaux esprits se rencontrent». Foi mais uma vez o caso.
    Bem-vinda! :)

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  6. Alf,
    Uma vez mais... é a tal frase de Voltaire. :) E não, ainda não tenho o que queria, continuo sem aquilo que tanto sempre tenho querido, Mas não desisto, MDP que sou.

    CoRa,
    E quem não está?
    Tentei falar-te, dá notícias, sim?

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  7. Também prefiro a primeira versão, Teresa, embora ache a sequência uma prova da lucidez do Chico (falta talvez uma terceira, a marcar o fim da ditadura militar no Brasil).

    Escolhi a segunda versão para pôr no codornizes porque o meu Avô - que morreu quando eu tinha 6 anos, mas a quem também tenho de agradecer o 25 de Abril - aparece no videoclip. É ao segundo 0:58, o homem colado ao topo do ecrã, com óculos e entradas no cabelo, mas sem chapéu. Já contei na caixa de comentários dessa entrada como ele viveu a madrugada inteira e limpa. Beijos de liberdade!

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