sábado, 20 de janeiro de 2007

Every Day a Little Death...

O Denny Doherty morreu ontem. Só tinha 66 anos.

Quando recebi o
mail do Victor com a notícia, a primeira coisa que me ocorreu foi este título do Sondheim no A Little Night Music. Mozart e os Beatles são os meus amores inquestionáveis. E depois há os Simon & Garfunkel e os Mamas & Papas.


Já só resta a Michelle. Gostaria de saber pôr música aqui para poder partilhar a música deles que é de todas a minha favorita (sim, ainda mais do que o California Dreaming). Safe in My Garden. Linda, linda... É deste disco, para mim o melhor de todos.

O John era o compositor. O Denny tinha aquela voz magnífica.

R.I.P.


2 comentários:

  1. È uma pena sempre que morre alguém. pelo menos alguém que, de uma forma ou de outra, a gente conhece ou nos impressiona seja pelo que for. Os nossos artistas por exemplo... levamos anos a admirá-los, o seu trabalho, a sabermos coisas sobre eles e as suas vidas, de tal forma que parece até que passam a pertencer ao nosso núcleo de família ou de amigos, digam lá o que disserem um pouquinho dos nossos artistas favoritos pertence-nos. Digo isto com todos os exageros incluídos...rssss. Aliás, tenho duas histórias que ilustram bem o que nos acontece: a primeira passou-se há largos anos. Eu era uma espécie de disc-jockey num espaço situado na cave do Cinema S. José em Cascais, tinha os meus 15 ou 16 anos. Nessa altura admirava imensos artistas mas a Janis Joplin era o expoente máximo da minha admiração. Acontece que um dia entrou uma garota que era a personificação da Janis, o corpo, o rosto, a forma de vestir e até a maneira de falar, não estou a exagerar acreditem!! Ela entrou, sentou-se numa mesa da primeira fila e fitou-me através daqueles óculos redondos com lentes avermelhadas, fiquei extasiado. Pouco depois veio até mim e pediu-me para colocar duas músicas: The Lamb Lies Down On Broadway e "Back In NY" ambas dos Genesis e do mesmo disco, um maravilhoso duplo álbum que adoro. Fiz-lhe a vontade e o sorriso dela encheu o meu coração de felicidade. Pediu-me mais um tema The Houses Of The Holly dos Zeppelin e eu acedi. No final acenou-me um adeus e saiu da mesma forma graciosa como entrara. Isto repetiu-se por mais dois dias e sempre os mesmos temas. No último dois dias bastou ela sentar-se e sorrir que eu coloquei os temas dela a tocar. No final ela subiu até onde eu estava e perguntou-me se me podia dar um beijo ao que eu acedi... foi o mais longo e mais quente beijo que recebi na vida, quando o recordo ainda sinto a boca a arder. Foi assim natural, inesperado e maravilhoso. Depois ela foi embora e nunca mais a vi. Ainda hoje me interrogo se foi a própria Janis que voltou à vida para me beijar ou se era alguém como ela, mas a verdade é que nunca mais a esquecerei enquanto viver.
    A segunda história é um pouco mais engraçada e tem a ver com o meu amigo Peter Frampton. Durante muitos anos fui um admirardor de Peter Frampton, desde os tempos do conhecido àlbum "Frampton Comes Alive", mas nunca tinha tido a oportunidade de assistir a um concerto dele nem de o ver perto. Os anos foram passando e a única imagem que tinha do Peter era a das capas dos discos e da sua música que aprendi a tocar durante a minha formação como guitarrista. Por volta de 1997, já eu jornalista da revista Promúsica, calhou-me em sorte ir entrevistar e finalmente conhecer um dos meus heróis Peter Frampton. Lá fui eufórico, o coração acelarado, imaginando tudo o que queria dizer-lhe etc. Já no hotel mandaram-me entrar para uma sala onde estaria o Peter... a imagem que eu tinha dele datava dos anos 70, um jovem de olhos azúis e longa cabeleira loira com os cabelos encaracolados... na sala estava agora um sugeito magro com uma camisa aos quadrados por cima de uma T-shirt branca, calças de ganga e ténis. O cabelo cortado muito curto e apenas os olhos azúis eram os do Peter que eu conhecia. Ao ver a minha expressão de surpresa ele disse-me: "Olá sou o Peter Frampton e os anos também passam para mim..." rimos imenso, conversámos, fiz a entrevista e ficámos amigos até hoje.
    Tudo isto querida Teresa para dizer que os nossos artistas envelhecem e morrem fisicamente, mas o seu legado permanece jovem nos nossos corações e nos de todos aqueles que através de nós recebem esse mesmo legado. Os Mamas & Papas viverão para sempre pois o seu legado é único e intemporaral enquanto alguém perguntar parafraseando o tema de Frampton: "Do You Feel Like I Do"
    Beijos

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  2. ... E alguém responder (como eu): I DO!!

    Poderia citar uma frase de uma musiquinha menor (para o nosso gosto exigente - e pode haver outro?) que music was my first love... and it will be my last. Por acaso o meu primeiro amor até foram os livros, mas a música veio logo a seguir. Era eu bem miudinha, cinco anos. O primeiro livro que li foram as "Memórias de Um Burro" - o que eu chorei por causa daquele Cadichon! Por essa época os meus primos crescidos foram a Londres e compraram o Help dos Beatles - o álbum! Cá vendiam-se mais os singles e os EPs. E lembro-me de ficar fascinada com aquela coisa tão primitiva de o som baixar de volume no fim da faixa. Desse disco, a que lembro melhor dessa época é o Yesterday, que está a galáxias de ser uma das minhas preferidas. Mas ficou a ternura.

    Janis Joplin... Freedom's just another way for nothing left to lose.... Adorei a história, poderia contar-lhe da sólida amizade nascida em música com disc-jockeys que passaram pelo meu querido Stone's, amizades que ainda hoje se mantêm. Quando há pouco fui ver a caixa postal tinha duas mensagens do Pedro Oom. Na noite dos meus 21 anos, lá festejada, o Duarte, o meu empregado favorito, veio avisar-me: "Menina Teresinha - era assim que todos eles me tratavam -, o Pedro manda dizer que esta é só para si." Era aquele obcecante Hier Encore do Aznavour, senhor muito cá das minhas obsessões, ainda hei-de escrever sobre ele. Hier encore, j'avais vingt ans... Poema soberbo. Nunca esqueci o gesto, nunca esqueci a lembrança. Uns tempos mais tarde, à laia de agradecimento, ofereci ao Pedro um disco (importado...) de um senhor que ele não conhecia: Tim Buckley, Goodbye and Hello, sei que sabe do que estou a falar. A namorada dele (hoje e há muitos anos mulher) levou aquilo a mal, veio pedir-me explicações. Como de parva não tinha nada percebeu em menos de dois minutos que não tinha em mim uma rival, passámos a ter a mais cordial das relações. Se eu desatasse a falar do Pedro e de passadas noites do velho Stone's nunca mais me calava. Ele sabia quais eram as minhas músicas. Até Leonard Cohen ele punha para mim! - haverá coisa menos apropriada para uma boîte?! E um certo The Only Living Boy in NY que acabava por tocar sempre... às vezes esvaziando a pista. Mas o Pedro sabia que eu ficava feliz. Porque as noites para mim eram boas exclusivamente em função da música que tocava, e não de quem aparecia ou deixava de aparecer. Se a música fosse a minha música, a noite era boa. Devo-lhe muito, lembro-me de muitas e muitas noites. Nem todas fáceis, mas sempre com música.

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