domingo, 10 de fevereiro de 2008

A Flauta Mágica

O meu querido Coveiro tem aparecido muito pouco, e só posso alegrar-me, por mais que lhe sinta a falta por aqui. As razões da sua ausência são poderosas, e o contentamento dele é também meu. Andam todas em redor desse grande amor que partilhamos, a Música. Ele é Bach, eu sou Mozart (mas Bach é logo o segundo mais amado). Aliás foi ele que me escreveu há tempos uma das coisas mais bonitas que alguém já alguma vez me disse: «sempre que oiço Mozart, lembro-me de ti».

Na sexta-feira esteve em Covent Garden a ouvir aquela que é, entre todas, a ópera que por mim pode tudo. Eleva-me, faz-me rir, faz-me chorar... A Flauta Mágica. Mozart, claro. Hei-de voltar a falar dela, das também mágicas vezes que a vi em palco (uma delas dirigida pelo grande Gardiner, que é o maestro de eleição do Coveiro). Mas agora quero só deixar aqui as impressões dele, frescas e recentes. Com dois dias. E aposto que ainda está em êxtase.

«... e subi aos céus com a Flauta Mágica, magistralmente interpretada e encenada na Royal Opera House.

Ah, como quero ir escutá-la outra vez, deliciar-me com a beleza da sala, a exuberância da encenação e do guarda roupa, mas acima de tudo, as interpretações de um Sarastro quente e magnânimo, de um Papageno irreverente e perfeito e de uma Pamina, uma Pamina... Onde estiveste até agora? Que técnica é essa? Que pianos são esses que inundam a sala e que terminados vivem nos silêncios em que a música respira antes da estrondosa ovação rendilhada de Bravos!?

Quando cantavas, o constante arrepio que teimava em não deixar-me, os olhos húmidos, e um calor... foi a segunda vez em toda a minha vida e inúmeros concertos em que uma execução teve tamanho impacto em mim, e tu fizeste com que esta fosse a ópera da minha vida...

Podia ainda dizer que é a quantidade de trabalho ou a rotina, mas nem isso é verdade.

Não sei porque não me saem as palavras quando tive uns últimos dias cheios de emoções. Boas emoções.

Penso então que talvez não saiba lidar com elas, ou que quero-­as tanto, que, inconscientemente, as quero deixar guardadas no meu coração, a aquecer-me ainda mais nestes amenos dias de Inverno.

Porque tal como na Flauta Mágica, como nos dias lá fora, bem como dentro do meu coração, a luz veio vencer o obscurantismo. E a noite não conseguiu destruir o templo, provando estão os céus azuis e os dias maiores.»

10 comentários:

  1. Teresa, minha amiga chique-chique!

    Reli incontáveis vezes as palavras deliciadas do teu amigo Coveiro. Um relato tão sentido e apesar das emoções impostas, muito claro.

    Quase vivi daqui o momento.

    Ficarei pelo teu blog um bom tempo, ando em busca de algo meu. no que é teu, mas sei que me confias o baú.

    Minha querida, adorei hoje!
    Muito obrigada pela surpresa, para mim impensável!
    Gosto imenso de ti.

    Com cada vez mais carinho,

    Lisa

    (agora que regressei ao computador, olhei para o visor e li-te lá... É tarde agora. Amanhã. Espero que esteja tudo bem...)

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  2. E quase uma hora depois, vou-me.

    E vou tão consoladinha!

    Beijo grande, grande!!

    Lisa

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  3. Gosto imenso de vir aqui visitar-te e encontrar o teu mood vibrante de música e ser brindada com posts destes. Que sorte tem o Coveiro de poder ouvir música numa sala destas (que não conheço, infelizmente). E que sorte temos, nós leitores, por seres amiga do Coveiro: bebemos as suas emoções através de ti! Que texto maravilhoso ele escreveu...

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  4. Saudades e... ainda a espera daquela palavra...

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  5. Vim aqui parar porque a Lisasinha me mandou.
    E como gosto muito dela e confio no bom gosto dela, vim a correr.
    Mas depois, fiquei por aqui.
    Vi e li muita coisa de que gostei.
    A Lisa tinha razão, portanto se não te importas, vou voltar.
    Beijinhos

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  6. Oi!

    Não entendi porque é que as letras deste post só se vêem se clickar por cima!!!

    Por acaso aderiste ao blogrolling?
    Acho que tem dado problemas!

    Bjinhs*

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  7. Ui... a fláuta mágica!! É uma ópera, uma brincadeira, um baile de máscaras... levei os meus filhos a vê-la quando eram muito pequenos (acho que foi no CCB) e achei que iam fartar-se, mas nada disso: ficaram hipnotizados com tudo aquilo e acho que até hoje nunca mais se esqueceram.
    Mozart tem esse ingrediente extra em relação aos outros compositores clássicos - a brincadeira - que faz toda a diferença. É genial.
    beijinhos

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  8. Adoro a Flauta Mágica!!! Acho que vou vê-la ao São Carlos no final deste mês, se ainda conseguir bilhetes! Uma das minhas óperas preferidas! Ouvia-a tantas vezes com o meu pai... Em cima da mesa de cabeceira tenho uma caixinha de música que a toca (oferecida pela comentadora de cima!)... uma delícia para ter bons sonhos!

    beijinhos

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