São precisos ritos...
Eu e o Victor temos os nossos. Muitos. E não temos qualquer problema em confessar o genuíno prazer que é para nós um bom jantar num bom restaurante.
Na segunda-feira hesitámos entre o Aya (somos doidos por sushi e sashismi, mais até o segundo) e o Terraço. Ganhou o Terraço, por uma razão muito simples: quantas mais noites poderemos ainda jantar ao ar livre, neste Verão que parece eternizar-se* mas está irremediavelmente a chegar ao fim?
O jantar foi fantástico. Ainda antes das entradas (sopa de legumes para ele, folhado de queijo cabra para mim), trouxeram-nos um amuse-bouche, cortesia do chefe, que era uma coisa absolutamente divinal, uma minúscula porção de uma espécie de salada que já anotei mentalmente para pedir da próxima vez que lá for. Dividimos o prato, como fazemos muitas vezes, principalmente no estrangeiro, fiéis ao nosso desígnio de experimentarmos o máximo possível quando estamos num grande restaurante ao qual não sabemos quando poderemos voltar**. Primeiro vieram os crêpes de lagosta com arroz branco e molho de tomate, depois o cherne grelhado com legumes e béarnaise. Perfeição absoluta. Um vinho igualmente perfeito, Monte da Penha. Como de costume, eternizámo-nos à mesa, tantas as coisas que temos sempre a dizer, a contar, a comentar. O Victor, que tem uma necessidade-quase-dependência de açúcar, quis sobremesa, pediu uma fatia de abacaxi, e depois uma segunda, eu fiquei-me por um café e um Famous Grouse (em balão , com muito gelo, as pedras sempre em número ímpar).
Finalmente, porque estava a ficar tarde, pedimos a conta. O Victor tem o bom hábito de a verificar sempre, coisa que, confesso, eu nunca me lembro de fazer. Caro? Claro que era caro, trata-se de um hotel de cinco estrelas; qualidade da cozinha, cenário magnífico e a simpatia do serviço (tão gentil, sem ser sabujo, que nos faz desculpar algumas falhas) justificam o preço elevado. Mas foi impossível não ficarmos escandalizados com o preço das duas fatias de abacaxi: 18 euros (nove cada). Um autêntico assalto à mão armada, nem vou fazer contas para determinar a percentagem de lucro que representa.
Há pouco, só por curiosidade, fui ver o preço do dito fruto em dois supermercados muito diferentes, Continente e Corte Inglés. Pois num o preço do abacaxi é de 75 cêntimos por quilo, no outro de 2,99 euros. Quer isto dizer que, a preços de Continente, pagámos 24 quilos de abacaxi e, a preços de Corte Inglés, coisa de seis.
Paciência, mesmo assim deixámos uma generosa gorjeta, os preços não são feitos pelos empregados... E adorámos o jantar, havemos de voltar ao Terraço muitas vezes. Só não voltaremos a pedir abacaxi, que não vamos ao ponto de achar graça a ser explorados.
Há pouco, só por curiosidade, fui ver o preço do dito fruto em dois supermercados muito diferentes, Continente e Corte Inglés. Pois num o preço do abacaxi é de 75 cêntimos por quilo, no outro de 2,99 euros. Quer isto dizer que, a preços de Continente, pagámos 24 quilos de abacaxi e, a preços de Corte Inglés, coisa de seis.
Paciência, mesmo assim deixámos uma generosa gorjeta, os preços não são feitos pelos empregados... E adorámos o jantar, havemos de voltar ao Terraço muitas vezes. Só não voltaremos a pedir abacaxi, que não vamos ao ponto de achar graça a ser explorados.
* Este post começou a ser escrito quando cheguei a casa, vinda do jantar, não o acabei porque entretanto me pus à conversa com a Cangalheira Emigra no msn. Hoje choveu...
** O que já deu origem a uma situação divertida em Londres. Jantámos no Asia de Cuba, que durante uns tempos foi o meu grande favorito (até ser destronado pelo Blue Door de Miami, lamento lamentar). Fomos servidos por um irlandês engraçadíssimo (e cá uma brasa...). Como a nossa mesa ficava numa zona um pouco mais elevada, estava ele a despedir-se de nós, já desfardado, de gorro na cabeça, separados por uma balaustrada, quando vem um outro perguntar o que queríamos de sobremesa. "For God's sake! - interpelou ele o outro, a esticar-se todo, com a cabeça ao nível das nossas pernas - These people already had FOUR dishes!!!"
Largámos todos a rir, evidentemente.
Largámos todos a rir, evidentemente.
Now playing: Philip Oakey & Giorgio Moroder - Together in Electric Dreams
(click to listen)
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"com muito gelo, as pedras sempre em número ímpar" paree-me lindamente!
ResponderEliminarFiquei um bocadinho para ouvir a música, que não ouvia há muuuuuuuuuuuito tempo e que me soa tão bem!
Beijos
Linda,
ResponderEliminarjá sabes do jantarinho de blogers dia 10, pois é?!?
Então vens, pois vens?!?
Tu ficas liiiiinda sentada á mesa dos restaurantes, não podes faltar.
Mas deixa o smile em casa!
:)
E agora, após ter lido este texto, fiquei com uma fome desvairada, e com uma vontade de comer abacaxi!
ResponderEliminar(fogo, 9 euros por 1 fatia???, caramba:::)
E eu de dieta...snif...acabei de engolir uma sopita aguada e uma fatia de pão integral (argh!...)
ResponderEliminarbeijo
Pior ainda é quando pagamos um balúrdio e somos mal servidos...
ResponderEliminarJokas
Ai a culpa e' minha??? Como se falasses pouquinho tu tambem :) iihihih
ResponderEliminarO Victor nao deixa de ser "estranho"... Come abacaxi pela sua dependencia de acucar? Eu como abacaxi quando enjoo de tanto doce! :)
Como sempre, chiquerrima! Fato de linho, lenco de seda, relogio estilosissimo... e um sorrinho amarelo! Tsc.. :)
"we'll always be together however odd it seems..." - ficavos muito bem a musica :)
Teresa, fiquei deliciada com este post... Saber dedicar-se a ritos ou vícios tão simpáticos quanto este são desejos de todos nós. Confesso que sou assim, mas ainda dentro de um outro escalão que pretendo vir a melhorar. E a banda sonora está divinal, ainda há dias pensei nesta mesma música.
ResponderEliminarOlá Teresa. Confesso que não sou adepta de restaurantes tão caros,mas talvez se deva ao facto de não ser um bom garfo...
ResponderEliminarObrigada pelo teu comentário.
Se amas a arte e tudo o que é belo,não deixes de visitar essa cidade encantadora onde parece que o tempo parou.
Beijinhos e bom fds.
Nós por aqui também gostamos de peixe cru... Miauuu.
ResponderEliminarObrigada pela visita :)
Ah, e as "miúdas" são lindas!
Ainda bem que não ou muito fã de abacaxi. Isso é uma castia.
ResponderEliminarFour dishes? Porque é que eu não te estou a ver a devorar 4 pratos?
Beijos
Alf,
ResponderEliminarE se houver recarreganç~no gelo faz-se com número par, para o cômputo continuar a ser ímpar... :)
Ainda bem que gostaste da música, eu também a adoro!
Beijo.
Azul,
Deixo o smile em casa? Então tu queres que eu vá para o jantar de trombas?!
Bom, falando a sério, já respondi a essa questão no post anterior, estou finalmente a pôr a escrita em dia, DETESTO não responder a quem tem a delicadeza e a atenção de vir aqui e comentar. Não penso ir ao jantar, mas deixei uma alternativa, depois me dirás. Há aqui um endereço de correio electrónico, manda-me um mail, que eu respondo depois da minha caixa pessoal.
Um beijo.
Maria Eskisita,
ResponderEliminarAgora resolvi chamar-te assim, importas-te?
Mas compensa, quando de repente voltamos a conseguir entrar nas calças ideais que toda a mulher tem no armário, as calças que são o nosso teste...
Não precisas de passar fome, olha que basta não tocares em certas coisas - e o pão é uma delas, integral ou não.
Podes comer toda a carne e peixe que quiseres, desde que só acompanhando com legumes. Batata, arroz ou massas estão proibidos. Trust me, sei o que estou a dizer.
Um beijo e votos de rápidos progressos. Na tua idade o corpo não se ressente de uma dieta drástica.
Rita,
ResponderEliminarMas não foi o caso. Pagámos caro mas valeu a pena, vale sempre. Recomendo-te o restaurante para uma data especial a dois: é que, como o próprio Victor me fez notar, até é extraordinariamente romântico (não é o nosso caso). Tencionamos voltar muitas vezes, apesar do abuso no abacaxi...
Um beijo.
AEnima,
Tu e os teus elogios! :)
E sim, a música é das tais muito especiais para a unidade que eu e o Victor somos como amigos - é uma das nossas músicas... e justamente por causa desse verso que tão bem destacaste. Sabes que ainda hoje é frequente vermos em restaurantes ex-colegas de faculdade (os de liceu não se admiram, sabem como somos) e é impossível não reparar na cara deles, qualquer coisa como "Irra! Trinta anos depois aqueles dois ainda estão sempre colados um ao outro!" Na Católica chamavam-nos "os siameses" - onde estivesse um estava o outro. O Victor teve um período de especial tonteira, a seguir ao fim de um namoro com uma menina que adorava, em que passou a pente fino tudo o que era mulherio na faculdade. Morríamos a rir de ver como todas elas tentavam fazer-se muito minhas amigas, só para estarem mais próximas dele. E não foram poucas as vezes em que, no bar, eu distraía uma para ele, noutro canto, poder combinar coisas com outra...
Beijo enorme.
Wednesday,
ResponderEliminarVão-se os anéis mas ficam os dedos...! E há vícios bem piores!
Quanto à banda sonora, ainda bem que gostaste, eu também adoro. Julgo que se carregares no link consegues fazer download da música. SE não conseguires manda-me um mail, eu envio-ta com o maior prazer!
Um beijo.
Gata Verde,
Praga está de facto nos meus planos a curto prazo, numa viagem que incluirá também Varsóvia e Cracóvia (quero ir a Auschwitz), sei que vou amar.
Quanto a não seres um bom garfo... isso é que é uma pena. Tenho um amigo que diz invejar-me e às pessoas como eu: ir a este ou àquele restaurante não lhe faz a menor diferença. Faz um esforçozinho, compensa. E olha que eu conheço grandes restaurantes a preços baratos. Um deles é bem perto de ti, se quiseres mando-te o endereço. O restaurante é uma piroseira indizível, mas a comida... ah, a comida!!!! E servida com requintes, guardanapo de pano (credo, o ódio que eu tenho a guardanapos de papel!), o prato aquecido, uma boa garrafeira...
Um beijo.
Chat Gris,
ResponderEliminarSabes que uma vez tive um jantar de trabalho no japonês da Bica do Sapato e sobrou uma quantidade razoável de sashimi? Está-se mesmo a ver que ia lá ficar!!! É o ficas!!! Devias ver as pinxejas, adoraram! Fartaram-se de lamber os bigodes!
E sim, são mesmo lindas, não são?
Vou mandar-te um link onde poderás ver muitas fotos delas. Por acaso não me lembro de teres caixa postal no teu blogue, parece-me que não...
Um beijo.
Eskisito,
Estou finalmente a pôr a escrita em dia, querido amigo!
Mas olha que não tem nada de especial, a questão dos quatro pratos: duas entradas e dois pratos, que dividimos sempre. As saladas deles são divinais, nós somos um país que não tem a noção da salada, nas palavras hilariantes do Eça no A Cidade e as Serras.
Aliás o conceito do Asia de Cuba é mesmo esse, que os pratos sejam partilhados.
Promete-me que quando voltares a Londres vais lá com a tua Maria, vão amar!!! Nem que nos outros dias só comam Macdonald's, têm de fazer um jantar especial! E a história de que em Londres se come mal é um mito! Tem restaurantes fabulosos. É preciso é saber escolher, eu e o Victor fazemos a escolha de Zagat em punho, é a nossa Bíblia.
Um beijo.
Ressente-se o cérebro...TENHO FOME!
ResponderEliminarE não me importo nada de ser Maria Eskisita, já levei com o apelido dele de qualquer das formas...e diga-se de passagem, Eskisito é melhor.