terça-feira, 29 de abril de 2008

Eurovisão: os vencedores #1

Un Jour, Un Enfant, cantada por Frida Boccara em representação da França, é - para mim - talvez a melhor de todas as músicas que passaram pela Eurovisão, corria o ano de 1969.

Lembro-me perfeitamente. A atmosfera era exactamente a que descrevi no post anterior sobre a Eurovisão e que os de idades próximas da minha recordam tão bem. Os shiu! severos a impor silêncio, a excitação do vai começar! Comentavam-se as toilettes, os penteados, o cenário, os apresentadores.

Foi o mais insólito de todos os anos da Eurovisão, porque houve quatro vencedores empatados. A nossa Simone, com a sua Desfolhada, ficou bem lá para o fundo, coisa a que começávamos a habituar-nos.

Saíram vencedores quatro países, e continuo a lembrar-me perfeitamente de todas as canções. Espanha, uma piroseira aflitiva chamada Vivo Cantando, debitada por uma Salomé de ar adequadamente sopeiral. Do Reino Unido, Lulu com o seu Boom Bang a Bang - pop ao gosto da época, receita matemática para ganhar (era a minha favorita, claro, eu vibrava sempre pela velha Albion). Da Holanda, Lenny Kuhr com o seu De Troubadour, música muito bonita. E Frida Boccara, pela França.

Un Jour, Un Enfant, que reencontrei há poucos anos, foi uma deslumbrante descoberta. A música é belíssima, claro. Mas aos oito anos eu ainda não sabia francês, não podia captar o poema, o soberbo poema. Que me comove imensamente.

Un Jour, Un Enfant
Un jour se lèvera
Sur trois branches de lilas
Qu'un enfant regardera
Comme un livre d'images
Le monde autour de lui
Sera vide et c'est ainsi
Qu'il inventera la vie
A sa première page.
En dessinant la forme d'une orange
Il donnera au ciel son premier soleil
En dessinant l'oiseau
Il inventera la fleur
En cherchant le bruit de l'eau
Il entendra le cri du cœur.
En dessinant les branches d'une étoile
Il trouvera, l'enfant, le chemin des grands
Des grands qui ont gardé
Un regard émerveillé
Pour les fruits de chaque jour
Et pour les roses de l'amour

Vale a pena ver a magnífica interpretação e a ovação espontânea e entusiástica que irrompe ainda antes de a música chegar à última nota.

3 comentários:

  1. acreditas que não conhecia?
    mais uma descoberta.
    tenho tb tentado encontrar-te...
    em vão...
    bjs

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  2. Teresa, proponho-te um desafio: descobrir de que compositor clássico é a frase melódica do verso "Comme un livre d'images" e "A sa première page". Já ouvi a canção n vezes e não descubro, mas sei que a conheço de outros carnavais. Tenho a sensação de que é de uma Ave Maria, mas não a identifico na de Bach nem na de Shubert, as que conheço melhor.

    Esta canção é linda (letra e música), mas é engraçado que me deixou a pulga atrás da orelha... como algumas outras, que se apoiam em bengalas de adesão garantida.
    Pensa lá e vê se descobres tu...

    Beijinhos

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