John Denver — Whose Garden Was This?
Tenho uma estranha história associada à morte de John Denver, faz hoje dez anos. E não deixa de ser tristemente irónico que uma figura tão enraizada e emblematicamente americana, o homem que cantava as belezas das montanhas do seu Colorado natal (o seu verdadeiro apelido era Deutschendorf, facilitou-nos bastante que se tenha rebaptizado com o nome da capital do estado) tenha morrido precisamente a 12 de Outubro, o Columbus Day.
Certos discos transformaram-se para mim em autênticas obsessões. Algumas dessas obsessões tiveram final feliz, que eu sou teimosa como uma mula das mais obstinadas quando se me mete qualquer coisa na cabeça. Se essa qualquer coisa é um disco muito ambicionado, posso tornar-me quase perigosa.
É certo que continuo a suspirar por Mary, o álbum de estreia a solo de Mary Travers, a Mary dos míticos Peter, Paul & Mary – nunca foi editado em CD, só Deus e a editora saberão por que misteriosa razão. Idem para Bread and Roses, de Judy Collins. Já Madrugada (Melanie) chegou-me às mãos nem sei bem como, que continua sem se encontrar em parte alguma. Tal como Whose Garden Was This, de 1970.
Persegui-o em vão durante um ror de anos. Não havia viagem que fizesse que não me pusesse logo à cata dele (e de outros, é claro), e o Victor fazia outro tanto. Como o diabo do disco nem sequer nos catálogos aparecia, cheguei a perguntar a mim mesma se não seria um produto da minha imaginação.
Um belo dia, lá pela Primavera de 1997, numa das minhas tão corriqueiras idas ao Stone’s, o Pedro Fajardo, que era então o disc-jockey, falou-me de uma lojinha num minúsculo centro comercial junto da Igreja de Nossa Senhora de Fátima que arranjava discos raros. É claro que não tardei a ir lá farejar. E não é que os donos me desencantam Whose Garden Was This no Japão?! Eu nem queria acreditar! Caro, muito caro, é certo – contas feitas, tenho óperas que foram mais baratas, mas eu quis lá saber! Depois de uma tarde passada na lojinha, os dois donos divertidíssimos com o meu entusiasmo fervilhante, saí de lá contente como um pardal e com várias encomendas feitas. Whose Garden Was This era uma delas, avisaram-me de que podia demorar bastante a chegar. De vez em quando, o Paulo telefonava-me com a feliz notícia de que esta ou aquela das minhas encomendas já estava à minha espera.
Penso que foi já no dia 13 de Outubro que vi no telejornal da hora do almoço a notícia da queda do avião em que John Denver seguia. Impressionou-me muito. Agora imaginem como fiquei quando, menos de uma hora depois, o Paulo me telefona e anuncia com voz triunfante: «Teresa, o seu John Denver acaba de chegar, tenho-o à minha frente!!!» Lembro-me de ter engolido em seco, tão perturbadora foi a sensação de aquele disco, que eu em vão tinha procurado durante tantos anos, me chegar finalmente às mãos no dia da morte do autor.
(click to listen)
Mais uma coincidencia macabra.
ResponderEliminarFiquei cheia de curiosidade de conhecer a musica desse senhor, que ate agora ainda so ouvir falar do seu nomem assim muito por alto. Voltarei para ouvir a faixa que aqui puseste, quando estiver sozinha.
Beijo enorme! Estava com tantas saudades de te ler mais amiude :)
Chiça! Esta é daquelas que até arrepia!!
ResponderEliminarCoincidência ou não, é bonito...
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